NOVA POLÍTICA não é negar origens e sim aprimorá-las

NOVA POLÍTICA

Há alguns anos muito se fala sobre nova política, sobre novas figuras neste cenário de descrença e desgaste que nos seriam alternativas positivas. Muito se fala também sobre o outsider, aquele que não é carreirista, e que seria a solução de todos os problemas ao ocupar uma cadeira no poder público. Sobre este assunto, escrevo minha coluna da semana, já que, de alguma forma, minha trajetória como vereador é ainda recente e vejo alguns vícios perigosos ao analisarmos a modernidade que precisamos da forma citada acima e com pouca profundidade. Defendo a nova política como transparência e inovação. Nova política não é negar origens e sim aprimorá-las.

Digo isso porque percebo, pela onda negativa que vivemos diante da corrupção enraizada no País, que para boa parte dos eleitores e dos próprios nomes que se colocam como outsiders, a ‘nova política’ é aquela que despreza a própria política, ou seja, é aquela feita por quem se diz apartidário ou não-político, que promete práticas privadas em setores públicos, que ignora realidade de políticas públicas em andamento. E defendo que não precisamos negar o que já somos ou fingir que não somos políticos para propor a mudança. O que precisamos é de bons políticos, de comprometimento, de responsabilidade sobre o peso de exercer um papel perante a sociedade – e isso, só pessoas de caráter podem garantir, o que não é intrínseco a quem nunca ocupou cargo público, a corrupção, infelizmente, também ocorre no setor privado. Precisamos, portanto, de novos exemplos na política que desmontem a máxima de ‘que todo político não presta’, como dizem.

Essa generalização da classe política é um grande desserviço a um País movido por um sistema presidencialista, que precisa dos poderes, do Congresso, em que leis eficientes já foram conquistadas, apesar de todos os entraves e controvérsias, naturais de qualquer democracia. Claro que precisamos avançar, mas é possível e necessário encontrar meios legítimos para isso, sem desconfigurar o que nem conhecemos, com promessas vazias que também fazem parte da velha política mesmo quando ditas por um outsider. Ao contrário disso, porém, caminhamos cada diz mais para o senso comum que desqualifica quem se esmera por fazer diferente.

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Negar a política ou diminuí-la não resolve nossos problemas por si só, porque precisamos dela. As eleições são uma ferramenta democrática e o direito de escolhermos nossos representantes deve ser aprimorado e não desfeito ou desacreditado. Somente por nossa exigência como eleitor, podemos conseguir bons políticos. Se colocarmos todos no mesmo ‘balaio’, corremos o risco de maquiar a política como brincadeira e eleger quem também não nos leva a sério.

Respeito as distintas trajetórias e os movimentos da política que nos dinamizam, dou boas vindas a quem vem do setor privado, eu mesmo não nasci político, em uma cadeira. O que peço aqui é a reflexão de que o poder público, o cotidiano da administração pública, o funcionamento e seus setores não são como uma empresa. Podemos ter sugestões, novos modelos de gestão a seguir, sem dúvida. Precisamos ser cada vez mais transparentes, eficientes e diminuir a burocratização e lentidão do setor público. Mas temos leis a seguir e é necessária uma disposição por aprender ao sermos eleitos. Temos que entender das engrenagens que desconhecemos até então para propor, da melhor maneira, os novos passos das mudanças, da transição. Com respeito, modificamos o que não funciona bem.

Como presidente da Câmara, tenho percebido o quanto aprendemos sobre as leis que nos regem, sobre o respeito aos funcionários antes de qualquer mudança. Hoje, fala-se muito em terceirizar, acabar, dar fim. Mas há uma série de responsabilidades, fiscalizadas por instituições sérias, que devemos cumprir. A generalização da descrença sobre instituições democráticas cega e não nos deixa os riscos, os zelos e cautelas que devemos ter antes de qualquer medida oportunista. Modernizar e inovar são ações da nova política, mas não aliadas à irresponsabilidade. (Ilustração: inomap.com.br)


FAOUAZ TAHA

É vereador na Câmara de Jundiaí pelo PSDB, eleito pela primeira vez nas eleições de 2016. Tem 30 anos. Atualmente é líder do governo municipal na Casa de Leis, além de presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, Desporto, Lazer e Turismo do Legislativo. Nascido em Jundiaí, Faouaz é formado em Educação Física pela ESEF e tem pós-graduação em Fisiologia do Esporte pela Unifesp. Antes de ser vereador, teve experiência na gestão pública com participação na Secretaria de Esportes


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