Feliz por receber contato de meus leitores. Não é a felicidade de saber que um número X de pessoas estejam atentas ao que escrevo. Não tenho a pretensa ingenuidade de ser lido pelo Brasil, mas feliz pela interatividade, coisa que é típica deste tipo de comunicação. Feliz também de saber que meus escritos são consumidos por pessoas inteligentes. Bom que seja assim. Estes artigos não servem para amebas. Bem, desta vez dois leitores amigos se prestaram a corrigir um engano que eu cometi: não se tratou de um campeonato qualquer, foi uma Copa do Mundo. E não foi sub 20, mas sub 17.

Desta maneira, ao ser alertado de meu engano, apenas reporto-me a quem vier a ler esta crônica, que a situação é pior: quanto mais novo, mais explorado. A vulnerabilidade é maior, em especial pelo nível de liberdade de ação que estes jovens não têm. Eles são objeto de manobra de agenciadores pouco preocupados com seu futuro, enquanto cidadão.

As famílias destes jovens promissores talentos estão mais preocupadas em viver o tal aqui e o agora, sem se darem contas de das necessidades básicas e de desenvolvimentos a que seus filhos estão necessitando. E assim as coisas vão caminhando: uns explorando daqui, outros iludindo dali e alguns poucos na toada honesta e séria. Segue, desta maneira, o primeiro reparo de meu deslize, mas segue junto o agravamento devido a faixa etária, situação já discutida em outros momentos, nesta coluna.

A outra observação que me fora feita, diz respeito a morte do Gugu Liberato. A colega me pergunta se eu não fui muito duro em minhas observações e se não seria possível enxergar a comoção como algo próprio na morte de um líder. A resposta é: líder? Líder de quem e em que tipo de liderança. Trata-se de um astro da TV e como tal sua atuação está restrita aos seus seguidores. Claro, está, então, que aquele milhar de artistas que exultou ou se debulhou em lágrimas, naquele acontecimento, oportunamente pegou carona na morte de um artista, que seria divulgada em rede nacional.

Mais: significa que muitos dos impactados midiaticamente pouco tinham conhecimento ou contato com Augusto Liberato; esta postura é comum em situação semelhante, quando a mídia tem participação direta. A exploração da imagem e da mensagem são por demais conhecidas pela Psicologia da Propaganda: atrás do carro chefe passam inúmeros outros elementos que, de uma maneira ou de outra,buscam seu espaço para se perpetuar.

Se o caso não for de perpetuação, ele atende a dois outros motivos: voltar ao foco ou ampliar a visibilidade desgastada. É uma forma de mostrar ao descuidado que a pessoa comovida se preocupa com a humanização da cena. Só que não é bem assim: passado aquele instante, volta-se ao normal. Ao estado anterior de vida. Muito comum esta atitude entre os mais simples dos mortais, por exemplo, nós mesmos que nos condoemos e sofremos por coisas que não nos dizem respeito, mas que nosso “instinto humano e cristão” nos leva a determinadas posturas das quais viremos a nos arrepender, num outro momento. Feita, também, esta correção.

E agora vamos para o Natal. A TV aberta tem sido mais cautelosa nos comerciais e mais atenta às linguagem subliminares que estão divulgando; nestas percebemos a diversidade bem empregada e bem demonstrada. Mas, na realidade, na vida real, estamos num momento de crise; a pobreza cada vez mais forte e firme e a riqueza cada vez mais escancarada e debochada (talvez como nunca tenhamos visto antes).

Não se trata de luta do socialismo versus capitalismo, políticos de plantão. Trata-se de olhar enviesado que trazemos para aquilo que nos diz respeito. Quem disse que tenho que gastar R$350 num presente, senão não é presente adequado? Onde está escrito esta lei? Ou esta pérola? E como lidar com o imaginário infantil, povoando a casa e a ceia natalina de artigos e coisas que só vemos no hemisfério norte?

O Natal com neve, não, isso não nos pertence…os gorros de lá, as galochas e as renas estão distante de nossas crianças, que são levadas a crer em algo impossível de termos. Ah…mas elas são crianças! Sim, elas são crianças mas não são idiotas. Tratar dos sonhos possíveis de serem realizados faz parte do ensinamento para a vida real. Entretanto sinto que este discurso é muito inglório, em especial porque cada um educa (???) seu filho como bem achar adequado, desde que não se pergunte no futuro onde foi que errou. Quanto mais próximo do real sociocultural, mas centrado e adequado estaremos. Vale a dica.

A carne está muito barata e até o ovo começa a abaixar o preço. Será que desta vez estes preços foram alavancados pela chuva (de mais ou de menos)? Kkkkkkk…Já perguntou o poeta Renato Russo: que país é esse? Mas não há motivo para preocupação: nossa Educação é uma das melhores do Mundo; nossa Saúde é exemplo e referência; nossa Segurança é eficaz. Então, por que não pagar um pouquinho a mais pela alimentação? E a pergunta é insistente: que país é esse, meu Deus?

Penso que as vezes a panfletagem é necessária; diante de tantos descasos, de tantos desmandos, sinto falta de um louco reacionário que tente por as coisas no seu lugar. É bandido que não está preso, é médico que não atende, é ministro que tripudia de seus poderes, é funcionário publico que atende mal, é indústria privada que sonega impostos, enfim, uma sequencia sem fim de desarranjos que aniquilam as melhores intenções das melhores pessoas.

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E estas, ainda assim, insistem na honestidade. Vivi um exemplo de muita revolta esta semana, ao estacionar meu carro numa vaga para deficientes. Coloquei meu cartão no para-brisa, desci do carro e notei um carro atrás do meu. A motorista me chamou, educadamente e disse: moço, esta vaga é bem na porta do shopping e é para deficiente físico; ao que eu respondi, sim, meu caso.

Ela me contra argumenta: você se incomodaria de estacionar em outra vaga e deixar eu por meu carro ai? Estou com um salto muito alto e não queria estragá-lo no calçamento. Está bom para vocês? Pois fiquem bem… Pensei em anotar a placa e divulgar, mas minha dor de cabeça seria maior do que a dor de consciência dessa digníssima senhora. Não vale a pena. Mas está ai. É por isso que eu luto, por acreditar em igualdades e diversidades inteligentes e criativas. Não serve para amebas.(Foto: www.abc.com.py)


Afonso Antonio Machado é docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology. Aluno da FATI.


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