Pesquisa avalia, em Jundiaí, pessoas idosas que moram sozinhas

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Jundiaí faz parte da pesquisa Pessoas Idosas que Moram Sozinhas: Demandas para as Políticas Públicas, Interinstitucional e Multidisciplinar, realizada pelo professor Rodrigo Bonicenha, do Departamento de Saúde e Sociedade da Faculdade de Saúde Pública da USP, com coordenação de Nivaldo Carneiro Junior, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. O estudo debate as necessidades sociais e de saúde da pessoa idosa no contexto do envelhecimento populacional brasileiro, além de contribuir na formulação de políticas públicas equânimes a essa população. Segundo Bonicenha(foto ao lado), “o Brasil está passando por um acelerado processo de envelhecimento populacional em ritmos distintos pelas diferentes regiões, mas sem um devido preparo. Hoje, por exemplo, a população idosa no Estado de São Paulo é de 17,2%, mas espera-se que, em 2060, essa proporção chegue a 35%, uma mudança muito acelerada”. O Jundiaí Agora conversou com Rodrigo Bonicenha:

Por que Jundiaí foi incluída nesta pesquisa?

A pesquisa é um esforço multicêntrico, sediada na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e com o apoio da Faculdade de Medicina de Jundiaí(FMJ), Faculdade de Medicina do ABC, Escola da Cidade (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, no Centro de São Paulo) e da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. Além disso, conta com o apoio da Faculdade de Saúde Pública da USP. As cidades foram escolhidas por conveniência, dada a atuação de pesquisadores do grupo nessas localidades. Assim foi como a cidade de Jundiaí integrou os territórios da pesquisa, ao lado de Santo André e de São Paulo. Jundiaí, é uma cidade com acelerado envelhecimento populacional. Em todas essas cidades, a população com 60 anos ou mais já supera a de pessoas de 0 a 14 anos. Nessa cidades, as mulheres também são a maioria das pessoas idosas. Das 80.581 pessoas idosas em Jundiaí levantadas pelo Censo de 2022, 56,8% são mulheres. Conforme passam os anos, aumenta a proporção de mulheres idosas (quando considerada a faixa de 100 anos ou mais são 71,7% das pessoas idosas da cidade). Além disso, a população idosa de Jundiaí é predominantemente branca (78,1%), seguida da população idosa parda e preta (15,8% e 4,5%). A proporção de pessoas com deficiência na população geral de Jundiaí é de 5,1%. Esse número sobe para 14,3% quando considerada a proporção entre pessoas idosas. Essa proporção também aumenta com o passar dos anos, 57,6% das pessoas idosas com 95 anos ou mais vivem com algum tipo de deficiência.

Onde a FMJ entrou neste estudo?

A Faculdade de Medicina de Jundiaí está envolvida em toda a pesquisa, sendo a professora Marília Jesus Batista membro da equipe do projeto. Na cidade foram realizados dois grupos focais com profissionais da rede intersetorial de atenção, um em uma unidade de saúde em bairro mais distante e outro realizado na FMJ com profissionais de serviços mais centrais da cidade. Esses encontros foram realizados no final de 2023.  Também foram entrevistadas pessoas idosas que moram sozinhas residentes da cidade. No total, a pesquisa entrevistou aproximadamente 40 indivíduos, sendo 10 deles de Jundiaí. A amostra, também por conveniência, tinha o objetivo de ilustrar as condições de vida de pessoas idosas em domicílios unipessoais. 

Qual a proporção de pessoas idosas que vivem sozinhas em Jundiaí e quais as dificuldades que enfrentam? 

A proporção de pessoas idosas que moram sozinhas em Jundiaí (16,2%) é similar aos do Estado (17,5%). Na cidade de São Paulo, o índice é de 18,6%. Em Santo André, 16,8%. Desse total, 70,5% são de mulheres idosas que vivem sozinhas, isso se repete também nas outras cidades da pesquisa. Apesar das similaridades das proporções, cada cidade apresentou dinâmicas distintas. No caso de Jundiaí foi evidenciada a dimensão territorial da cidade, implicando na necessidade de deslocamentos para o acesso a certos serviços, programas e políticas que estão em determinados pontos da cidade. O transporte público pode levar horas e necessitar de baldeações para fazer um deslocamento que, de automóvel particular, poderia ser realizado entre 15, 20 minutos. Isso faz com que as pessoas idosas em determinadas regiões estejam mais restritas aos seus bairros e locais de moradia do que outras.

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Foi possível avaliar se os idosos daqui estão sendo bem tratados pelo poder público, sociedade e família?

O poder público local tem uma série de serviços, programas e políticas que atendem as pessoas idosas, mas em geral as pessoas idosas que moram sozinhas podem estar mais desassistidas do que aquelas que moram com outras pessoas que podem fornecê-las apoio e suporte. É fundamental que os municípios, estados e a União promovam um fortalecimento e expansão da rede de atenção à pessoa idosa condizente com o crescimento populacional desse grupo e que leve em consideração a heterogeneidade das velhices, ou seja, o fato que cada pessoa envelhece de modo particular e que tem necessidades específicas. A sociedade precisa considerar as pessoas idosas como um grande patrimônio social e não apenas como fardo ou desafio. Envelhecer é uma grande conquista social, mas significa que os diferentes setores da sociedade possam apoiar o envelhecimento com qualidade de vida, segurança e saúde.(Foto: SHVETS production)

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