Vamos trabalhar por assunto. Bem dividido, bem facetado, mas bem profundo. Nada que posso tirar o foco e nem possibilitar que balbúrdia de arruaceiros venha a cobrir os fatos que mereçam destaques. Lógico que ai está a primeira alusão à semana, onde os fatos políticos serviram para que perdêssemos de vista aquilo que mais nos preocupa no momento: nossa saúde, todo tipo de saúde. A saúde do país. A abençoada vacina que teria para todos e agora tem somente para alguns, uma vez que elas não chegam para suprir a demanda.
Esta cobertura ocasionada por fatos que pululavam em nossas mídias de comunicação é suficiente para que nossos pensamentos se desviem e deixem de observar os aumentos criminosos de combustível, as ausências ao trabalho de grandes mandatários e as baladas e pancadões, aos finais de semana, sem a ação de quem pode inibi-los. Uma grande cortina de fumaça que desvia nossos olhares do foco de atenção.
1ª etapa: venho percebendo que aumenta o número de leitores às minha crônicas. E, com este aumento, minha responsabilidade cresce, porque preciso elaborar melhor minhas ideias e colocar para fora minhas análises, que nem sempre são bem aceitas por todos. Isso me deixa feliz, porque ser consenso é sinal de que algo não vai bem: agradar a todos é sinal de mediocridade.
Entretanto, preocupa-me a maneira como fazem críticas. Não pela falta de fundamentação, nem por falta de critério, mas pela grosseria. Ser grosseiro é tentar amedrontar, calar, silenciar, porém não me preocupa. Apenas coloco que, diante de meu espaço conquistado, admito muitas coisas, menos o desrespeito. Criticar com seriedade e sobriedade é enriquecedor, mas ser grosseiro e ameaçador é doentio e agressivo. Merece olhares diferenciados e cautelosos, porém não passará em branco. Espere.
2ª etapa: Da série surrealismo no Estado de São Paulo, agora entramos na fase de esperar o contra-ataque de nosso governador que estuda projeto para descontar 20% do salário do funcionalismo, inclusive dos aposentados. Claro que não há lógica e é preciso saber se há base legal para tremendo assalto; mas são rumores que se concretizam, quando pensamos que o estudo sobre descontos do salário dos aposentados se tornaram realidade, num passado recentíssimo.
Porém, um grande número de paulistas acha que funcionário público é alguém desclassificado e outra grande parte de paulistas acha que esse será o salvador da pátria nas eleições de 2022. Os lúcidos apenas olham com muita reserva e medo, diante de tamanhas façanhas de um surrealismo que faria Salvador Dalí parecer um menininho de pré-escola. Quem sobreviver verá.
3ª etapa: e o BBB surpreende aos estudiosos de Psicologia Social, Psicologia Comportamental, Psiquiatria, com suas questões peculiares. Claro que esta terceira etapa é de interesse de quem assiste aquele programa da emissora lixo. Porém vemos dois grandes fenômenos sociais, oriundos da interferência de meios de comunicação: a cópia.
Olhem a sua volta e verifiquem o numero de jovens e adultos jovens que passaram a adotar as bandanas como parte integrante do visual. As bandanas foram lançadas pelos hippies, em meados dos anos 60, voltaram às indumentárias femininas pela cabeça de modelos internacionais na década de 80 e, agora, pelos “artistas” e “influencers” do BBB. E a moda pegou, apesar de ninguém assistir ao programa da emissora lixo. Que coisa não? A outra questão merece um destaque maior: a expressão ‘lugar de fala’.
4ª etapa: Que caramba é este ‘lugar de fala’? Será que sempre que Lumena fala em ‘lugar de fala’, ela tem propriedade deste lugar ou desta fala? O verdadeiro lugar de fala abre espaço para que diversas vozes sejam ouvidas e levadas a sério, trazendo a consciência do papel do indivíduo nas lutas e apontando para seu protagonismo, sua militância no cenário de discussão.
Engana-se quem pensa que apenas negros, pretos, amarelos, marrons, gays, pobres, minorias tenham lugar de fala. Ledo engano. Lugar de fala é própria dos menos ouvidos, mas de todo o segmento social existente; ele dá condições estruturais para que seja ouvido, que se abandone o lugar silenciado. Isso leva a entender que não serve para calar, como quer nossa psicóloga televisiva; aliás, o lugar de fala possibilita a visibilidade dos que foram silenciados, dona Lumena…não venha inverter a ordem das coisas nem a criar uma sociedade que só existe em seu imaginário. Como faz falta uma boa leitura e uma formação consistente, não?
5ª etapa: Será que carece falar sobre as vacinas? Antes delas chegarem, seriam distribuídas aos montes, com regras. Após o início do plano de vacinação, as regras foram sendo elaboradas, com cada município dando suas prioridades e criando suas próprias necessidades. Algumas já vacinaram até os biólogos, como agentes da saúde. Outras ainda engatinham nos idosos de 85 anos. Outras promovem uma vacinação para profissionais da saúde, em que as filas eram um amontoado de gente sem distanciamento, que obrigaram aos que assistiam a cena dantesca a pensar se aquilo eram mesmo profissionais da Saúde.
Fica difícil pensar em como colocar a carroça atrás dos bois. Num país em que o poste mija no cachorro e todos aplaudem, como solucionar e equalizar cada questão relevante como esta? É assustador a falta de informações e a falta de preocupação com esta questão vital, em especial porque alguns perderão a primeira dose, visto que a segunda não chega e o prazo se finda. Outros somente terão esperança da primeira dose após junho ou julho. E a ideia é de ser rápido no processo, para que se tenha o maior número de vacinados no menor prazo de tempo.
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Lembram da crônica passada? Há caos na ordem? Há ordem no caos? Como é difícil responder estas questões que falham na base. E o presidente continua aglomerando e aparecendo sem máscaras, quando o Mundo diz que pouco adianta a vacina sem os cuidados básicos. Que tristeza.
6ª etapa: E as aulas começam. Presencial, seja num modelo ou no outro. E com elas, o numero de crianças e jovens infectados começam a crescer. Mas criança precisa ir para a escola. Nesta etapa, não vou comentar. Faça você sua análise e responda para si se as escolas estão realmente preparadas para receber seus filhos. Os professores não estão vacinados, as merendeiras e as ajudantes de limpeza, além dos porteiros e inspetores de alunos, também não receberam as vacinas. O que você acha? A escola está mesmo preparada para receber seu filho? E a nossa saúde? Ou é você que não aguenta mais seu anjinho em casa?
7ª etapa: Armamento. Dispensa comentário.
Em 2021 viveremos mesmo uma quaresma, no sentido cristão da palavra. Período de muita reflexão, recolhimento e tensão. Ainda que tenhamos muita esperança. Que momento difícil. Quanta contradição. Quanta traição. Quanta promessa não cumprida. E quanto puxa-saquismo para sobreviver; a dignidade está envergonhada e a vergonha se esconde. Abençoado Rui Barbosa e suas palavras:
De tanto ver triunfar as nulidades;
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça.
De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar-se da virtude,
a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.(Foto: www.hallocy.com)
AFONSO ANTÔNIO MACHADO
É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology. Aluno da FATI.
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