MURO

muro

O muro é um espinho atravessado na garganta dos dois países. E ambos têm argumentos contra e a favor do muro. Têm também forças militares capazes de se confrontar na beirada dele. Uma obra como essa comove boa parte da humanidade. Ele não separa apenas duas nações – separa famílias, escolas, e impossibilita o desenvolvimento cultural. É uma ideia infeliz, mas que tem toda a mídia estatal para defendê-la. Os argumentos mais repetidos são de que o muro aumentará a segurança dos cidadãos, impedindo a entrada de criminosos de todo tipo, de traficantes de drogas e de armas, e de que até impedirá atos de espionagem que coloquem em risco a segurança nacional. A longa muralha de tijolos é intercalada por longas filas de cavaletes enrolados em arame farpado de alto impacto. Pular naquela selva de pontas é ter apenas a chance de um por cento de chegar vivo ao outro lado, isso se o transgressor não levar um tiro de fuzil nas costas. Ou na cabeça.

O número de pessoas que tenta pular o muro é cada vez maior. A pressão contra a emigração é cada vez mais intensa, mas funciona de modo contrário. Homens, mulheres, crianças, velhos, famílias inteiras se arriscam para alcançar o outro lado. É verdade que isso custa a vida de muitos. Os soldados estão instruídos a atirar em qualquer um que queira passar para o outro lado. A reação das pessoas é usar a imaginação para atravessar a fronteira entre os dois países, ora cavando túneis, ora nadando pelos rios das proximidades, ora simplesmente dirigindo carros em alta velocidade contra as cancelas intercaladas no muro.

O mundo acompanha com interesse e preocupação as escaramuças por causa do muro. As duas potências nucleares escaparam de um confronto há pouco tempo. Os comunistas revidam a derrota na crise dos foguetes em Cuba com a construção relâmpago de um muro que divide a cidade de Berlim em duas partes. Os mundos comunista e capitalista se materializam na República Federal da Alemanha e na República Democrática Alemã. Ou melhor, Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental. É o novo foco de Guerra Fria capitaneado de um lado por John Kennedy, presidente americano, e de outro por Nikita Kruschev, o ministro soviético. A população da cidade é pega de surpresa.

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O muro é construído rapidamente e divide ruas pela metade. De uma janela é possível ver o interior da casa da frente. Uma do lado leste, outra do lado oeste. Com uma corda é possível fugir. Até que as janelas do lado oriental sejam seladas com tijolos e cimento. Tentar pular o muro é punido com
um tiro. Túneis são explodidos. Há uma ameaça de as forças soviéticas impedirem o corredor aéreo entre Berlim ocidental e a Alemanha capitalista. Se isso ocorrer, o fim da Segunda Guerra dará início à Terceira. O presidente democrata peita mais uma vez a União Soviética e viaja para Berlim. Junta-se ao chanceler alemão Willy Brandt e faz um discurso na escadaria da prefeitura da cidade onde proclama: “iche bin ein Berliner”. Uma comemoração que durou apenas quatro meses do ano de 1963, quando Kennedy viajou para Dallas, no Texas, e encontrou Lee Harvey Oswald.(Foto:  Ejov Igor/Pexels)

HERÓDOTO BARBEIRO

Heródoto Barbeiro é jornalista do Record News, R7 e Nova Brasil (89.7), além de autor de vários livros de sucesso, tanto destinados ao ensino de História, como para as áreas de jornalismo, mídia training e budismo. Apresentou o Roda Viva da TV Cultura e o Jornal da CBN. Mestre em História pela USP e inscrito na OAB. Acompanhe-o por seu canal no YouTube “Por dentro da Máquina”

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