PAULO GUSTAVO era uma diva pop, diz apresentador da TVTEC

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Márcio Miguel e Paulo Gustavo

Márcio Miguel, apresentador da TVTEC, talvez seja o maior fã do humorista Paulo Gustavo em Jundiaí. Além de assistir às peças e aos filmes, Márcio teve o prazer de entrevistá-lo, o que não era algo fácil já que ele era tímido e não gostava de falar com repórteres, conta Márcio. Para o apresentador, Paulo Gustavo – que morreu na noite desta terça-feira(4) – transcendeu o humorismo e passou a ser uma diva pop. A entrevista com Márcio:

Como você conheceu Paulo Gustavo?

Eu cobri a coletiva do filme ‘Divã’, em 2009. O Paulo ainda não era famoso e interpretava o cabeleireiro da Lila Cabral. Ele estava lá, falava muito, era superdivertido. Naquele momento comecei a gostar muito do trabalho dele. Depois, o Paulo Gustavo foi para o Multishow, com o 220 Volts. Também se apresentava no teatro com ‘Minha mãe é uma Peça’. No começo do Multishow, o texto era muito engraçado, assim como o Paulo. Mas, o programa era amador. Depois veio a peça ‘Hiperativo’, no teatro Frei Caneca. Daí fiquei apaixonado pela forma como ele se comunicava e como fazia um humor diferente. Passei a apresentar o Paulo para todos os meus conhecidos e parentes. Já no Teatro Procópio Ferreira, aluguei uma van e levei a família toda para assisti-lo. Neste período eu até o imitava. Quando fez o ‘Minha Mãe é uma Peça’ consegui entrevistá-lo(foto abaixo). Aí, quando nos encontrávamos, ele me reconhecia. Fiquei mais fã ainda.

Vocês ficaram amigos?

Não. Ele sabia quem eu era. A gente não se ligava(risos). Mas, ele tem aquela coisa de parecer ser da sua família, um amigo íntimo. Por isto, como muitas pessoas, fiquei muito emocionado com a morte dele. Ontem(4), apresentei o programa chorando. Hoje, novamente…

Como ficou sabendo que ele estava com Covid?

Por conta do trabalho fico ligado nas notícias. Na hora que soube pensei ‘que merda’. Mas tinha certeza de que ele melhoraria. Estes dois meses que Paulo Gustavo ficou no hospital foram muito longos. E ele teve a possibilidade de tratamento que outros milhares não têm. Isto prova que dinheiro não é tudo.

Você acha que o Brasil perdeu o maior nome do humor da atualidade?

Ele era diferente. Era um humorista superstar, coisa que nunca tivemos. Ele lotava ginásios. Era, na verdade, como uma diva pop. O Paulo era uma coisa muito maior que o humor. Os outros artistas mais próximos dele como o Fábio Porchat, a Ingrid Guimarães, a Mônica Martelli, são mais pé no chão. O Paulo Gustavo era mais ‘divosa’. No ‘Hiperativo’, que foi exibido pelo Multishow, a entrada dele foi ao som de Carmina Burana, com fãs correndo atrás dele. Nunca um humorista brasileiro viveu isto. Ele, em relação ao público, é meio parecido com Ivete Sangalo, Anitta…

Qual o personagem que você mais gosta?

Não sou fã do ‘Vai que Cola’. Gosto do Paulo, da história dele e dos esquetes de humor. Quanto às personagens, adoro a Feia, a Dona Hermínia, a Patty, a Fumante, a Bicha Bichérrima. Mas, aquele momento, no 220 Volts, quando ele vai para o camarim e começa a conversar com o Marcus Majella, mostra muito do Paulo. É claro que de forma exagerada. Ele era debochado. Porém, o tratamento dos dois era de gente que se amava. Não dá para esquecer também da Senhora dos Absurdos. No último programa que ele fez, esta personagem dizia que queria pegar Covid porque ela é rica…

Você sabe como era o processo de criação dele?

A gente percebe que os personagens são parecidos. O Paulo não muda a voz, como Chico Anysio fazia. Mas as personalidades das personagens são diferentes. Sei que ele adorava perucas. Pode ser que eles as usava no início do processo de criação. Acho que ele foi uma drag queen que conseguiu conquistar o mundo inteiro. No 220 volts ele imitou a Beyoncé. A cantora americana fez uma homenagem ao Paulo no site dela(abaixo).

Qual o legado que o humorista deixa?

Acho que ele faz parte da transformação do humor no Brasil. Ele mostrava um humor de relações e de observação e respeito aos outros. Paulo também é responsável por levar cultura para muita gente. Muitos fãs foram pela primeira vez ao teatro para vê-lo.

Como será seu dia hoje?

Já chorei muito. Pedi para todos rezarem. Vou deixá-lo ir para depois voltar a assistir aos programas. Acredito que ele fez o que precisava ser feito nestes 42 anos de vida…

ASSISTA À ENTREVISTA QUE PAULO GUSTAVO CONCEDEU A MÁRCIO MIGUEL

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