Um punhado de PLANTAS MÁGICAS para todas as horas!

O poder das plantas é tão arraigado na existência humana que podemos até dizer que não há erva aromática, árvores ou arbustos que estejam imunes a ele. São as plantas mágicas! Com elementos tão primitivos como o fogo, o sol, a lua e as estrelas alçando patamares divinos, podemos imaginar as primeiras descobertas das propriedades de cura, para o corpo e para alma, com fumaças e emplastros aromáticos em meio às oferendas, nos rituais de alumbramento e respeito à natureza.

“Fumaça” não é força de expressão: de fato a palavra perfume deriva do latim per fumum, e significa “através da fumaça”, alinhavando o reino vegetal às nossas sensações. Isso não é pouco: tanto é que os que sabiam manejar esses elementos mantinham ligação estreita com o sagrado, sejam xamãs, curandeiros, impondo respeito e até mesmo temor ao grupo.

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Períodos negros de nossa história vieram acompanhados de caça e morte às mulheres que tinham especial dom e capacidade de lidar com as plantas, e com uma boa dose de preconceito, outra de arrogância, e muita ignorância, transformaram-nas em feiticeiras, bruxas com estigma maligno, e por aí vai. A pesquisa histórica é farta em nos mostrar os caminhos tortuosos da intolerância e, em contrapartida, a força feminina: sugiro aqui um belo livro, “Mulheres que correm com os lobos”, de Clarissa Pinkola Estés (Ed. Rocco).

Tornemos às plantas e sua união com o cosmos: herboristas sabem que a colheita, plantio e mesmo a obtenção de óleos essenciais variam de acordo com as fases da lua, pois beberam na fonte de Gaius Plinius Secundus, que viveu no Império Romano de 23 a 79 d. C.

Plínio, o Velho, como era chamado, registrou suas observações no livro Naturalis Historia, um dos mais abrangentes da história natural, ensinando povos e gerações desde então, assim como o fazem os povos indígenas, aborígenes e milhares de grupos étnicos por todo o mundo que conhecem a fundo a magia e os mistérios do mundo vegetal.

Mistério lembra segredo? Pois há outro livro, icônico, “A vida secreta das plantas”, de Peter Tompkins e Christopher Bird (Ed. Expressão Cultura), extremamente instigante, farto em dados, que em 1974 colocou luzes onde apenas havia nossa intuição: sim, as plantas sentem, reagem, interagem, conosco e com absolutamente todo o universo.

Os autores contam que sua extensa pesquisa teve como base os relatos da descoberta casual em 1967 de um técnico do FBI, nos Estados Unidos, Cleve Backster. Testando um detector de mentiras, observou as reações surpreendentes, registradas, de uma dracena ante os estímulos sensoriais, como o fogo. Desde então inúmeros experimentos têm sido feitos com plantas, sempre com resultados convergentes com os iniciais, demonstrando o que não conseguimos explicar racionalmente, mas sentimos – como negar o prazer silencioso de cuidar das plantas, manuseá-las, tê-las por perto, observando seus ciclos, sua completude?

Elas perfumam, curam, protegem, adornam, alimentam, vestem, abrigam, interagem com o visível e o invisível. Tenho comigo que está certamente além de nossa pequenina compreensão até onde elas podem chegar: até lá, que tal fazer como os babilônios, que já no século XVIII a.C. penduravam em suas portas buquês de plantas, para proteção? Manjericão, erva-doce, alecrim, arruda…junte todos ou qual estiver à mão: com um laço bem bonito, experimente essa “simpatia”, para que bons ventos sempre possam chegar ao lar.

Um punhado de plantas para todas as horas, especialmente para nosso espírito, nesse novo ano que se inicia: que possamos desfrutar dessa sabedoria de nossos ancestrais, vindos de todas as partes do mundo, assim desfrutando a cada dia sua real magia. (Foto principal: https://bit.ly/2Am3R3k)


ELIANA CORRÊA AGUIRRE DE MATTOS

Engenheira agrônoma e advogada, com mestrado e doutorado na área de análise ambiental e dinâmica territorial (IG – UNICAMP). Atuou na coordenação de curso superior de Gestão Ambiental, consultoria e certificação em Sistemas de Gestão da qualidade, ambiental e em normas de produção orgânica agrícola.