PDT Diversidade quer vereador expulso; outros devem ser processados

A sessão da Câmara Municipal que aprovou o programa Escola sem Partido e a proibição de qualquer política de ensino que tendam a aplicar a Ideologia de Gênero em Jundiaí, ainda não acabou. O PDT Diversidade, um braço do partido ligado à defesa dos direitos humanos e inclusão social LGBT, quer que o vereador Arnaldo Ferreira de Moraes, o Arnaldo da Farmácia, seja expulso. A informação é de Felipe Pinheiro, membro do partido e que pode assumir a presidência estadual PDT em novembro. Além de Arnaldo da Farmácia, estão na mira de professores e militantes do movimento LGBT os vereadores Antônio Carlos Albino, Marcelo Gastaldo e Douglas do Nascimento Medeiros. Pinheiro assegurou que todos serão processados. Por outro lado, Albino e Gastaldo afirmam que foram vítimas de xingamentos durante toda a sessão e que, portanto, são as vítimas. Douglas e Arnaldo da Farmácia não deram retorno.

O simples fato de Arnaldo ter votado a favor do projeto de Gastaldo já é motivo para expulsá-lo, segundo Pinheiro. “O PDT desde sua fundação tem seus princípios pautados na defesa dos direitos humanos”, lembrou. Por outro lado, O vereador – de acordo com Pinheiro – estaria esperando o prazo legal concedido pela Justiça Eleitoral para trocar de partido. “O comentário é de que ele está indo para o PSB. O fato é que só vamos acelerar o processo para ele. Eu mesmo estou escrevendo uma representação que será submetida à aprovação da presidente nacional Amanda Anderson. Em seguida, a documentação irá para o Conselho de Ética estadual por conta da reestruturação do diretório municipal. Hoje, Felipe Pinheiro (foto abaixo), que é historiador, é um dos membros do PDT. No dia 5 de novembro ocorrerá o Congresso Estadual do partido e existe a possibilidade de ele se tornar o presidente estadual do partido.

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Arnaldo Ferreira de Moraes (foto acima) foi eleito no ano passado com 2.184 votos. Ele foi o 17º mais votado na cidade. O vereador foi contatado através das redes sociais (assim como todos os outros). Ele viu as mensagens e não respondeu.

Ações individuais e coletivas – Na verdade, se depender do PDT Diversidade e também de dezenas de professores da rede municipal de ensino, a sessão do último dia 26 durará muito tempo. “Vamos mover várias ações individuais e coletivas. Ainda não temos como precisar quantas serão no total”, adiantou Pinheiro. Albino e Gastaldo serão, de acordo com Pinheiro, “processados por assédio, homofobia, prevaricação do exercício do mandato e competências de vereador”. O autor do programa Escola Sem Partido, por exemplo, terá de responder também na OAB. “Uma reunião será marcada e só então será definida a forma como serão encaminhadas todas as representações feitas contra o vereador Albino”, adiantou o membro do PDT Diversidade.

Pinheiro forneceu ainda o nome de duas professoras e do advogado do PPS que procurará a Justiça contra o resultado da sessão de terça-feira. Elas seriam importantes para a ação que pretende-se mover contra o vereador Douglas. “Ele ameaçou as profissionais”, disse. Duas delas entraram em contato com o Jundiaí Agora.

Naiara Pietro afirmou que além dela, outras duas professoras teriam sido ofendidas pelo vereador Douglas. As imagens da sessão da Câmara divulgadas pela internet e também pela TV a cabo mostraram, segundo ela, o momento em que isto ocorreu. “Às 2h27 ele(Douglas) falou sobre ideologia de gênero. Às 2h32 fez a ameaça. Está gravado”, disse. Segundo a professora, uma comissão de profissionais procurará uma delegacia e registrará um boletim de ocorrência.

A outra professora, Bianca das Neves Silva, informou que ela e outra professora falaram na tribuna livre do dia 5 último sobre as incoerências pedagógicas do projeto Escola Sem Partido. “Em seguida, o vereador Douglas Medeiros usou a mesma tribuna para “lamentar” que uma professora afirmasse que “aplicasse” a “ideologia de gênero” na escola e que mobilizaria seu gabinete para nos processar por danos morais, além de recomendar aos pais enviassem notificações extrajudiciais aos professores de seus filhos pela mesma razão”, lembrou ela.

Ela prossegue: “é preciso esclarecer a população que, do ponto de vista da Pedagogia, essa “ideologia de gênero” não existe. Ela é definida, pelos que defendem a sua existência, como um conjunto sistematizado de ações que visa influenciar a sexualidade das crianças desconstruindo o masculino e o feminino e incentivando a homo ou transsexualidade. Nenhum educador, em sã consciência, faria isso ou defenderia algo do tipo. Estamos brigando porque temos obrigação de ensinar e incentivar a igualdade de direitos para todos e, numa sociedade como a nossa, é isso significa tocar em assuntos relacionados a machismo e lgbtfobia, ou seja, a várias formas de violência que permeiam as relações sociais”, concluiu.

Já Vandi Mikael Zacarin (vídeo acima), advogado, coordenador do PPS Diversidade e 2º secretário da Executiva do partido, confirmou a informação do pedetista. “Estamos estudando a denúncia no Ministério Público e uma ação quanto à inconstitucionalidade da lei no Supremo Tribunal Federal, o STF”, disse. Há também um coletivo de advogados de Jundiaí formatado para derrubar os dois projetos, além de outras movimentações. Também farei um requerimento e ofício formal à Câmara Municipal por não terem votado a preferência na votação do projeto de lei do Escola Sem Partido, terem limpado o telão na votação da suspensão e outros assuntos.

Comemoração – Nas redes sociais havia muita gente comemorando a aprovação dos dois projetos. Os Evangélicos pelo Escola Sem Partido, por exemplo. Pelo que dá para entender, um grupo deles participou da sessão e divulgou imagens ao vivo logo após a votação. No título do post há a seguinte frase: “Direita São Paulo na Câmara Municipal de Jundiaí”. Os dois vídeos abaixo:

A Direita São Paulo foi criada, através de uma página no Facebook, em novembro de 2014. Na época tinha o nome de ‘Agenda de Protestos’ e servia para divulgar as manifestações contra o governo Dima. A partir daí, os organizadores perceberam que para combater a esquerda precisariam ir além dos protestos. Tomaram um posicionamento antagônico e passaram a se intitular “Direita Paulistana” em março do ano passado. Dois meses depois mudaram de nome novamente: Movimento Direita Paulistana, tendo como primeiro ato fora da internet a manifestação Pró-Bolsonaro realizado no Largo da Batata. Em julho de 2016, o grupo alterou o nome mais uma vez, agora para Direita São Paulo, que, segundo a rede social, está “implantando núcleos do movimento em outras cidades do Estado”.

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Outro lado – Albino (foto abaixo) respondeu que está lutando pelas pessoas de bem. “A Câmara é soberana. Eu é que deveria processar quem estava ali gritando e falando palavrões. Está tudo gravado. Em nenhum momento ofendi alguém. Agora, uma pessoa dizer que ‘Cristo vai ressuscitar e voltar em forma de travesti’, essa foi a fala de uma pessoa contra o meu projeto. Tudo isso me incentiva mais a lutar contra a imposição de doutrinação de ideologia e gênero, política e religião nas escolas”.

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Marcelo Gastaldo (foto acima) disse que não tinha conhecimento das ações judiciais que deverão ser movidas contra ele. “A polêmica, embora não vejo como tamanha, era esperada”, comentou. O vereador disse que sobre as ofensas, “eu é que deveria tomar providência, mas vou relevar”. Ele concluiu enfatizando que projeto é totalmente legal, segundo o departamento jurídico da Câmara.

O vereador Douglas do Nascimento Medeiros (foto abaixo) não respondeu aos questionamentos do JA.

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