PESTE DO OURO

ouro

Os romanos já enfrentavam a desmedida ambição dos homens, chamando-a de “aura sacra fame”(sagrada fome de ouro). Os brasileiros antigos diziam que a tragédia humana se resumia a três barras: a barra do ouro, a barra do rio e a barra da saia. Ou seja: os conflitos e a violência entre os “racionais” são sempre em razão de dinheiro, de posse de terras ou de disputa pelo amor da mulher.

O Brasil de hoje retrocede e convive com a bandidagem, a cada mais armada, que garimpa ilegalmente o ouro na Amazônia. Os filmes de faroeste passaram a ser lendas infantis diante do que acontece naquela área sem lei. A Polícia Federal, que tem se mantido coesa e patriótica, tem imaginação para nomear suas operações. E uma delas foi chamada, com toda a razão, de “Ganância”. Outras duas são “Comando” e “Golden Green”. Visavam o grupo empresarial que, nessa operação criminosa de extração de ouro, faturara mais de dezesseis bilhões de reais entre 2019 e 2021.

A criminalidade está cada vez mais organizada, ao contrário de setores estatais premeditadamente esvaziados ou alvo de desmanche. Por isso, o grupo empresarial se servia de licenças ambientais falsas ou as utilizava como fachada para converter em “legal” o ouro obtido pela delinquência. Muita vez, ao custo de morte de indígenas ou de ambientalistas como se repetiu recentemente.

Poderosa, a empresa delitiva possui seis aviões, quatro embarcações e mais de seiscentos veículos distribuídos numa vasta e eficiente rede ilícita, que se espalha pelo Pará, Goiás, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Acre. Como a busca do lucro ilegal e imoral não tem freios, os aviões que transportavam ouro também levavam drogas nas viagens de volta. Um desses aviões, interceptado em Sorocaba, transportava quase 80 quilos de ouro.

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Espertos e inteligentes, os criminosos injetavam dinheiro em empresas de saúde de Porto Velho, desde 2012. Eram também expertos no uso de criptomoedas e, para disfarçar, recebiam auxílio emergencial.

Que a Justiça tire a venda dos olhos e não se equivoque ao reconhecer prescrições, agindo como Pilatos, que lavou as mãos e deixou sangrar um inocente.(Foto: www.pikist.com)

JOSÉ RENATO NALINI

Desembargador aposentado, reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Presidente da Academia Paulista de Letras.

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