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RACISMO e preconceito nunca deixaram de existir

racismo

Queria comentar alguns trechos retirados de entrevistas, e conversas pessoais ou fatos que chamaram a atenção pela maneira como foram relatados. São contos, depoimentos e fragmentos de pequenas histórias que mostram como o racismo, o preconceito, nunca deixaram de existir. 

Grande Otelo num programa Roda Viva, em 1987, foi questionado sobre as estereotipadas maneiras de apresentação dos personagens negros. O que ele acharia da interferência dos autores dos textos? Ele disse: “ainda me considero discriminado, depois de tanto tempo de trabalho”. 

Chocolate grande comediante contava uma piada: “o branco correndo na rua era um atleta, o preto correndo todo mundo gritava, pega ladrão!”. Essa piada foi contada até a saturação nos espetáculos dos entre as décadas de 1950 e 1960. Por imposição dos brancos que achavam muito engraçado até eles perceberem que era uma critica contra o sistema. Aí, eles acharam que a piada não tinha mais graça. Vovó dizia que era uma bofetada com luvas de pelica

Opinião de Djalma Mourão em resposta a uma postagem no Facebook: “Eu sou negro, apenas tenho pele clara. Sou filho e neto de negros. Meus avós e mãe eram brancos! Todos meus irmãos são de pele branca. Sou casado com uma negra (um privilégio, para fazer aquele contraste lindo de cores), Sou grato a Deus por isso. Meu único filho tem a mesma cor de pele que a minha! E neste nosso país de miscigenação, que não precisa nem deveria alimentar racismo, não precisará sofrer com discriminação de cor, como sua mãe”. 

Tive e tenho o privilégio de conviver com pessoas negras ou pretas como alguns preferem chamar, e posso garantir, somos todos iguais. E racismo é desprezível!!! É uma anomalia séria a ser combatida e nunca tolerada. E viva essa palheta de cores que o Criador sabiamente criou para enfeitar o mundo.

Trabalhei no Clube Jundiaiense entre os anos de 1971 e 1975. Em certa ocasião o Castrinho, que era o diretor social, disse que tínhamos recebido convite do Grêmio de Itatiba para um baile com a banda ‘Os Incríveis’. Ninguém quis. Na época, o centro acadêmico da Faculdade de Medicina iria realizar um baile. Fui até lá acompanhado pela Sandra dos Santos, o Theo Conceição. Pedimos caronas. Negaram. Fomos de táxi. Apresentei o convite na portaria, o porteiro falou convite era para duas pessoas: O Theo e a Sandra brancos. Quem ficou do lado de fora? Mas o Theo, na condição de jornalista, falou com o presidente, disse que eu era assistente administrativo no Clube Jundiaiense e que faria uma bela cobertura do baile.

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O presidente autorizou e quando entrei no salão percebi que era o único negro. Até chegar na mesa do presidente e ser apresentado a uma moça negra bonita, sentada na mesa fazendo companhia ao casal. Sentamos na mesa ao lado do conjunto. Sandra fazia cursinho no Universitário e conhecia a trupe. Quando eles começaram a tocar, a surpresa fui tirar a acompanhante do presidente para dançar. Levei tábua. Depois ela saiu dançando com o casal, formando um trio. E foi assim a noite inteira. Muito engraçado. Dancei com as outras é claro, conhecia muita gente foi um bailão.

Estes são três tipos de acontecimentos onde o racismo e o preconceito de raça se apresentaram de maneiras disfarçadas. Mas que nunca deixaram de existir.(Foto: Angela Roma/Pexels)

LUIZ ALBERTO CARLOS

Natural de Jundiaí, é poeta e escritor. Contribui literariamente aos jornais e revistas locais. Possui livros publicados e é participante habitual das antologias poéticas da cidade.

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