Qual o discurso que você usa para ensinar seu(s) filho(s)? Essa é uma pergunta que dá continuidade aos textos anteriores, pois a nossa primeira escola é a nossa própria casa. É ali que valores morais (principalmente) são adquiridos. Os “por favor”, “dá licença”, “posso ajudar?” brotam no seio familiar, bem como “não pegue o que não é seu”, “não minta”, “pegue o tanto de comida que pretende comer”, “ajude seu amigo com matemática”, “respeite os mais velhos e os professores” entre tantas outras coisas.
Mas, você faz o que ensina? Se não fizer é hipocrisia. É sim! Ou seja, você finge para os seus filhos ser o que não é, pois se fosse, agiria de acordo com suas próprias palavras.
De qualquer forma, a máscara cai em algum momento. Não é possível fingir quem não é 100% do tempo, não é mesmo? O nosso próprio discurso acaba nos traindo. Então, isso nos leva a outras questões, como por exemplo, a coerência.
O que é coerência? Segundo o dicionário: ligação, nexo ou harmonia entre dois fatos ou duas ideias; relação harmônica, conexão.
Essa aprendemos na primeira escola, mas também na segunda escola. Aquela que frequentamos para aprender, matemática, ciências, história, geografia, português, entre tantas outras, e é na última que treinamos a coerência em nossos textos incansavelmente corrigidos pela nossa professora de português, que quanto mais experiente (digo velha mesmo), melhor fala a nossa língua. Coerência – principalmente de discurso – é tudo nessa vida, mesmo se for hipócrita. Exemplos:
– Como ser a favor do aborto e contra a pena de morte?
– Por que brigar na justiça pelo direito de nascer de um potro e ser insensível ao aborto de mulheres?
– Diz que a violência se cura com amor, mas vive cercado de seguranças fortemente armados.
– Reclama dos patrões, mas é contra a remuneração por produtividade.
– Odeia a polícia e é contra o armamento da população.
– Diz que o capitalismo é ruim porque gera pobreza, mas defende o socialismo, o regime dos países mais pobres do mundo.
– Reclama das grandes corporações, mas artistas recebem grandes volumes de dinheiro das mesmas.
– Odeia o capitalismo, mas usa Rolex e adora um IPhone.
– Odeia bancos, mas gostaria que o governo fosse um banco gigantesco, sem concorrência, que sustentasse a população.
– Proclama que a desigualdade social é uma desgraça, mas não mexe no bolso para ajudar os mais necessitados.
– Odeia a “burguesia”, mas se isola em Paris, Nova York e nos melhores bairros das cidades.
– Diz que odeia a discriminação, mas apóia países que matam suas mulheres, fuzilam gays, massacram negros.
– Diz que é a favor da democracia, mas não aceita o resultado de uma eleição.
– É a favor da liberdade de expressão, mas dá piti quando fere seus sentimentos ou vai contra suas idéias.
– Apresenta-se como tolerante, mas é o primeiro a destilar ódio contra os que criticam suas idéias.
– Defende “um mundo melhor”, mas não é capaz de citar um único país socialista que não se tornou uma ditadura e levou o povo à falência moral, social e econômica.
Um bom exemplo desses apontamentos foram dois comentários destacados no jornal Jundiaí Agora(abaixo) sobre o artigo que escrevi há algumas semanas e que tinha a foto do presidente Bolsonaro na capa.
Lembro-me bem de escrever que estava satisfeita por ter encontrado um presidente com quem me alinhava em ideais e já não me sentia mais só, pois ele defendia a família, valores morais, o Brasil, nossas riquezas, mas que não tinha político de estimação. Agora eu estava contente com meu próprio discurso e para mim isso bastava. Dá só uma olhada em dois comentários:
O primeiro comentário veio de um homem. O segundo de uma mulher.
Se eu não dissesse que foram comentários sobre um mesmo artigo, daria para saber, tirando as suas próprias conclusões?
Nem eu mesma acreditei….kkkkkk. A propósito, estou aguardando a réplica até agora.
Muito bom receber comentários e não me importo com crítica, mas está clara na fala da mulher que ela pode falar. Eu não. O discurso dela é apenas um reflexo pálido de um Brasil decadente em educação formal e informal. Eu jamais me referiria a alguém dessa forma por mais que discordasse. Preferiria o meu silêncio ao silêncio dela.
Tolerei por várias eleições ver meu candidato ou partido perder, mas mantive meus valores intactos. Descontente com o rumo do meu país sim, mas nunca torci para que ele perdesse suas batalhas.
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Bem, enfim, dei muitos exemplos para explicar a incoerência no Brasil, onde o discurso não é colocado em prática, e a falência da escola em ensinar como ser coerente, que seria o mínimo, afinal sem leitura e interpretação de textos não respondemos nenhuma questão das outras matérias e pior: somos apenas analfabetos funcionais vagando de emprego em emprego, mal compreendendo o que acontece ao meu redor.
Se tivéssemos uma educação decente, nesses últimos 20 anos, não teríamos caído tanto em leitura e compreensão de texto, fato comprovado nos últimos exames do PISA (comentado em textos anteriores) e não estaríamos tão abaixo da crítica, inclusive em nossos posicionamentos de vida: como ensinamos nossos filhos, como entendemos o mundo ao nosso redor e como tratamos o próximo.
E eu não estou falando de política.
“As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras.”
Friedrich Nietzsche
ELAINE FRANCESCONI
Bacharel em Zootecnia (UNESP Botucatu). Licenciatura em Biologia (Claretiano Campinas). Mestrado (USP Piracicaba) e doutorado (UNICAMP Campinas) em Fisiologia Humana. Professora Universitária e escritora. (Foto principal: www.alemdosmuros.org)
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