Elogiar é importante, sim. Mas para muitos, o que era para ser combustível vira ansiedade. Sabe aquela sensação de dever cumprido depois de um projeto entregue com excelência? As metas foram batidas, a equipe está vibrando e os parabéns começam a chegar. A primeira reação é sorrir, claro. Mas, na volta para casa, talvez em silêncio, uma vozinha interna começa a sussurrar: “E agora? Será que eu consigo repetir esse desempenho? E se tiver sido só sorte?”. Se esse tipo de pensamento já passou pela sua cabeça ou se você é líder e sente que, mesmo elogiando, seu time continua inseguro, é hora de parar e refletir.
O especialista em felicidade e professor de Harvard, Arthur C. Brooks, chamou atenção para um paradoxo cada vez mais comum: as pessoas mais competentes são, muitas vezes, as que mais sofrem com o reconhecimento. Parece contraditório, mas faz todo sentido à luz da psicologia positiva e da neurociência. O problema não está no elogio em si, mas na pressão que vem colada a ele. O parabéns de hoje, para muita gente, se transformam em uma cobrança silenciosa: a de que, agora, a régua subiu. E não há mais espaço para falhar.
Essa sensação tem nome: Síndrome do Impostor, a crença de que somos uma fraude prestes a ser descoberta, de que os bons resultados foram sorte, e não competência. Do ponto de vista do cérebro, é quase um curto-circuito. O reconhecimento deveria ativar nosso sistema de recompensa e nos trazer bem-estar. Mas, para quem vive com esse tipo de ansiedade, ele ativa também o alerta de perigo. O resultado? Medo, autocobrança e até a necessidade de evitar de novas responsabilidades. A motivação dá lugar à insegurança.
Diante disso, talvez você se pergunte: “Então é melhor não elogiar mais ninguém?”. Nada de parabéns? De forma alguma. A chave está em trocar a adulação automática pela valorização real.
A resposta pode estar no livro premiado Leader as Healer. O escritor, Nicholas Janni, defende que a principal função do líder moderno é curar as “feridas” do ambiente de trabalho: a pressão, o medo de errar, a desconexão e o burnout. Ele não fala de terapia, mas de criar um ambiente de profunda segurança e confiança, onde o potencial das pessoas pode florescer sem o peso da ansiedade.
Mas como essa liderança “curadora” funciona na prática? Três formas de liderar como um ‘healer’ e reconhecer sem gerar pressão:
- Troque os parabéns pelo “me conta como você fez isso?”: ir além do elogio raso é validar o raciocínio e a jornada. Isso demonstra um interesse genuíno pela pessoa por trás do profissional, o que, por si só, já ajuda a curar a insegurança e a validar a competência real.
- Crie um “laboratório de ideias”, não um palco de perfeição: um “líder que cura” promove a segurança psicológica, onde o erro não é uma falha a ser punida, mas uma parte valiosa do aprendizado. Isso cicatriza o medo paralisante de errar e ativa a coragem de inovar.
- Faça do reconhecimento uma ponte, não um pedestal: conecte o sucesso atual a um novo desafio: “Você mandou muito bem nisso. Que tal liderar o próximo projeto?”. Isso transforma o elogio em energia de movimento, curando o medo de ficar preso a uma expectativa inalcançável.
O capital humano é um diferencial real, saber como reconhecer é essencial. Os líderes que não sabem como tratar a insegurança em suas equipes acabam perdendo os melhores. E as empresas que todos querem trabalhar são aquelas que criam ambientes onde as pessoas se sentem seguras para testar, aprender e crescer.
No fim das contas, é sobre curar a cultura do “não posso errar” e transformá-la na cultura do “posso evoluir”. E líderes que entendem essa virada de chave… esses sim, merecem todos os aplausos e parabéns!

DANY MORAES
Consultora de Projetos de Recursos Humanos e Educação Corporativa. Atua na área de Gente & Gestão há 20 anos, com especializações em Felicidade e Qualidade de Vida no Trabalho, Inteligência Emocional e Líder Coach. Contatos: E-mail: dany.moraes@gmail.com. Instagram: @soudanymoraes. LinkedIn: daniela-moraes-marques.WhatsApp: 11 982659384. Acesse também: @sejaexpandente
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Gente e Gestão é uma expressão que se refere ao conjunto de práticas, políticas e processos relacionados à gestão de pessoas dentro de uma organização, engloba todas as atividades e estratégias voltadas para o desenvolvimento, motivação, engajamento e bem-estar dos colaboradores de uma empresa. Isso inclui recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento de carreira, avaliação de desempenho, remuneração, benefícios, comunicação interna, cultura organizacional, entre outros aspectos que impactam diretamente o capital humano e o ambiente de trabalho.
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A expressão Gente e Gestão enfatiza a importância das pessoas como um dos principais ativos de uma organização e reconhece que uma gestão eficaz dos recursos humanos é fundamental para o sucesso e sustentabilidade do negócio. E também ressalta a necessidade de uma abordagem humanizada e centrada nas pessoas na condução das atividades relacionadas à gestão de talentos dentro da empresa e a produtividade sustentável.(Foto: Gemini)
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