Então o Natal chegou para nos lembrar que com tempos difíceis ou não a vida continua. Não foram poucas as más notícias nestes últimos meses, assim como não tem sido fácil superar perdas de toda ordem, mudanças no nosso modo de vida, distanciamentos e restrições, mas, com tropeços e solavancos, resistimos. Uma palavra define esta teimosia em continuar aguentando todos os desafios que nos têm sido impostos: resiliência.
Como seguir adiante com toda a sobrecarga física e emocional que temos que suportar a cada dia? Lenta e gradualmente vamos formando esta carapaça que nos ajuda a enfrentar as dificuldades externas e internas no nosso cotidiano. De tempos em tempos refletimos sobre como anda a nossa vida e o Natal tem este mérito de promover os reencontros.
Não pelos estereótipos característicos do apelo comercial que envolve a data nem pela perspectiva de que as pessoas se tornem melhores graças ao espírito natalino, mas pela redução das atividades regulares e as comemorações que têm permitido rever as pessoas e restabelecer nossos laços com elas. “Saúde e alegrias” tem sido minha saudação regular nesses reencontros e brindes, pois é isto o que realmente desejo. Se estivermos saudáveis e felizes, dentro do possível, estaremos mais dispostos a conviver com as inevitáveis adversidades que nos são impostas.
Viver bem consigo mesmo não é tarefa para principiantes ou amadores. Requer uma dose considerável de desprendimento e adaptabilidade, pois nem todos, talvez a maioria, tem o bom senso como princípio, rendendo-se ao egocentrismo que costuma nos caracterizar. Ser capaz de se colocar no lugar dos outros e, muitas vezes, de cuidar de quem cuida, são tarefas inalcançáveis, pois precisaríamos tirar os olhos de nossos umbigos para levantar a cabeça e ver o que está à nossa volta.
Não pretendo que este texto possa parecer como um chamamento aos homens de boa vontade, mas uma breve reflexão sobre como o nosso comportamento interfere na vida dos outros e como conviver de modo saudável e alegre com todos aqueles que, direta ou indiretamente, participam dessa aventura diária lembrando sempre que não estamos ficando mais jovens.
Agradeço a cada um dos que me acompanharam no espaço que este periódico proporciona e apresento meus votos de um Feliz Natal.(Foto: Freepik)
FERNANDO LEME DO PRADO
É educador
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