Precisamos de PAZ e não de pás

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Estive na exposição sobre o Holocausto no Museu Histórico e Cultural de Jundiaí, que tem à frente, como diretor, meu amigo Paulo Vicentini. Permanece em mim, como essência da reflexão sobre os horrores do Nazismo, a imagem da morte com sobretudo preto em um campo cruzes e a frase: “Muito bem! Precisamos mesmo de pás”. Ou seja, são mortos e enterrados aqueles que incomodam por alguma razão ou até para que alguns se mantenham no poder. É assim com todas as vítimas preconceito. Até que ponto chega a crueldade humana!

A exposição é uma aula de História e de sensibilização. Saí de lá impactada. Impossível não se reportar à dor das famílias, das crianças com seus sapatinhos e brinquedos espalhados pelos cantos do mundo.

Há um texto da Enciclopédia do Holocausto, do Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos sobre a significância do programa de eutanásia. “Buscavam criar uma sociedade racialmente pura e produtiva. Tinham, como inimigos biológicos imaginários, principalmente judeus e ciganos”.

O uniforme listrado, o prato e o cantil de metal, as trouxas, os corpos esquálidos… Perversidade que transborda.

Destaca-se, na exposição, o Programa de “Eutanásia Infantil”. Nos meses da primavera e do verão de 1939, os nazistas começaram a organizar uma operação secreta de assassinatos de crianças deficientes. Em agosto de 1939, o Ministério do Interior do Reich fez circular um decreto exigindo que todos os médicos, enfermeiros e parteiras denunciassem os recém-nascidos e crianças com menos de três anos de idade que apresentassem sinais de incapacidade mental ou física grave. Discípulos de Herodes.

A partir de outubro do mesmo ano, as autoridades públicas começaram a incentivar os pais de crianças com algum tipo de deficiência a colocarem seus filhos em uma das várias clínicas pediátricas indicadas pelas autoridades nazistas na Alemanha e na Áustria. Nelas, uma equipe médica, especialmente recrutada, que as assassinava com overdoses letais de medicação ou as deixavam morrer por inanição. Estimativas sugerem que pelo menos 5 mil crianças alemãs com deficiências foram assassinadas pelos membros do programa de “eutanásia infantil” durante os anos da Guerra.

O escritor e químico italiano Primo Levi, que foi deportado para Auschwitz em 1944, em seu livro “É Isto um Homem?”, escreveu: “…Condição mais miserável não existe, não dá para imaginar. Nada mais é nosso: tiraram-nos as roupas, os sapatos, até os cabelos…”

Há menção para “Os Justos das Nações”, os não-judeus, que arriscaram suas vidas, durante o holocausto para salvar judeus perseguidos.E na medalha dos Justos das Nações: “Aquele que salva uma vida é como se houvesse salvo todo o universo”.

Ao falar sobre o nazismo me vem, todas as vezes, São Maximiliano Kolbe, um franciscano polonês, que morreu no campo de concentração de Auschwitz. Como punição por uma fuga ocorrida, Gjowniczek foi um dos prisioneiros escolhidos pelos nazistas para morrer de fome. Caiu em prantos: “Minha mulher, meus filhinhos! Não os tornarei a ver!” – exclamou. São Maximiliano Kolbe dirigiu-se ao oficial, pediu para substituir o pai de família e foi aceito.

Permanece o grito, em meio da humanidade, pela paz e não por pás que sepultam vidas.

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE

É professora e cronista

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