Tenho acompanhado, com cautela e atenção, os primeiros passos do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), até mesmo por respeitar a democracia e tentar compreender o que nos dizem os eleitores com suas escolhas, nas urnas. Como já escrevi em outras colunas, acredito ser importante acompanhar o governo para ter acesso e melhores condições de avaliação do mesmo e, embora nunca tenha sido um entusiasta do ‘bolsonarismo’, sempre reconheci as ondas políticas que exigem renovação e não torci contra esse ‘novo’ momento. No entanto, no terceiro mês de mandato, não podemos nos esquivar de pedir respeito do próprio presidente ao cargo que ocupa, à figura que deveria representar e honrar dentro dos poderes. Ver, a cada dia, deslizes e presepadas nas redes sociais de autorias daquele que conduz a República é nos depararmos com um despreparo perigoso e uma confusão entre público e privado que nunca nos ajudou a progredir como País. Falta postura institucional séria ao senhor Jair Bolsonaro.
Como bem disse o jornalista, professor da USP e consultor político, Gaudêncio Torquato, em editorial da Folha de S.Paulo desta semana, ‘a liturgia da República está no brejo’ diante de ações do presidente que expõem à nação nada que de fato contribua para as soluções dos nossos problemas. Se o presidente dispensa tempo para comentar no Twitter sobre suas impressões pessoais a respeito do Carnaval, onde encontramos algum sinal de seriedade de sua parte em compreender o que são nossas raízes, nossa cultura, nossas manifestações já históricas? Como pessoa, ele não é obrigado a gostar do Carnaval, mas seu posto de mandatário do Poder Executivo não corresponde com a atitude pequena de desmoralizar uma festa popular, em quaisquer que sejam suas expressões – nas ruas, nos camarotes, nas avenidas e quadras de samba. Uma festa, aliás, que mais uma vez dita por Torquato, gerou 20 milhões de empregos temporários e R$ 7 bilhões nas contas dos comércios e serviços. Esse quadro econômico é que deveria ter chamado atenção daquele que se elegeu sob a promessa de alavancar o País da crise.
A posição de um ‘chefe’ da nação exige, além de lisura e comprometimento (características que também já nos parecem questionáveis no caso de Bolsonaro), institucionalidade, ou seja, isenção ao respeitar movimentos, bagagens e histórico próprios do País, que andam com as próprias pernas há tempos, independentemente dos presidentes eleitos. A falta de senso e lida com as redes sociais também deixa clara a irresponsabilidade de alguém que detém o maior cargo de uma nação. Suas palavras, portanto, têm influência e não podem contribuir para desinformação, reforço de preconceitos e como meios de inflamar a população, como já foi feito na campanha eleitoral.
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Enquanto o presidente se comportar como candidato, sem medir consequências de suas palavras e atos, passaremos vergonha perante os outros países, perante nós mesmos, perderemos ainda mais nossa autoestima e não sairemos da nossa eterna síndrome de vira-lata, o que não nos ajuda em feitos práticos na economia e na sociedade como um todo. O Brasil é muito maior – em conquistas e problemas – do que as discussões pelo Twitter. É preciso que passemos a cobrar uma postura séria daquele que recebeu a confiança de milhares de brasileiros, para que de fato a gente alcance o que precisa e pare de patinar na limitada influência que temos recebido.
FAOUAZ TAHA
É vereador na Câmara de Jundiaí pelo PSDB, eleito pela primeira vez nas eleições de 2016. Tem 30 anos. Atualmente é líder do governo municipal na Casa de Leis, além de presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, Desporto, Lazer e Turismo do Legislativo. Nascido em Jundiaí, Faouaz é formado em Educação Física pela ESEF e tem pós-graduação em Fisiologia do Esporte pela Unifesp. Antes de ser vereador, teve experiência na gestão pública com participação na Secretaria de Esportes