As declarações do prefeito Luiz Fernando Machado (LFM) a respeito do SOS, publicadas ontem no Jundiaí Agora, despertaram uma ponta de esperança no presidente da entidade, César Favarin, e também na ex-presidente da Associação de Moradores do jardim Danúbio, Andréa Bonamigo dos Santos. Para LFM, transferir os menos favorecidos que precisam do SOS para baixo do viaduto da vila Rio Branco não é o melhor caminho e até tira a dignidade destas pessoas e de quem trabalha ali. Favarin e Andréa concordam. Eles não querem a instituição funcionando na rua Prudente de Moraes.
A primeira edição do Jundiaí Agora registrou o drama de moradores e comerciantes do entorno do SOS. Eles vêm sendo vítimas de furtos e roubos. Alguns já presenciaram brigas entre os frequentadores e até sexo em plena calçada. O SOS é vizinho de várias escolas. Pais e crianças têm medo dos moradores de rua. Para piorar a situação, quando a entidade não tem mais leitos, as calçadas acabam servindo de dormitório.
Para LFM, os serviços do SOS são essenciais. “Porém, é preciso encontrar um novo caminho para a entidade que não seja o Anhangabaú ou embaixo do viaduto”, explicou. O prefeito afirmou ainda que não teve tempo para discutir a situação da instituição com seus assessores.
A ex-presidente da Associação de Moradores do Danúbio tem pressa. Ela gostaria que LFM arrumasse um horário em sua agenda para falar do SOS com moradores e também com os representantes do Conseg Jundiaí Leste. “Queremos explicar para ele o que está acontecendo aqui desde a chegada da entidade”, argumentou.
Na verdade, nem Andréa nem os outros integrantes da Associação de Moradores sabiam que o SOS estava funcionando na rua Prudente, embaixo do viaduto, desde o dia 11 de julho do ano passado. Foi a reportagem do Jundiaí Agora mostrando a situação dos moradores e comerciantes da rua Prudente que os alertou. “Daí unimos os pontos e percebemos que coisas que antes não aconteciam no bairro passaram a ocorrer com grande frequência”, disse ela.
Segundo Andréa, quem vive no jardim Danúbio participa de um grupo no Whatsapp e não dá esmolas. Esta ideia deverá ser expandida para toda cidade em breve. “Antes víamos um morador de rua por mês aqui. Hoje, são dois, três todos os dias. Não damos esmolas e eles ficam bravos. Acabam xingando e chutando os portões de nossas casas”, explicou. Também é frequente ver andarilhos dormindo na Praça da República. “Na praça da igreja Santa Terezinha tem uma banca de jornal. A dona mal consegue abri-la porque sempre tem morador de rua dormindo ali. Alguns são bem violentos”, contou.
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Para complicar ainda mais a situação dos moradores do Danúbio, o SOS está situado bem na divisa de atendimento dos dois batalhões da Polícia Militar de Jundiaí, o 11º e o 49º. A linha do trem corta o ‘território’ da PM. O primeiro só pode atender casos ocorridos do lado da rua Prudente. O outro pode agir na região do Danúbio. Esta divisão tem ocasionado algumas dificuldades para os moradores. No próximo mês, Andrea participará de uma reunião no Conselho Barão de Jundiaí, que é atendido pelo 11º Batalhão, para explicar o que está acontecendo. “Uma coisa é certa: nós entendemos a importância do SOS. Mas não o queremos aqui”, concluiu.
No SOS – O presidente da entidade, César Rogério Favarin Santos, voltou a falar o que foi publicado no dia 1º no Jundiaí Agora. Ele também não quer a entidade na rua Prudente. “Não é possível voltar para o Anhangabaú. Lá, os moradores não nos aceitam mais. E atender embaixo de uma ponte não dá”, disse.
Favarin revelou que agora grupos de moradores de rua estão cozinhando na calçada ao lado do SOS. “Olha, eu tenho comigo que em breve eles vão cortar a tela que protege o outro lado do viaduto, vão invadir a área e montar um acampamento ali”, previu. O presidente do SOS disse também que assessores de LFM entraram em contato para agendar uma reunião que acabou sendo desmarcada. “Estamos esperando, inclusive, a visita de gestores para mostrar que aqui não é o melhor lugar para este tipo de atividade”.
Sobre o futuro, Favarin sabe que sofrerá resistência de qualquer bairro que receber o SOS. “Em nenhum lugar seremos bem recebidos. Por lei precisamos estar dentro do perímetro urbano. Quem vai querer uma entidade assim como vizinha?”, perguntou.