Julho, mês das PRETAS

pretas

Nós, mulheres transexuais e travestis negras e pretas sempre fomos subjugadas, subordinadas à uma sub-representação da identidade feminina, somente como prostitutas, como párias, como seres abjetos, em um país tão desigual, tão conflitante, tão discordante, tão cheio de transfobia e tão preconceituoso. Onde o regime do patriarcado colonizador, o racismo e a transfobia estrutural estão na base rotineira diária de tudo.

Nós mulheres transexuais e travestis negras e pretas, trabalhadoras, profissionais do sexo, ou não, somos, diuturna e diariamente, assediadas, moral e sexualmente. Vivemos sob uma subparticipação cotidiana, resistindo, insurgindo, e sobrevivendo com as discriminações e discrepâncias de uma nação colidente em oportunidades e direitos isonômicos, entre as identidades binárias, femininas e masculinas.

A política, social e partidária, não é o único jugo, o único braço que nos direciona, que nos conduz, porém é um fluxo, um veículo importante na luta de resistência de um país dicotômico entre dois mundos, entre duas sociedades.

Há muito tempo nós, mulheres transexuais e travestis negras e pretas, decidimos ser protagonistas de nossas próprias histórias, de nossas vidas e não queremos entregar nossos destinos nas mãos de representações cisgêneras, por mais que sejam nossas aliadas e parceiras, mas que não nos representam de fato e porque ainda não temos essa representatividade, seja jurídica ou parlamentar progressista.

Por isso, nos organizamos politicamente em movimentos sociais, de mulheres transexuais e travestis negras e pretas e transfeministas, para lutarmos por direitos igualitários e equânimes, pois desde a comida, desde o pão, que entra em nossas bocas, ao chão que pisamos, como cidadãs, queremos ter participação, porque são decisões políticas que são necessárias para nossa sobrevivência.

Portanto, assim os poderes políticos se realizam sob controle e as influências do poder econômico capitalista, da supremacia racial, patriarcal e cisnormativa, reducionista e genitalistas da branquitude. Tanto o patriarcado quanto o racismo e a transfobia estrutural configuram-se por relações de poder e as consequências desses “sistemas” opressores, absolutistas, arbitrários e ditatoriais estão imbricadas sobrepostas, interligadas na forma como acessa – ou não – e se exerce esse poder privilegiado, ainda tão cishegemônico. Pois, se nós, mulheres transexuais e travestis negras e pretas, enquanto nos privarem de exercer o poder decisório relativo às nossas próprias vidas, alguém o fará por nós: pessoas cisnormativas eleitas por uma branquitude tóxica e elitista. 

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Todas nós, mulheres transexuais e travestis negras e preta devemos ficar sempre ligadas sobre as políticas sociais e públicas. Elas são responsáveis sobre a nossa história, sobre a nossa cidadania e uma questão da nossa dignidade e sobrevivência. Sempre lembrando que a essência dos direitos humanos é direito a ter direitos. Podem até ter combinado de nos matar. Mas, nós decidimos que não vamos morrer…

SAMY FORTES

Ativista dos Direitos Humanos – Pilar Diversidade Sexual

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