Vejo com certa inquietação o crescente descompasso entre a escolarização e a realidade que vivenciamos. As mudanças ocorrem com velocidade cada vez maior, mas parece que as últimas décadas de um avanço tecnológico gigantesco nada significaram para quem tem a tarefa de preparar para o futuro. A escola continua tradicionalista e conteudista em um mundo onde a prevalência dos aspectos atitudinais, a capacidade de resolver problemas, trabalhar em equipes e por projetos, ter visão empreendedora e ser inovador e criativo, mediados pelo uso de metodologias ativas são fundamentais para um contínuo aprender a aprender tecnológico. Se estas preocupações, antes, eram importantes, agora são urgentes. Há, hoje, uma quantidade considerável de evidências de que precisamos de pessoas com especializações técnicas e tecnológicas. Formar profissionais generalistas, para áreas que já não existem, ou não existirão em breve, ou, mais grave ainda, encaminhar nossas crianças e jovens para estas formações, pode ser um caminho absolutamente frustrante.
Para justificar nosso alerta observamos, com crescente preocupação, um novo modismo: escolas bilíngues. Estudiosos do descontinuismo, que analisam as mudanças irreversíveis determinadas pela tecnologia, alertam que os tradutores, que já existem gratuitamente em nossos celulares, nos permitirão uma comunicação de alta qualidade e precisão em qualquer língua de forma totalmente interativa em pouco tempo, menos de meia década, possivelmente. Assim, aprender uma nova língua, especificamente, será um gosto pessoal como as artes em geral. Não há, pois, diante desta perspectiva, como justificar o investimento em processos de aprendizagem de idiomas. Ainda mais transformar o quadro curricular para isso. Mas, neste momento, ainda é um diferencial relevante, dirão alguns, provavelmente com argumentos semelhantes aos dos diretores da Kodak, maior fabricante mundial de filmes para máquinas fotográficas, explicando a continuidade da fabricação de seus produtos, desconsiderando a ameaça representada pelas câmeras digitais. A Kodak desapareceu. A necessidade de aprender outro idioma também desaparecerá.
Se quisermos preparar nossos filhos para o futuro teremos que considerar muitos aspectos da educação profissional como parte de sua formação, abandonando a perspectiva academicista e bacharelesca que impera em nossas escolas. Não estamos, de modo nenhum, desconsiderando a cultura geral, o domínio das linguagens e das ciências, mas isto só será um agente transformador se for apresentado a partir de propostas metodológicas que incentivem processos atitudinais desde o ensino fundamental. Insistir na retenção de conteúdos focando apenas em um bom desempenho no vestibular pode ser uma via que não assegurará a formação que a realidade tecnológica está nos impondo.
Em 10 anos, menos tempo do que uma criança terá para completar a educação básica, mais da metade das profissões atuais podem desaparecer. Inúmeros paradigmas serão quebrados. Os computadores poderão ser quânticos tornando obsoletos tudo o que foi projetado para os atuais sistemas binários. A inteligência artificial integrará nossas vidas. Quais serão, então, as profissões do futuro? Para que mundo deveríamos preparar nossas crianças de hoje? Enquanto estas incertezas existirem será que a escola tradicional é a melhor opção? Matérias e deveres de casa ou pesquisas e projetos? Ou, talvez, esteja na hora de voltar nossos olhos para as formações características da educação profissional, aprender a fazer fazendo com foco na aprendizagem significativa, vencendo um preconceito de séculos na educação brasileira. O tempo dirá, mas então pode ser tarde demais.(Foto: ladislexia.net)
FERNANDO LEME DO PRADO
Educador
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