Nos últimos anos, temos visto passar pelo Palácio da Alvorada uma sucessão de primeiras-damas que pecaram pela falta de comprometimento com o país. Basta dar uma fuçada no Google para perceber que as esposas de nossos presidentes passaram figurativamente ao largo do poder e pouco ou nada deixaram de legado para gerações futuras. Pelo menos, a grande maioria delas. Agora, ao que tudo indica, temos uma primeira-dama que faz a diferença. Pelo menos é o que esperamos…
Pego o exemplo da ex-primeira-dama americana, Michelle Obama, que teve atuação destacada ao lado do marido Barack Obama, ao longo dos oito anos de mandato dele. Hoje, Michelle é adorada pelos americanos, tanto pela sua inteligência e sagacidade, quanto por sua simpatia. Outra primeira-dama americana que deixou sua marca foi Hillary Clinton, e olha que ela quase conseguiu se igualar ao marido, Bill Clinton, perdendo por pouco a eleição para presidência dos EUA para Donald Trump. E o que dizer de Jacqueline Kennedy, um ícone. Já Melania Trump, a primeira-dama atual, lindíssima, vem comprovando o velho ditado “beleza não se põe na mesa”….
No Brasil, podemos contar nos dedos as primeiras esposas que souberam utilizar os espaços do poder em Brasília em favor da sociedade. Uma delas, com certeza, foi a ex-primeira-dama Ruth Cardoso, mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ela era uma intelectual, antropóloga de formação, não se deixou contaminar pela vaidade da posição que ocupava e até rechaçava o título de primeira-dama. Ruth deixou uma marca indelével no Brasil, ao criar o programa Comunidade Solidária com foco na inclusão social e combate à pobreza. Foi essa iniciativa que deu origem ao Bolsa Família, um dos maiores programas sociais do país, que acabou ganhando um viés político-eleitoral nos governos posteriores. Sem dúvida, uma mulher notável.
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Depois de Ruth Cardoso, infelizmente, o posto de primeira-dama se transformou em pura figuração. Pouco ou nenhuma ação importante teve a marca das esposas dos últimos presidentes. Mas os ventos parecem estar mudando. Michele Bolsonaro já começa a dar mostras de que possui vontade política e, de forma inédita, até falou no parlatório, no dia da posse do marido, quebrando o protocolo. Está se notabilizando como defensora dos direitos dos excluídos, especialmente dos portadores de deficiências auditivas. Quem sabe não será Michele quem retomará o brilho das primeiras-damas engajadas, que não vivem à sombra do marido e nem se dedicam apenas aos afazeres do lar. Vamos aguardar e torcer…(Foto: Agência Brasil)
VÂNIA ROSÃO
Formada em jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Trabalhou em jornal diário, revista, rádio e agora aventura-se na internet.
