Pesquisa feita em Jundiaí: As narrativas do BULLYNG homofóbico

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O professor e pesquisador Emerson Vicente-Cruz publicou o artigo Percepções Juvenis sobre a Homossexualidade Masculina: Concepções e Estereótipos no Brasil, resultado de pesquisa com 178 alunos de cinco escolas públicas de Jundiaí. O trabalho dele avaliou como os adolescentes elaboram significados sobre a homossexualidade masculina, analisando os preconceitos sociais com os gay, identificando estereótipos persistentes, tensões entre aceitação e rejeição, e influências de fatores como masculinidade hegemônica, misoginia e homohisteria (medo de ser considerado homossexual por causa de um comportamento que é tipicamente considerado atípico de gênero). Na entrevista publicada no site do Governo Federal, Jundiaí é apresentada como “cidade marcada por forte conservadorismo social, político e religioso”. Isto permitiu observar como os discursos dos adolescentes revelam simultaneamente avanços e permanências nas expressões de preconceito homofóbico.

Emerson Vicente-Cruz(foto ao lado) é formado em História na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e em Psicologia na Universitat de Barcelona (UB). Ele se aproximou das áreas de Psicologia Social e Educação e passou a atuar em direitos humanos LGBT+ e pelo diálogo constante entre teoria e prática social. No mestrado em Intervenção Psicossocial na UB, estudou violência escolar homofóbica. No doutorado em Psicologia Social, também na UB e com bolsa da CAPES, ampliou o escopo para mapear o bullying homofóbico, considerando as características sociais e identitárias das vítimas. Após dois pós-doutorados — um na UB e outro na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) —, atualmente realiza o terceiro pós-doutorado na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Assis. O pesquisador investiga como marcadores sociais — gênero, sexualidade, raça, status migratório e classe — interferem nas dinâmicas do bullying homofóbico e as estratégias de enfrentamento. Leia a entrevista com o acadêmico, de autoria dar CGCOM/CAPES:

Sobre o que é a sua pesquisa? Explique de forma mais detalhada o conteúdo do trabalho.

Eu investigo as percepções de adolescentes sobre a homossexualidade masculina e os gays, a partir de narrativas audiovisuais que retratam o bullying homofóbico e suas consequências. Analisamos como 178 adolescentes elaboram significados sobre a homossexualidade masculina, os gays e os preconceitos sociais, identificando estereótipos persistentes, tensões entre aceitação e rejeição, e influências de fatores como masculinidade hegemônica, misoginia e homohisteria (medo de ser considerado homossexual por causa de um comportamento que é tipicamente considerado atípico de gênero). O estudo foi conduzido por meio de 45 grupos focais em escolas públicas de Jundiaí, cidade marcada por forte conservadorismo social, político e religioso, o que permitiu observar como os discursos dos adolescentes revelam simultaneamente avanços e permanências nas expressões de preconceito homofóbico.

CLIQUE AQUI E LEIA O ARTIGO DE EMERSON VICENTE-CRUZ NA ÍNTEGRA

O que vale destacar de mais relevante na sua pesquisa?

O ponto central desse estudo é evidenciar que, embora existam discursos de tolerância e respeito — mas não de inclusão efetiva —, ainda predominam associações negativas ligadas à masculinidade e à sexualidade não cisheteronormativa. As concepções religiosas exercem influência significativa nas representações sociais, frequentemente vinculando a homossexualidade a pecado, imoralidade ou desvio. Identificamos estereótipos negativos, como associar homens gays à promiscuidade, à fragilidade física ou à feminilidade compulsória, e estereótipos considerados “positivos”, como presumir que sejam mais sensíveis, talentosos para as artes ou intelectualmente superiores. Estes últimos, apesar de aparentarem valorização, também funcionam como formas sutis de controle e enquadramento, impondo limites e reforçando visões normativas e homogêneas sobre o grupo.

De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?

O estudo oferece evidências para a formulação de políticas públicas e práticas educativas capazes de enfrentar o bullying homofóbico de maneira mais eficaz, de acordo com a Lei n.º 14.811/2024
(institui medidas de proteção à criança e ao adolescente contra a violência nos estabelecimentos educacionais ou similares), incorporando uma compreensão histórico-cultural das desigualdades. Ao contribuir para a formação de professores, professoras e profissionais de áreas como psicologia, educação e antropologia, amplia o debate sobre diversidade sexual e de gênero, direitos humanos e a construção de ambientes escolares inclusivos. Reconhece-se, assim, que o preconceito não é apenas um comportamento individual, mas um fenômeno psicossocial enraizado em estruturas sociais, culturais e políticas mais amplas, cuja transformação exige ações coletivas e políticas comprometidas com a inclusão e a equidade.(Foto: RDNE Stock project/Pexels)

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