Pensando em nosso FUTURO

FUTURO

De repente nos pegamos pensando em nosso futuro. E este pensamento sempre vem acompanhado daquilo que vivemos no presente e atrelado ao ontem. Não se trata de um pensamento suave e leve, nem pode ser muito pesado e desesperador. Planejar o futuro demanda cautela, mas não sofrimento.

Por que ter cautela com o planejamento? Porque não temos interesse em repetir experiências frustrantes ou insonsas já vividas, tão pouco queremos pesar a mão em propostas audaciosas e muito mirabolantes. Muitas vezes, em nosso cotidiano, vemo-nos paralisados, sem motivação para avançar o sinal entre o querer e o fazer. A ação fica acanhada e empobrecida.

Pois é, o medo, esse nosso companheiro, prega-nos peças frequentes e coloca-nos na defensiva ou na inércia (que também pode ser uma forma de nos defender). Quantas não foram às vezes em que nos acovardamos diante das mudanças que foram planejadas ao longo de um ano? Quantas não foram às vezes em que protelamos uma escolha ou uma direção, por conta da opinião alheia?

Não são apenas estas duas propostas de vida que nos engessam e paralisam nossas intenções, mesmo a menos arrojada. Em muitos momentos nos pegamos protelando, mudando a ordem da preferência, postergando e, de repente, lá se foi nosso sonho. Estes acontecimentos, em suas repetições, colocam-nos num processo de diminuição de nosso espaço intimo: perdemos ou diminuímos nossa autoestima; guardamos um pedaço de nós e esquecemos em algum lugar do passado.

O fato de atrasarmos e não darmos vazão ao nosso processo decisório, muito mais do que atrasar nosso avanço, possibilita o aumento do medo de escolher e de mudar. Sim, o novo sempre assusta, mas agora estamos diante de um círculo vicioso que sabota nossas escolhas e nossas propostas de mudanças.

Tais inseguranças e recuos são frequentes. Às vezes percebidas a tempo e superadas; às vezes passam sem ser percebidas e se transformam em rotinas que arrastam frustrações. Passamos a viver numa repetição de eventos, numa vida monótona em que tudo é visto em branco e preto. A um passo da depressão.

O mesmismo é um processo enfadonho e insonso. Segue o mesmo critério e o mesmo ritmo, sem mudanças e sem surpresa: o mesmo. Quando pensamos num relacionamento e vemos mais do mesmo, sentimos que existe uma tensão, um certo clima de estranhamento, carente de uma pitada de novidade e de transformação.

Por que pensar no futuro nos coloca neste enquadramento? Talvez porque nem sempre planejamos aquilo que está ao nosso alcance: temos sonhos que vão além das nossas possibilidades. Talvez porque nossos objetivos sejam totalmente impossíveis de serem realizados e não nos demos conta de nossa indisponibilidade em lutar por eles. Tentamos, mas são muito além de nosso esforço.

Outra razão seria o fato de não nos empenharmos o suficiente para as mudanças. Isso faz com que tenhamos a sensação de impotência ou incapacidade; nunca percebemos que o empenho foi pequeno. Não favorece e não traz o novo: vamos de pouco em pouco e nos perdemos nessa toada pouco produtiva, sem grandes mudanças ou sem transformações substanciosas; fazemos o mínimo para nos convencer que tentamos.

Entretanto, temos a situação em que não temos certeza daquilo que queremos e, desta maneira, ficamos divididos entre mudar e não mudar. Tal indecisão é responsável pelo caminho circular em que nos colocamos, onde ficamos envoltos em nossas ideias e não assumimos as necessidades finais para a mudança. Ficamos na roda-viva.

Pensar no futuro remete e ter certo aquilo que se pretende e aquilo de que dispomos para começar a operação transformadora: é matar o velho, deixá-lo de lado e assumir a luta diante dos desafios do novo. Talvez este seja o motivo de vermos tanta gente deprimida nas datas festivas de final de ano: precisamos de uma avaliação sobre o que temos, sobre o que somos e o que queremos ter e ser. Não é apenas uma mudança no calendário: é uma mudança de conduta e de pensamento.

E por que é difícil? Porque poucos atingem seus objetivos?

Porque alguns almejam coisas improváveis e impossíveis, muito além da possibilidade; outros porque nem planejam ou fazem projeções, visto que se acostumaram ao mesmo, à rotina; e outros ainda por temerem as mudanças e as dificuldades que o novo proporá. Estas situações não são únicas, em especial porque elas podem se misturar ou trazer novos elementos desconhecidos que turvam e desestabilizam a proposta.

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Pensar no futuro requer coragem e enfrentamento. Almejar o novo requer realinhar o passado e o presente, avaliando com critério cada uma destas etapas e quais os pontos fortes e os mais difíceis de serem atingidos. Colocado destaque nestes fatores, resta saber: quero mudar? Quero um futuro melhor? Serei resistente ao ponto de dissolver tudo aquilo que me segura no passado?

Cada pergunta desta é íntima, pessoal, dura e até cruel. Mas é por aqui que começamos a transformar nossa Vida; é pela reflexão que partimos para a nova Vida, afinal ninguém merece viver do Passado. Vamos pensar no futuro, sim; mas vamos transformá-lo, transformando-nos.(Foto: www.dailymedicalinfo.com)


Afonso Antonio Machado é docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology. Aluno da FATI.


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