Dezesseis dias depois de negar de forma veemente que a tarifa do ônibus em Jundiaí não sofreria aumento, muito menos de R$ 4,50 (como o Jundiaí Agora noticiou), o prefeito Luiz Fernando Machado foi desmentido pelos próprios assessores. Nesta quinta-feira (28), durante apresentação de estudo sobre os impactos da subvenção do transporte coletivo, os gestores de Mobilidade e Transportes, Silvestre Ribeiro, e de Governo e Finanças, José Antônio Parimoschi, confirmaram que o preço da passagem vai subir em janeiro. Machado está sem agenda oficial até o próximo dia 2. Portanto, ele não participou do evento. E o vice-prefeito, Antônio de Pádua Pacheco, que responde pela administração até a volta do chefe do Executivo, também não apareceu. O valor ainda não foi definido segundo Silvestre. Isto deverá ocorrer na primeira semana de janeiro.

De acordo com o gestor de Transportes, os benefícios existentes hoje serão mantidos por determinação de Machado. Dois domingos de cada mês continuarão tendo a tarifa social de R$ 1. Os estudantes continuarão tendo 50% de desconto. Mas, segundo o gestor, é preciso lembrar que o transporte público acumula a inflação de maio de 2012 a novembro deste ano, algo em torno de 42%. O prefeito também determinou que o subsídio não aumente. “No ano passado foram gastos R$ 22 milhões. Cerca de R$ 6 milhões ainda estão sendo pagos. Para este ano, o valor total é de R$ 25 milhões. Será preciso atualizar a tarifa nos próximos quatro anos. Caso contrário, até 2021 teremos R$ 250 milhões em subsídio. Repassando a inflação é possível trazer este aporte para os R$ 114 milhões. O restante, R$ 130 milhões poderão ser usados para melhorar a qualidade do transporte na cidade”, informou o gestor.

Boatos, mentiras e desmentidos – Hoje, a tarifa do transporte urbano de Jundiaí é de R$ 3,80. No dia 13 último, fonte ligada à Prefeitura informou ao JA que a passagem poderia ser reajustada em R$ 4,50. A assessoria de imprensa do Executivo foi consultada e respondeu que naquele “momento as tarifas de ônibus permanecem inalteradas”. Uma resposta que o jornalista e escritor Nelson Rodrigues chamaria de ‘óbvio ululante’ já que os reajustes sempre ocorrem no início do ano. No mesmo dia, o prefeito deu entrevista a um jornal que publica vídeos da Prefeitura e recebe verbas cujos valores não são divulgados e “desmentiu mais um boato que circula pela cidade”. Machado prosseguiu na entrevista: “surgiram comentários de que a passagem subirá para R$ 4,50 no próximo dia 1º de janeiro. É mentira. Eles são demais para criar boatos. Pode garantir às pessoas que nenhum reajuste virá no dia 1º e muito menos de R$ 4,50. Faz quatro anos que a tarifa não é reajustada. Uma hora ela vai ter de ser corrigida. Mas não já, como estão espalhando”, disse o prefeito (veja print da página da entrevista do prefeito abaixo).



Ironia – Até hoje, Luiz Fernando Machado ou outro gestor não usaram um veículo oficial – como o site da Prefeitura – para desmentir a informação do Jundiaí Agora. Ou a do Portal tudo.com.vc, que no mesmo dia divulgou que o aumento viria. Só não deu o valor. O prefeito poderia ter publicado um vídeo em sua página do Facebook, o que faz muito bem, diga-se de passagem. O irônico deste episódio é que ao dar a tal entrevista em que assegurou que não haveria reajuste, inconscientemente o próprio prefeito de Jundiaí passou a ser o autor de um boato que enganou muita gente e que seria desmentido hoje pelos gestores nomeados por ele.

É claro que se existia realmente planos de se aumentar a passagem do ônibus para R$ 4,50, com a divulgação do valor em primeira mão pelo JA, os técnicos da Prefeitura pensaram num plano B. Qualquer que seja o valor do reajuste daqui para frente (mesmo que seja de R$ 4,49), será argumento para dizer que o Jundiaí Agora errou. Mas não dá para negar que o prefeito espalhou uma informação errada.

Hoje, Machado deixou dois de seus gestores – um deles, Parimoschi, com extrema experiência em finanças públicas tendo atuado em outros governos municipais (e com muita competência, segundo profissionais da área e políticos) para dar a notícia. Parimoschi é tido por alguns como o homem que realmente comanda a cidade já que tem a chave do cofre -, e ficou numa situação no mínimo estranha: explicando algo que o prefeito disse que não iria ocorrer. Ou, em última hipótese (e como é muito usual), a culpa será atribuída ao jornalista que ‘não compreendeu’ as informações passadas por Machado no dia 13. Por este motivo, o JA não publicou o nome do jornal nem o nome do jornalista no print acima.

Linha do tempo – É preciso lembrar que um dia antes, o prefeito foi convencido por vereadores da base aliada a retirar o projeto que aumentava o IPTU em 25%. Na inauguração de um supermercado, Machado foi vaiado pelos consumidores que aguardavam a abertura do estabelecimento. Além disto, a atual administração vem sendo criticada pelos matagais que se espalham pela cidade, o que vem afetando ainda mais a imagem de Machado que virou alvo de piadas e comentários até ofensivos nas redes sociais. 

Nesta tarde surgiu a informação de que a Imprensa Oficial publicou a contratação de uma empresa para fazer o corte do mato. A assessoria da Prefeitura foi questionada mais uma vez e deverá enviar nota oficial amanhã. Já o presidente do Sindicato que cuida desta categoria, Joel Alves de Abreu, que revelou dias atrás os motivos de tantas ervas daninhas espalhadas por Jundiaí, declarou hoje que a empresa Trail foi contratada em caráter emergencial para realizar o serviço.