E a Semana Santa se finda sem deixar saudades.

Lentamente chegamos à Páscoa, a data das Datas. Com uma importância maior até que o Natal, para aqueles que creem no cristianismo, devido aos fatos que ali se concretizam e são representados; avaliem que todos nascemos, mas apenas um ressurgiu dos mortos, o que imprime certa distinção na comemoração e importância da data. Mas vamos porque o mundo é um moinho…


Quando nosso vice-presidente diz que a censura imposta aos meios de comunicação, como uma demonstração de falta de bom senso, além da vontade de rir, vem-me à cabeça que nosso ilustre vice desconhece os artistas que compõem o STF. O que se pode esperar, mais, de um grupo de brasileiros que devem defender brasileiros mas não o fazem?

Talvez estejamos vivendo situações de inteiro contrassenso e uma ebulição de e nos poderes instituídos que possibilitem tamanha confusão, mas cerrar opiniões e impedir divulgações é algo impensável numa democracia (é democracia que chama ou já tem outro nome?), em especial quando os fatos a serem bloqueados incidem sobre uma cascata de desmandos e sujeiras de outros momentos épicos do Brasil.

Aparenta que a mais alta esfera de poder de nosso país começa a se desmanchar, como algodão doce: os desentendimentos, descasos e desmandos passam a ser divulgados e vistos como nunca aconteceu. A população se assusta, pelo respeito que se tinha daqueles semi-deuses, mas passa a perceber que santos também têm pés de barro.

E são tendenciosos e falíveis como seo José, aqui da esquina de casa. A diferença entre os magníficos é que eles ganham, e muito bem, para aplicar a lei em todos e para todos e o seo José deveria ser um dos que se fariam protegidos por estes atos. No entanto, seo José é muito honesto; vive dentro da faixa de miserabilidade e não pisa na bola. Acredito ser esta uma grande e boa diferença entre eles.


E NotreDame se acabou em chamas. Triste e dantesco clima se instalou diante da capacidade dos bombeiros em conter as chamas. Vale ressaltar que o fogo não consumiu o telhado, mas a história da humanidade; não chamuscou a França, mas parte da história da cultura de nossa civilização, uma vez que aquele local fora utilizado em casamentos, batizados, sepultamentos de autoridades de reconhecimento universal.

Dizer que abalou os franceses é desconhecer parte do berço da cultura e da civilização; quando não temos noção de importância, fica fácil subdimensionar o valor merecido àquela catedral que acolheu parte de um séquito de governantes que, em alguns momentos da história da humanidade, tiveram poder e glória. Isso é avivar o re-conhecimento de coisas passadas que deram origem ao mundo ocidental.

Agora, também é incomparável como a elite francesa se posicionou diante do ocorrido: cotizações se juntam para a reconstrução da Catedral, de modo a imprimir ritmo e vigor na empreita a se iniciar em muito breve. Semelhante ao exemplo da elite de certa nação tupiniquim, diante da perda do Museu Nacional. Mesma atitude.

As vezes me pego pensando naquela historinha de Deus respondendo porque pôs furacão num país, tsunami em outro, nevasca em outro ainda, e Ele, em sua sabedoria plena e inquestionável olha e apenas diz: mas veja o tipinho de gente que vou por ali. Então…


Tenho notado muitos posts de colegas que usam as redes sociais para expressar sua alta intelectualidade e vez ou outra sou surpreendido com alguns, que mal falam a língua nativa mas que espalham seus olhares ácidos e oportunos (smj) sobre fatos sociais de pequena relevância. Dentre estes fatos está o BBB19, o comentado Big Brother Brasil 19. Realmente não é um Roda Viva (que todo mundo diz que assiste mas a audiência é baixíssima) cujos questionamentos e elucubrações não são para os simples mortais com alfabetismo funcional.

A coisa que me pega é que os detratores do BBB19 deixam de observar fatos que preocupam um povo, com muita propriedade: nesta versão, o que menos se viu foram cenas de sexo ou de pegação, como em versões anteriores, que já começava com ideação sexualizada. Foi bem comedido, talvez pela diversidade mais acentuada e consistente, talvez porque se buscou dar ênfase em outras amostragens. Talvez. Mas foi a versão que mostrou outra mazela nacional: a mulher bebe em demasia. As meninas ali presentes bebiam exagerada e continuamente.

Tido como um traço da juventude atual, aliás juventude que deveria estar se preparando para a vida profissional com maestria, deixa um rastro de falta de domínio e falta de controle diante da droga, uma vez que o álcool, e naquela quantidade e repetição, é uma droga potencialmente nociva e agressiva. Identifiquei semelhança com grupo de universitárias que se embriagam para enfrentar a noite das baladas e acordam como se nada houvera acontecido: o tempo congelou na pré e descongelou no pós-balada.

Desconsiderar o BBB19 é desconsiderar que este fato ocorre em nosso meio e que está a deriva. Aquilo que se atribuía como negativo ao universo masculino jovem foi copiado e reforçado em teor e requinte no universo feminino jovem. E assusta: será isso o tal empoderamento feminino? Será essa a autonomia e liberdade que nossas jovens querem? Beber até perder o controle e acreditar que tudo está bem?

Tristes valores. Pobres ideias. Mas eu, que lido com jovens e adultos que pensam que ainda são jovens, assisti e reconheci vários de meus contatos naqueles cenas patéticas, se não forem tristes e humilhantes. E, por favor, não me digam que é demagogia ou preconceito: é a juventude brasileira se expondo como ela é, sem filtro e sem noção. Pronto, falei.

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Chegamos à Páscoa, novamente.

Tenho grandes recordações da data, de épocas distintas. Começo a rever coisas da infância em que os ovinhos eram escondidos no jardim e que havia marcas de pés de coelhinhos sugerindo o ninho de ovos. Ou na escola, quando fazíamos as orelhas de coelho em cartolina. Ou, já adulto, com presentes mais elaborados.

Mas o espírito da Páscoa, o espírito mesmo, sempre me pegou desprevenido; lembro-me de comentar em sala de aulas sobre o poder da data, o poder do renascer, do reencontrar-se, do reviver, do permitir-se novo, de novo. Esse é o real significado da data. Se Cristo renasceu e nos assegurou que renasceremos, que mais poderemos querer? Então, vamos ajudar: esforcemo-nos por reviver, remodelar o que temos e somos, reinventar outras propostas mais plausíveis, reencontrarmo-nos conosco. Quer renascimento melhor e maior do que o de nos reencontramos, conosco? De nos permitir novos, de novo, sem ser outra vez? Pois bem, essa é a Páscoa, o milagre da Páscoa.

Mas a Páscoa não me chega suave. Foi nela que minha mãe se foi. E mesmo pensando no reencontro e no reviver, dói-me lembrar que ali se estabeleceu a ruptura e a partida. De maneira física, de modo cortante. Porém, com o passar do tempo, atenuam-se as dores e os olhares passam a ser mais perspicazes de modo a facilitar uma outra compreensão e um outro querer. Talvez mais maduro, talvez mais profundo.

Que a Páscoa possa nos trazer o nosso Eu mais profundo para nossa mesa do café e que consigamos dialogar conosco até o final dos tempos. Que possamos nos reinventar, mais sábios e mais íntegros, mais crédulos e mais seguros, com olhares específicos para nossas diferenças. Que consigamos reencontrar-nos. Fortalecidos e amados, ao menos por nós, que lindo seria.

Amo a Páscoa. Ela me permite reencontrar a todos a quem nunca deveria ter me desligado, física ou materialmente. São ressignificações que me ajudam a compreender o meu devido lugar no espaço e tempo que ocupo. Feliz Páscoa.

Façamos da interrupção um caminho novo.

Da queda um passo de dança.

Do medo uma escada.

Do sonho uma ponte, da procura um encontro! (Fernando Pessoa)

Foto: www.itinari.com


Afonso Antonio Machado é docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journalof Sport Psychology. Aluno da FATI.


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