PARADIGMA

paradigmas

Muitas vezes utilizamos quando conversamos ou escrevemos termos que são razoavelmente claros para quem os expressa, mas nem sempre assim entendidos por quem os ouve ou lê. Tanto pela possibilidade da polissemia que confere diferentes significados a uma mesma palavra, mas, sobretudo, pelos referenciais que cada um de nós tem que faz com que as informações que nos chegam, inclusive as palavras, recebam o significado que lhes atribuímos. Uma dessas expressões que utilizo com freqüência é paradigma para definir um padrão ou modelo no qual se apoiam um conjunto de idéias ou procedimentos.

Paradigma tem uma definição dada pelo filósofo e físico Thomas Kuhn que atribui a ele inclusive temporalidade, explicitando que são “as realizações científicas que geram modelos por um período…”. São princípios que perduram até que novas idéias demonstrem a sua irrealidade ou inadequação. Um exemplo clássico são alguns modelos cartesianos que serviram de padrão desde o século XVII e que foram totalmente revistos pela teoria da relatividade de Albert Einstein no século XX.

Quando me refiro aos novos paradigmas educacionais emergentes como descritos por Maria Candida Moraes estou questionando o modelo centrado no ensino, no conteudismo e na passividade do estudante que preside as atividades educacionais há mais de um século e que está evoluindo para modelos centrados na aprendizagem e no protagonismo do aluno. Estas mudanças não ocorrem sem resistência e o “senso comum” é um dos principais fatores aliado àqueles adeptos do imobilismo que ainda acreditam que a ocorrência do ensino é suficiente para assegurar a aprendizagem. Foi assim quando Nicolau Copérnico estabeleceu a teoria heliocêntrica em contraposição ao geocentrismo de Ptolomeu que durava há séculos e foi duramente combatido pela Igreja Católica que insistia em defender o conveniente modelo geocêntrico, tanto que seus estudos só foram reconhecidos quando aprimorado por Kepler muito tempo depois. A teoria heliocêntrica só se tornou incontestável no final do século XVII, cento e cinqüenta anos depois da sua publicação.

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FERNANDO LEME DO PRADO

É educador

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