Professores não querem Escola sem Partido; vereador se DEFENDE

Professores da rede municipal de ensino de Jundiaí não concordam com o projeto do vereador Antônio Carlos Albino (PSB), que institui o programa Escola sem Partido nas unidades de ensino. Ontem foi protocolado um abaixo-assinado com 1100 assinaturas na Câmara Municipal. Além disto, os organizadores do movimento prometem várias ações para frear o avanço da proposta. Estas ações não foram reveladas. Hoje, professores prometem ir à Câmara. Por volta das 17 horas vão conversar com os vereadores no Plenarinho. “Iremos mostrar os pressupostos pedagógicos e jurídicos que não sustentam o projeto”, explicou o historiador Felipe Pinheiro, que faz parte do movimento (na foto acima segurando o abaixo-assinado). Depois, já na sessão, ocuparão a Tribuna Livre para dialogar com a população. Albino se defende mostrando uma série de fotos e vídeos nas quais, segundo ele, crianças e adolescentes são manipulados politicamente por professores. Ele também criticou a Teoria de Gênero que, de forma geral, é o conceito de que, enquanto uma pessoa possa ser biologicamente masculina ou feminina, ela tem o direito de se identificar como homem, mulher, os dois ou nenhum.

O abaixo-assinado foi feito no final do ano passado quando a categoria imaginava que a proposta seria votada. “Destacamos na primeira página do documento a assinatura do vereador Antônio Carlos Albino, que é ligado ao MBL. Ele assinou o abaixo-assinado na frente de dezenas de professores e se posicionou publicamente contra o projeto. Mas hoje é o autor da proposta que está com tramitação suspensa. Quanta incoerência vereador! Assina uma coisa, se elege e faz outra. Que vergonha”, disse Pinheiro pelas redes sociais. Os professores envolvidos na organização do movimento contra o Escola sem Partido estão se reunindo periodicamente(foto abaixo).

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Albino se defende: “O primeiro projeto apresentado realmente não era do meu agrado. Por isto fui contrário já que previa até a prisão para professores e esse não é o caso da minha proposta. Era algo muito radical e entendo que não era justo. O meu projeto é equilibrado e sensato. E eu não sou ligado ao MBL”, explica. Quanto ao comando da resistência ao Escola sem Partido, Albino disse que “eles são radicais e distorcem as coisas”. O vereador também encaminhou uma série de fotos e vídeos (abaixo) mostrando crianças e adolescentes gritando “Fora Temer”. Também há fotos de crianças com cartazes defendendo Dilma Rousseff, assim como fotos de crianças e adolescentes protestando contra a PEC 241, que criou teto para os gastos públicos. “Alguém acha que criança pequena sabe lá o que é uma PEC?”, perguntou o vereador. Também foram enviados cartazes supostamente feitos por alunos escolas públicas de Florianópolis. Seriam para um concurso promovido pela Universidade Federal de Santa Catarina. O material, desenhos mostrando homossexuais, veio acompanhado do seguinte comentário: “imaginem o que essas crianças escutaram em sala de aula para produzir esses cartazes”.

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Sobre a teoria de gêneros, Albino disse que não é preconceituoso nem homofóbico. “Respeito a todos. Não podemos tratar tudo como se fosse uma coisa normal. Normal é homem com mulher. Pluralismo é importante mas precisa discutido. O que não pode é ser direcionado para um lado ou para outro. Se fizerem uma pesquisa, 95% da população brasileira é favorável ao projeto. Alunos tendo de fazer redação sobre o beijo entre homens e entre mulheres… isso é coisa de louco. Existem dois tipos de pessoas: as que têm problemas com elas mesmas e as que querem difundir seus problemas. Sou contra estas últimas. A pessoa que se trate ou se assuma. Mas professor não tem que se envolver nisto. Também há a questão das religiões. Já imaginou o professor perseguindo alguém que não é católico?

Réplica – Felipe Pinheiro rebateu as argumentações de Albino. “O projeto é inconstitucional. Ele retira a liberdade da cátedra (que quer dizer “cadeira de quem ensina”) do professor. Para o historiador, a proposta consolida um ambiente de trabalho no qual o professor é vítima de assédio moral. “Pela visão conservadora, a proposta tira da sala de aula temas importantes como a violência contra as mulheres, racismo e homotransfobia”, disse.

Segundo ele, o projeto atinge apenas os professores da rede municipal. Porém, a Apeoesp (sindicato dos professores da rede estadual de ensino) já se posicionou publicamente contra a proposta que também tramita na Assembleia Legislativa. “Muitos diretores de escolas municipais estão participando do movimento contrário ao Escola sem Partido”, concluiu Pinheiro.

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