Quando criança, aguardava ansioso o final de ano para poder assistir e ouvir esta canção que passava exaustivamente na televisão. Afinal, nessa chamada comemorativa estavam todos os meus ídolos da televisão, os artistas que me acompanharam durante todo o ano (foto acima) e dos quais eu e minha família assistíamos juntos praticamente todos os dias. Eram bons tempos, velhos dias de um velho tempo. Mas esses dias têm um sabor especial na minha vida pois trazem o saudosismo da presença de todos os meus entes e amigos queridos que puderam compartilhar comigo esses momentos. A imagem que fica na minha memória é a de Regina Duarte, Francisco Coco, Tarcísio Meira e Glória Menezes cantando juntos e saudando os novos tempos, um novo dia. Eles ainda estão por aí, nesse novo tempo, atuando em novelas, teatro a encantar novas gerações.
A diferença é que atualmente temos dezenas de canais na televisão e nem sempre conseguimos identificar todos os que aparecem nessa chamada que hoje passa na telinha. Eu mesmo não identifico metade. Será que o “novo tempo” perdeu a sua magia? Ou será que enjoamos dessa propaganda que mostra tanta felicidade no ar quando a gente sabe que a maioria ali quer furar um o olho do outro para poder aparecer mais que todos? É, são novos tempos.
Na minha infância tudo parecia tão pueril, tão inocente e tão mais bonito. De 2016 vou levar muitas lembranças, mas para mim que sou fã de voleibol ficou a imagem que mais me fez chorar este ano: a do neto do técnico da seleção feminina Zé Roberto correndo para abraçar e consolar o avô que tinha acabado de perder o jogo para a China e ser desclassificado da Olimpíada. Foi tocante! E nem mesmo a nossa medalha de ouro no masculino me fez esquecer essa imagem. Mas a vida é mesmo assim, vitórias e derrotas. Pudera só existissem vitórias mas como iríamos aprender a nos respeitar se não fosse dessa forma?
2016 trouxe vitórias – eu gosto de olhar dessa forma. Talvez seja um olhar ingênuo, porém eu o considero um olhar de esperança e otimismo. Na política só temos perdedores e não gosto de escrever sobre isso. Os olhares são tão diferentes. Cada um com uma opinião e ninguém chegando a resultado algum. Ano que vai deixar saudade. Adeus a Ferreira Gullar e a tantos artistas que também marcaram nossas vidas. A princesa Léa – Carrie Fisher – e sua mãe Debbie, que um dia depois de sua morte a seguiu para a eternidade. A música ficou mais triste. O mundo ficou mais triste. Mas os novos tempos prometem alegrias, prometem esperança de que tudo vai melhorar. É sempre assim, não é mesmo?
Por mim, prometo que vou fazer dieta, exercícios, voltar a jogar e blá, blá, blá, blá e blá… Só promessas. O mundo anda cheio de promessas. E a olhar panoramicamente entristeço. Não há nada que possa fazer para melhorar o planeta, a não ser colaborar feito formiguinha. E isso eu faço mesmo. Tento não explodir de indignação quando pessoas sem noção de cidadania estacionam em vagas de idosos ou para deficientes… Tento não gritar um sonoro palavrão com as barbaridades que vejo no trânsito… Tento não ver os que tentam se aproveitar de situações… E apenas rezo.
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Rezo para que melhorem, para que evoluam, para que entendam que esse novo tempo só terá razão quando todos entenderam que “as alegrias serão de todos e é só querer que todos os nossos sonhos serão verdade” e por isso medito, pedindo mesmo e, em certos casos até mesmo implorando que toda essa barbaridade acabe, pois “o futuro já começou” essa festa só vai ser nossa quando realmente entendermos que o principal da vida é o amor, o respeito e a solidariedade. Da Terra nada se leva. A festa que é sua hoje vai ser nossa por toda a eternidade. Basta que nos respeitemos. Afinal, o futuro já começou.
MÁRCIO MARTELLI
Publicitário, editor e escritor. Proprietário da Editora In House que já revelou centenas de escritores na região.