Na rotina de muitas famílias com filhos atípicos, a presença ativa e afetiva dos pais ainda é vista como exceção quando, na verdade, deveria ser a regra. Na APAE de Jundiaí, duas histórias engrandecem esse papel tão essencial: a de Osni Soares da Silva e Eduardo de Oliveira Berion. Homens que, além de cuidadores, são protagonistas no desenvolvimento e na educação de seus filhos.

Osni é pai do Pedro(14 anos/foto ao lado), diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 1 de suporte e disfunção intelectual moderada. Viúvo desde que o filho ainda era pequeno, ele assumiu sozinho as responsabilidades e os cuidados com Pedro, mesmo quando isso causava estranhamento nos outros. “Muitas vezes as pessoas olhavam como se o pai estar à frente dos cuidados fosse uma coisa excepcional, mas entendi meu propósito, com a ajuda de Deus”, conta. Além do Pedro, Osni é pai de Guilherme, Vinicius e Joice, todos adultos.
Há três anos, Pedro frequenta a escola especializada da APAE de Jundiaí, onde vem evoluindo de forma significativa. Mas Osni sabe que cuidar do filho também exige cuidar de si: manter-se ativo, saudável e emocionalmente disponível. Hoje, ele tem o apoio da companheira Luci e de seus outros três filhos na criação do Pedro e a gratidão, diz, é parte deste processo. “A mensagem que quero deixar para os pais é olharem para seus filhos típicos e agradecerem em dobro. E eu, agradeço em dobro por ter sido escolhido como pai do Pedro.”
Já Eduardo se tornou pai jovem, aos 24 anos. Quando Lavínia(ambos na foto principal) tinha dois anos e meio, os primeiros sinais surgiram: um comportamento mais quieto, uma desconexão que chamava atenção. A busca por diagnóstico levou Eduardo e a esposa até a APAE de Jundiaí, onde a família começou a trilhar o caminho do cuidado com amor e informação.
“No começo, a maior dificuldade foi entender o que estava acontecendo. Depois, foi lidar com as consequências emocionais, frustração, culpa, dúvidas. É um processo para todos os envolvidos”, declara. Aos poucos, Eduardo foi descobrindo como se aproximar da filha. “Fui cultivando a atenção da Lavínia a tal ponto de quase ter a preferência diante da mãe”, conta, descontraído.
Mesmo diante dos desafios da rotina e das expectativas sociais, Eduardo não abriu mão de dividir tudo com a esposa, desde o levar e buscar na escola ao envolvimento com as terapias, reuniões e até voluntariado. Ele também lida com os olhares e julgamentos, que ainda colocam os cuidados parentais como “papel de mãe”.
“Já ouvi, no Dia dos Pais, que eu não deveria estar cuidando da minha filha, que deveria descansar. A sociedade ainda minimiza a responsabilidade da figura do pai.” Mas isso nunca foi obstáculo. Pelo contrário: Eduardo vê a paternidade ativa como uma expressão profunda de masculinidade e amor.
“Nunca me senti menos homem por dividir responsabilidades. Me sinto mais homem, porque são poucos que fazem sem preconceito. Isso me fez uma pessoa melhor”, declara Eduardo.
Ambos reforçam que a caminhada com um filho atípico exige mais que presença: exige acolhimento, escuta, paciência e amor incondicional. A APAE de Jundiaí é, para eles, um espaço de parceria e crescimento, para os filhos e também para os pais.
“Não se apegue só às teorias ou tratamentos. Eles são importantes, mas o essencial é o seu amor. E lembre-se: o amor não se divide, ele se multiplica”, aconselha Eduardo aos pais que estão descobrindo a paternidade atípica.
A história de Osni e Eduardo é um convite à reflexão; a presença paterna transforma vidas, constrói vínculos e derruba barreiras. Que mais pais possam se reconhecer nesse papel não como heróis, mas como homens que cuidam, amam e constroem um futuro melhor com seus filhos.
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