Amanheceu um dia lindo em Tocos do Moji , eu e o Pepê – o cão peregrino – acordamos felizes, gratos já que no dia anterior o temporal nos trouxe o ônibus amarelo de presente. E prontos para continuar o Caminho da Fé ao contrário. Mas tínhamos um novo desafio: no trecho que se iniciava tem a Porteira do Céu. Como o seu próprio nome diz, ao alcançar o topo, temos a sensação de estarmos na entrada do paraíso. Outro desafio seria chegar no distrito de Crisólia, que fica depois de Ouro Fino. Seria um dia intenso.

Seguimos de coração aberto para o novo. Eu gosto de cantar a música “Menino da Porteira” quando estou indo para Ouro Fino. Eu sabia que iria encontrar lá o monumento gigante da porteira, o Boi sem Coração e a Aracele, a moça que me escreveu dias antes com o desejo de nos encontrar pessoalmente.
Na saída de Tocos do Mogi, de novo o alerta:
– Moça o Caminho da Fé é pra lá…
Dessa vez, porém, o mineiro encantou meu coração. Quando parei para explicar que estávamos fazendo a peregrinação na contramão, ele, com todo carisma, disse que fazíamos o caminho do avesso “dozavesso”. Foi muito divertido esse ponto de vista. E com essa energia conquistamos o topo da porteira do céu. De lá seguimos numa descida íngreme. E é bom que se diga que nem sempre a descida é um alívio. Tem algumas que parece que a gente vai descer rolando. É nesta hora que se percebe como o cajado é importante. Ele pode salvar o peregrino.
VEJA COMO FOI A PEREGRINAÇÃO DE VALÉRIA GONÇALVES E PEPÊ CLICANDO AQUI

Quando chegamos na frente a igreja matriz liguei para Aracele e marcamos um encontro num café ali no centro. Em cinco minutos ela chegou, acompanhada do marido Daniel(ambos na foto acima; ao fundo o Boi sem Coração). Os dois eram uma visão dos anjos. Fiquei arrepiada. Ela chorava de emoção. Neste momento eu vivi algo inusitado. Uma amizade nascia. Coisa que a razão não explica. Ela me contou sobre os milagres que receberam, agradeceu por sermos inspiração para o casal, abriu a porteira da cidade para nós dois e ganhamos uma amizade para vida.
O Caminho só é real quando você ultrapassa toda aquela muralha que não te permite enxergar o novo. A partir daí, mesmo já tendo percorrido 70% do percurso, eu já sabia que os 30% que restavam seriam de presença e entrega. E olha que eu nem imaginava que neste mesmo dia outro milagre iria acontecer rumo a Crisólia.

VALÉRIA GONÇALVES
É repórter-fotográfica e se descobriu peregrina em 2016. Saiba Mais: @dog_peregrino
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