Sempre me surpreendo com coisas que acontecem aleatoriamente, talvez por esperar que fossem óbvias, mesmo sabendo que o óbvio é uma questão de ponto de vista, sofrendo as nuances que cada um de nós imprime aos seus contextos. Mas, esta semana fomos surpreendidos com uma “influencer” e sua filha presenteando crianças negras com macaquinhos de pelúcia e bananas. Nonsense. Nada a declarar, afinal…são “influencers” e até se sentem notórias.
Diante disso, não há lei que seja fortemente aplicada que atinja alguém que não tem percepção de espaço e de significado, visto que a criminosa (porque racismo é crime) deve se sentir acima do bem e do mal, em especial porque é “influencer”. Que tristeza e quanta ignorância, no meio de tanta maldade e tristeza.
Já havia comentado, momentos anteriores, que eu não acreditava que teríamos avanço qualitativo no respeito humano, após a pandemia; sempre bati na tecla que não haveria melhora em nossas relações humanas e que acreditava, até, que pioraríamos, uma vez que tentaríamos viver mais intensamente, para aproveitar o tempo de isolamento. Está ai: em função de voarmos no tempo, nossas relações deterioram e se degradam, como se houvéssemos perdido algum elo da corrente e não conseguíssemos emendar nem fortalecê-la.
E, surpreendentemente, somos pegos de surpresa também nonsense: nosso presidente amplia o discurso de inocência do Maduro, pessoa criminalizada pelo resto do mundo por seus atos não humanitários e por sua crueldade na republiqueta em que é mandatário. Minha indignação só cresce porque meus amigos, altamente politizados e apaixonados pelo presidente, não se manifestam. É como se suas palavras fossem versículos bíblicos e tivessem poder de converter o mal em bem e o cruel em agradável. Que tipo de anestesiamento é esse? O que acontece para que as pessoas sensatas percam sua sensatez e não enxerguem atos de desmando e de total descabimento moral?
Não se trata de partido político, mas de atos inconsistentes e frágeis, se não dúbios e igualmente criminosos, ao encobrir uma barbárie e um sofrimento de uma nação, como se não houvesse acontecido nada e como se o culpado fosse o demônio, o terrível ‘belzebu’. Estamos diante de uma crise de humanidade agravada por uma crise de consciência (ou de falta dela).
Avançando vemos a gripe se estender pelo estado e pelo país, com a chegada de temperaturas mais baixas e com ondas de frio que se intercalam, semanalmente. E as vacinas estão esperando pessoas que as queiram se prevenir, em especial, quando vemos que os ambulatórios hospitalares estão lotados de adultos e crianças que buscam por um alívio imediato, diante das crises respiratórias. Mas como moramos num país que desacredita da Ciência, pois tudo é arma da esquerda ou de forças ocultas, elas ficarão nas geladeiras e prateleiras, pois a população se nega a ser vacinada. Puro nonsense…
Que falta de conhecimento e excesso de imprudência faz com que descuidemos de nos cuidar e deixemos que a saúde fique fragilizada, apenas para demonstrar que temos opinião e que somos radicais!!! Enxergo como excesso de ignorância e excesso de crença numa conspiração absurda que assola o país, desde inicio do governo federal passado, quando o negacionismo tomou corpo e cresceu, com um ímpeto nunca antes observado em nosso país. Entretanto, percebe-se que a juventude aderiu a este propósito e parece convicta que a vacina vá transformá-la num ser alienígena indefesa. Pobre fragilidade.
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AINDA BEM QUE É SÓ NA ESPANHA…
ASSIM FLUTUA NOSSO ESTADO DE HUMOR
Sim, claro… não vou nem comentar sobre o preço do combustível. Baixa por cinco dias, pois era preciso esperar a chegada dos caminhões-tanques para que o preço fosse recalculado. E sobe, logo em seguida, acabando com a alegria dos usuários de combustível pois o ICMS caiu. Quem diria que estaríamos a mercê de tantos impostos e tanta volatilidade. Nenhuma montanha-russa se compara aos “loopings” a que estamos sujeitos diante dos critérios políticos a que estamos sujeitos.
Entendo que seja muito difícil ser brasileiro. E mais difícil ainda viver como tal. Não temos parâmetros para nada, em especial quando pensamos em moralidade e decência, visto que nenhuma das regras ou esboço delas seja suficientemente claros ou plausíveis para direcionar por um caminho menos contaminado por surpresas e mais seguro. Aliás, segurança? O que é segurança numa terra de nonsense?(Foto: Reprodução)
AFONSO ANTÔNIO MACHADO
É docente e coordenador do Lepespe, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da Unesp. Mestre e Doutor pela Unicamp, livre docente em Psicologia do Esporte, pela Unesp, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology. Diretor técnico da Clínica de Psicologia da Faculdade de Psicologia Anhanguera, onde leciona na graduação.
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