Semana começou triste com o incêndio que destruiu o Museu Nacional no Rio de Janeiro e que assustou a área cultural de cada cidade deste Brasil por conta de o fato poder se repetir em qualquer lugar. A falta de dedicação para conservação e manutenção deste Museu – que é de responsabilidade do Poder Público, porque é dele que sai a verba para sua existência – demanda há anos, pois sempre se alertou para a falta de recursos para o mesmo. Interessante como as coisas acontecem nesse Brasil: ninguém assume a culpa pelos fatos, simplesmente porque antes deles acontecerem, ignoram que tudo, absolutamente tudo, precisa de manutenção para poder resistir às intempéries da vida. E o dito Museu fica num prédio que existe desde o início do século XIX e que abrigou a família imperial precisaria de manutenção para sobreviver. Não teve, foi esquecido, suas paredes estavam condenadas, salas estavam fechadas por conta de riscos há mais de 20 anos, ao invés de se recuperá-las para visitação.
Nenhum governante se preocupou com isso, os recursos foram diminuindo a cada ano, principalmente depois que o Brasil se transformou em sede da Copa do Mundo de 2014 e o Rio de Janeiro em sede das Olimpíadas de 2016. Pior que os 7 a 1 da Alemanha fica a lembrança de que o Governo investiu bilhões em obras para construção de estádios e acomodações para delegações olímpicas, enquanto as paredes do Museu pediam socorro e ninguém ouviu!
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Pior ainda que os bilhões investidos estão as obras que jamais foram concluídas e a Copa já foi realizada há mais de quatro anos. Pena que a mídia nunca se preocupou muito com a falta de ação dos governantes, com relação à segurança de prédios históricos. Isto só acontece quando o incêndio destrói o que ali existia. E ali, no Museu Nacional do Rio de Janeiro, existia parte da história de nosso País, parte da história universal, que o Poder Público brasileiro simplesmente ignorou. Agora, ficar buscando culpados, é absolutamente desnecessário. Até porque fica evidente onde estão eles: são os governantes que preferem investir em algo que lhes coloque em evidência. Até mesmo fazer um passeio até o Museu do Louvre, em Paris, e chamar a imprensa brasileira para cobrir. Bonitinho, mas lamentável, porque nunca visitaram o Museu Nacional e nem o farão agora. Apenas depois de sua reconstrução, o que deve demorar uma eternidade, porque ele não será mais como antes!(Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
NELSON MANZATTO
Jornalista profissional diplomado, tendo trabalhado no Jornal da Cidade de Jundiaí, Diário do Povo de Campinas, Jornal de Domingo de Campinas, Diário Popular de São Paulo e Jornal de Jundiaí. Foi editor-chefe dos jornais Diário do Povo, Jornal de Domingo e Jornal de Jundiaí e sempre trabalhou nas editorias de Política e Economia. Também trabalhou em Assessoria de Imprensa. É membro da Academia Jundiaiense de Letras e tem quatro livros publicados: Surfistas Ferroviários ou a História de Luzinete (Vencedor de Concurso Literário), Contos e Crônicas de Natal (com cinco textos premiados), Momentos e No meu tempo de Criança. Mantém um blog literário: blogdonelsonmanzatto.blogspot.com