O PL de Jundiaí entrará em 2026 – ano eleitoral – do mesmo jeito que começou 2025: perdidinho da Silva. O partido bateu cabeça na primeira sessão da Câmara Municipal, no dia 1º de janeiro. Três vereadores – Madson Henrique, João Victor e Tiago da El Elion – que deveriam ter votado em Quézia de Lucca para a presidência do Legislativo, debandaram para o lado de Edicarlos Vieira(União Brasil), candidato do prefeito Gustavo Martinelli, do mesmo partido. Édicarlos venceu, eles foram acusados de ‘infidelidade partidária’ e chamados de ‘traidores’. Agora, o PL demonstra que está tropeçando para escolher o nome do pré-candidato para as eleições para a Assembleia Legislativa(Alesp). Quézia, que era pré-candidata desde que foi a mais votada nas eleições do ano passado para o Legislativo, renunciou e até pode ser expulsa. Madson Henrique diz que quer uma vaga. Leandro Basson teria um acordo com o partido para ser pré-candidato e, se isto não ocorrer, pode procurar outra legenda, embora afirme que quer ficar. Tudo leva a crer que a bancada do PL tende a se desmilinguir entre março e abril do próximo ano, quando será aberta a janela partidária. Nesta conta é preciso ainda adicionar o nome do vereador Rodrigo Albino que pode migrar para o Novo. Os dois parlamentares restantes, João Victor e Tiago Da El Elion, além de terem sido acusados de ‘infidelidade e traição’, não se encaixam no perfil do partido. A postura deles durante os trabalhos comprova isso.
O caso mais emblemático e que demonstra como o PL está sem eira nem beira é o de Quézia. Na última segunda-feira(15), o Jundiaí Agora questionou se a vereadora continuava sendo pré-candidata, com a possibilidade de dobradinha com o ex-prefeito Luiz Fernando Machado, pré-candidato à Câmara dos Deputados, em Brasília. Foi uma pergunta protocolar. Até aquele momento, todo mundo sabia que Quézia estava de olho na Alesp. Ela própria disse, depois das eleições de 2024 quando teve 8.020, que seu grande sonho era ser eleita deputada estadual. No decorrer das sessões deste ano, Quézia se apresentou como a única vereadora de oposição à administração Gustavo Martinelli, foi alvo de críticas de colegas pelo suposto trabalho visando a pré-candidatura, se defendeu e até chorou na tribuna. À pergunta feita pelo JA, Quézia respondeu entusiasmada: “Sou simmm, pré-candidata a deputada estadual. Minha política não é de conquistar poder e sim cumprir propósitos de vida. Acredito que passar pelo Assembleia Legislativa abrirá oportunidades para ajudar mais Jundiaí e Região com emendas e ações com apoio do Estado”. Ou seja: nada havia mudado. Ela confirmou que disputaria uma cadeira para a Alesp.
Dois dias depois, a pré-candidatura de Quézia foi para o espaço. Pelas redes sociais, já na quarta-feira(17), ela informou havia renunciado ao sonho e decidiu apoiar a pré-candidatura de Rita Passos, ex-deputada estadual, atualmente no Republicanos. “Ela é uma mulher excepcional, mãe de família, com experiência, três mandatos como deputada estadual e que defende exatamente as mesmas bandeiras que eu defendo. A pré-candidatura dela é, a partir de agora, a minha pré-candidatura. Isso é unir forças. Isso é maturidade política. Isso é pensar na população de Jundiaí”.
Rita Passos pode ser um excelente nome. Contudo, a base eleitoral dela é a cidade de Itu. O velho discurso de que o jundiaiense deve votar em candidatos locais, gente que conhece de perto as carências da cidade e região, foi amassado e rasgado pela vereadora. Afinal, Rita nem do PL é. E é aí que a coisa pode pegar para Quézia. O PL tem como enquadrá-la por infidelidade partidária e até expulsá-la. Ela não pode apoiar pré-candidatos de outras legendas. Ironicamente, os três vereadores que teriam cometido infidelidade partidária por não votarem nela(segundo o que a própria Quézia disse no dia 1º de janeiro), não foram punidos. Votar no candidato à presidência de um Legislativo sendo este de outro partido não é considerado falta grave. A vereadora pode sair do Partido Liberal por livre e espontânea vontade – já que pelas postagens feitas demonstra grande insatisfação – ou ser empurrada para fora, como diz a letra fria da Resolução Administrativa nº 010/2025, da Comissão Executiva Nacional do PL. O Jundiaí Agora fez novo contato com a vereadora para saber detalhes da renúncia. Desta vez, ela não retornou.
“Machismo” – Quézia fez outras postagens nas redes sociais, desabafando. Num vídeo, ela afirma: “Ninguém me perguntou se eu estava bem. Mas muita gente se achou no direito de gritar comigo. Antes de qualquer cargo, antes de qualquer sigla, eu sou filha. Tenho uma mãe de 86 anos e um pai de 92. Moro com eles. Cuido deles. Esse é um lado da minha vida que muitos nunca quiseram enxergar. Mesmo assim, fui atacada. Ouvi gritos, tentativas de intimidação, palavras duras vindas, em sua maioria de homens que nunca pisaram na minha casa e nunca viram minhas dificuldades. Isso dói porque não foi política. Foi machismo. Foi a tentativa de calar, de diminuir, de controlar uma mulher que decidiu agir com consciência”. Em outra postagem, a vereadora informou que está sendo atacada “pela maioria das mídias locais e por alguns homens envolvidos com a política por não ser mais pré-candidata. Se quiserem me expulsar, podem fazê-lo”.

Assim que Quézia divulgou apoio à ex-deputada, o Partido Liberal divulgou nota, também pelas redes sociais, afirmando que a decisão dela foi tomada de forma independente e pessoal. A vaga da vereadora na campanha eleitoral de 2026, segundo o texto, “estava garantida, inclusive com respaldo do Diretório Estadual do partido”. Rosa também postou vídeo no qual adianta que o nome do novo pré-candidato deve sair nas próximas semanas. O vereador Leandro Basson quer ser o escolhido. Líder da bancada do PL na Câmara, ele se mostrou fiel ao votar em Quézia para presidente do Legislativo e teria um acordo com o partido para ser o pré-candidato, caso Quézia não concorresse. O acordo seria claro: se a oportunidade não surgisse no PL, Basson estaria livre para deixar a sigla e disputar uma cadeira na Alesp por outro partido. Fontes ligadas ao vereador dizem que ele está convencido de que será bem votado. Ele teria convites de outras siglas para se filiar. Apesar das condições, o vereador já disse que quer ficar.
Madson Henrique é outro vereador que não descarta uma pré-candidatura. Ao JA, ele explicou que “ainda não defini. Porém, há uma vaga no PL”, disse ele ainda no último dia 15, quando Quézia se colocava como a pré-candidata do partido. Pode ser que Madson tenha apenas soltado um balão de ensaio para avaliar a repercussão de uma possível pré-candidatura. Por outro lado, ele poderá usar a recusa para justificar uma futura saída. Aqui vale lembrar que o vereador não gostou nada do posicionamento do PL local no episódio da votação para a presidência da Câmara.
Aliás, voltando ao dia 1º de janeiro deste ano, os vereadores João Victor e Tiago Da El Elion – que também deveriam e não votaram na colega de bancada para presidente da Câmara – certamente ficaram desgostosos por terem sido chamados de ‘infiéis’ e ‘traidores’. Não seria surpresa se na janela partidária pulassem do barco. Na sessão do dia 11 de março, por exemplo, os vereadores falavam sobre religião. Tiago pediu a palavra: “a intolerância é inadmissível para qualquer religião. A Constituição nos assegura o direito de ter a fé que quisermos. Em certa ocasião, o presidente de um partido de Jundiaí expôs a nossa fé em rede social. Foi uma coisa ridícula o que aquele presidente de partido fez. Aproveito para repudiar a ação dele. Não vou nomeá-lo para não dar a ele direito de resposta”, disse. Tiago falava do presidente do próprio partido, o PL. Ao criticar os três vereadores que votaram em Edicarlos, Adilson Rosa afirmou, com ironia, que a legenda havia sofrido a traição de evangélicos.
João Victor e Tiago demostraram no decorrer das sessões deste ano que estão longe de serem bolsonaristas raiz. São extremamente ponderados nas falas, não apresentaram propostas contrárias aos direitos das minorias e nunca fizeram defesas contundentes aos envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. Eles contrastam com o estilo estridente e verborrágico da maioria dos peelistas. Por último, o partido Novo de Jundiaí – que um dia abrigou o vice-prefeito Ricardo Benassi(hoje no PSD), pode receber o vereador Rodrigo Albino. Ele é filho do ex-vereador Antônio Carlos Albino que até o início deste ano era do PL também. O ex-parlamentar assumiu a coordenação do Novo. Nada mais natural que Rodrigo migre para a sigla comandada pelo pai.
Diante de todos estes cenários, é lógico pensar que o último vereador a deixar o PL de Jundiaí, no próximo ano, será o responsável por apagar a luz do diretório. E assim sendo, a maior bancada da Câmara Municipal de Jundiaí, aquela que deveria ser oposição ao prefeito, se desintegrará de vez. (Texto: Marco Antônio Sapia)
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