Sempre gostei muito do período natalino, das luzinhas coloridas, das árvores, das guirlandas, da culinária típica. Mas de uns tempos para cá essa época do ano está me trazendo um sentimento bem diferente: o estresse. Realmente, não sei quando isso começou, mas o que era para ser um momento de pura ternura, de convivência familiar e harmonia entre as pessoas ao som do Jingle Bells, se transformou num verdadeiro MMA comercial. E nem o boníssimo Papai Noel conseguiu se safar dessa moagem.
Não gosto de ser saudosista, mas na minha época de criança o bom velhinho era rechonchudo, bochechas coradas, barba branquinha e comprida e nem suava, mesmo trajando aquela roupa vermelha de lã em pleno verão tropical. Era uma felicidade ser abraçada por ele, ganhar um beijo e até uma balinha, tudo na maior inocência. E na véspera do dia 25 a gente sabia que vinha um presente especial. Hoje, Papai Noel não vem do Polo Norte, mas do SPA. Está mais magro. Certamente deve estar de dieta, ou virou vegano, e com certeza abandonou as rabanadas por causa do colesterol.
Mas isso não faz a mínima diferença, já que as crianças de hoje nem notam. Estão mais entretidas com seus celulares e são capazes de brigar com o Papai Noel caso tenham de interromper a navegação na internet para receber um abraço do bom velhinho. Aliás, muitas nem acreditam mais nesse personagem, preferem seguir seus ídolos pelo Instagram. Uma pena, mas num futuro próximo acho que Papai Noel corre o risco de engrossar a fila do desemprego ou da aposentadoria. Não sei qual a pior.
Já o cidadão comum passa por perrengues piores nesta época. Basta ir ao shopping ou ao supermercado para perceber que o mundo enlouqueceu. Estacionamentos lotados, corredores abarrotados, briga pelo melhor pedaço de pernil, busca desenfreada pelas frutas secas, pelos espumantes… Deus do céu cadê a uva passa e o salsão!! Depois de encher o carrinho você descobre que a fila do caixa serpenteia mais que uma anaconda. Nessa hora só resta respirar fundo, abrir a carteira e deixar boa parte do 13º na mão da operadora. E rezar para sobrar alguns caraminguás…
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Pensa que acabou? Ledo engano. Em algum momento você vai ouvir aquela conversa que começa sempre assim: “onde você vai passar o Natal? Esse ano a ceia vai ser em casa.” Aí você pede ao anjo da guarda uma ajuda para achar uma boa desculpa para recusar, de forma educada, o convite indesejado. O chato é quando a pessoa insiste e derruba todas as suas justificativas e você se vê obrigado da dar uma “passadinha” na festa dela para não perder a amizade. E de “passadinha” em “passadinha” você vira um nômade, entrando e saindo de várias festas e não aproveitando nenhuma. Quer mais estresse que isso? Lembre-se do amigo secreto, das vezes em que se preocupou em comprar um presente bem legal e em troca ganhou uma caneta Bic.
Por essas e tantas outras situações irritantes, torço para que esse período natalino seja rápido e indolor, pois não há panetone Bauducco que consiga evitar a taquicardia típica de quem se vê envolvido nesse redemoinho. E quando você acha que sobreviveu a tudo isso sem enlouquecer, é obrigado a encarar o próximo desafio, que chega acompanhado daquela conhecida trilha sonora: “adeus ano velho, feliz ano novo”… Aí, bateu a deprê.(Foto acima: ptmedbook.com)
VÂNIA ROSÃO
Formada em jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Trabalhou em jornal diário, revista, rádio e agora aventura-se na internet.