Todos podemos mudar o destino de uma pessoa. Penso, principalmente, nas crianças e jovens desprovidos de carinho, apoio e orientação. Não há muita gente interessada em ouvir, em aconselhar, em propor iniciativas redentoras.
A juventude não lê. Por isso é que tem dificuldades em se exprimir de forma concatenada. Não sabe interpretar textos. Não sabe escrever.
Sem se qualificar para o trabalho, só poderá ser recrutada para funções desinteressantes, repetitivas, que não exigem grande tirocínio. Mergulham na mesmice e vegetam na mediocridade.
Entretanto, é fácil transformar uma Nação se houver investimento consistente em uma geração. Por que não começar com a primeira infância?
Motivar uma criança a ler com interesse e, não só isso, fazê-la relatar a experiência haurida com a leitura. Incentivá-la a ler mais e também a escrever. A formular o seu projeto de vida. A pensar como será daqui a dez, a vinte, a trinta ou a cinquenta anos.
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Todas as pessoas letradas podem fazer a diferença em relação ao pouco letramento de grande parte da população. Por que não “adotar”, afetivamente, alguém que tenha dificuldades de leitura, de escrita e de compreensão de texto? Por que não dar a chance de alguém crescer, como crescem todos aqueles que saboreiam um bom texto?
Se todos os brasileiros devotassem algumas horas de sua semana para tentar melhorar a performance do discernimento, seríamos em breve outra Nação. O voluntariado é uma experiência exitosa. Por incrível que possa parecer, quem mais tira proveito dele é o próprio voluntário. Pensa-se que suas horas de trabalho gratuito e espontâneo auxiliarão outra pessoa. Mas quem doa é o maior beneficiado.
Esse o relato de quem começou movido por uma vontade de conviver, de experimentar contato com pessoas as quais não conheceria, não fora o voluntariado. Relações amistosas surgem aí e se fortalecem. Afinal, somos todos constituídos da mesma matéria-prima: essa frágil carcaça material, destinada a viver durante algumas décadas, não mais do que isso. Mas um pensamento hipertrofiado, maior do que o mundo, numa dimensão infinita. Este é que se converte na chave propulsora da mais importante revolução humana: a revolução a partir do interesse de um pelo outro, da busca generalizada da felicidade. Não só para mim, mas para todos os humanos. Até porque, o ser humano realmente ético, não se considerará feliz enquanto não for removida a última chaga de infelicidade que acometer outro ser humano. (foto acima: EBC)
JOSÉ RENATO NALINI
É secretário estadual de Educação e desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo.