Nem só DINHEIRO

O presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Conselheiro Sidney Beraldo, promoveu um encontro muito interessante no Palácio dos Bandeirantes. Chamou de “Semear”, para disseminar as boas práticas na educação, principalmente aquelas desenvolvidas no âmbito dos municípios. Iniciou sua fala com uma observação interessante. Nem sempre o investimento de recursos financeiros no ensino conseguem os melhores resultados. Exemplificou com municípios que investiram 26% do orçamento em educação e obtiveram índice no IDEB (avaliação nacional de desempenho do aluno) igual a 8. Já um município que investiu 34% só obteve 5. Nem só dinheiro entra nesta conta.


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O que vale é a qualidade do gasto, não o seu montante. Um município como Dumont aplicou cerca de R$ 2.500 por aluno/ano e chegou ao nível 8 no IDEB. Enquanto outro que investiu R$ 10 mil chegou a 5,3. Por isso é que se mostra urgente evidenciar o que leva cidades que lutam com idênticas dificuldades, todas atravessando fase muito difícil na policrise brasileira, a um quadro de tamanha desigualdade nos seus números finais.

O essencial é uma gestão inteligente. Gestão que parta de um verdadeiro afeto pelo ensino. É insuficiente reservar bom orçamento, boa estrutura e demais aportes materiais se não houver uma substanciosa carga afetiva.


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Aquilo que a educação mais necessita é de carinho, de respeito e também de consideração. Não se chegará ao bom termo se não existir devotamento. Por isso é que escolas vulneráveis, a despeito de todas as vicissitudes, produzem excelentes frutos. São professores vocacionados, diretores atentos, pais extremosos e dedicados, que não se descuidam do aprendizado dos seus filhos.

É milagrosa a intercessão da família junto à escola pública. Se a família estiver junto, o sucesso é garantido. E não há de se ter pressa. Educação é projeto demorado. Quem quer fazer rápido faz sozinho. Mas para ir longe, é preciso ir junto. A união de todas as pessoas de boa vontade é capaz de converter a escola pública no nicho de excelência que todos almejamos. E todos temos direito de almejar.

 

DINHEIROJOSÉ RENATO NALINI
É secretário estadual de Educação e desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo.