O radicalismo toma conta do Brasil. Uma parte da elite não se conforma com a derrota nas eleições presidenciais. As denúncias são recorrentes: corrupção no sistema eleitoral do país. Não há como fazer a verificação do voto do eleitor. O que vale é o que é anunciado pela junta eleitoral. Sem rodeios. As disputas e agressões devem ser resolvidas pela Justiça. Mas há quem entenda que os juízes também estão contaminados com o partidarismo político, por isso perdem a credibilidade e a isenção para proclamar quem teve o maior número de votos, vencendo a eleição.
No centro das disputas está a presidência da República. Desde o nascimento do regime e da promulgação da primeira Constituição, o centro do poder gravita em torno do presidente da República, detentor do Poder Executivo e da chave do cofre que banca obras, cargos públicos para aliados políticos e mordomias. A escolha do presidente encobre todas as outras escolhas, principalmente dos senadores, deputados federais e estaduais. Há quem defenda que é preciso dividir o processo de escolha em eleições diferentes, porque o eleitor vota no candidato a presidente e esquece do resto. Ou vota em qualquer um. Com isso, a elite corre o risco de ser alijada do Poder Legislativo e ter que correr atrás de um cargo público de nomeação para continuar vivendo da política e dos impostos pagos pela população.
Com o radicalismo, há ameaça de guerra civil no país. O presidente precisa dos militares para se manter no poder. É o que se convencionou chamar de Partido Verde Oliva, uma força que nunca se constituiu em um partido de fato, mas que teve participação ativa em vários episódios políticos do Brasil. Perdeu, mané!!! Corrupção, compra de votos, urnas viciadas. Estes são os argumentos da oposição diante da derrota de seu candidato frente ao candidato oficial, apoiado pelo atual presidente da República. A Aliança Liberal não se conforma com a vitória de Júlio Prestes, o candidato paulista, sucessor da política do café com leite da República Velha e favorito do presidente Washington Luís.
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Em São Paulo, obtém 91% dos votos e derrota a chapa da Aliança Liberal composta com o gaúcho Getúlio Vargas, ex-ministro da Fazenda de Washington, e do paraibano João Pessoa. Inconformados, aliancistas pegam em armas para derrubar o governo. Não é necessário: um grupo militar de alto escalão prende o presidente Washington Luís, e o envia para o exterior. Com o radicalismo, Prestes é impedido de tomar posse e só lhe resta o exílio. Vargas e seus apoiadores avançam sobre a capital do Brasil. Querem o poder. Os militares golpistas, ameaçados de um conflito com outras tropas do mesmo exército, entregam o poder para Getúlio Vargas que assume poderes ditatoriais. É eleito, não leva, e o retrato de Prestes não está na galeria dos presidentes no site oficial da presidência da república. Virou estação ferroviária no bairro da Luz em São Paulo.(Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)

HERÓDOTO BARBEIRO
Heródoto Barbeiro é jornalista do Record News, R7 e Nova Brasil (89.7), além de autor de vários livros de sucesso, tanto destinados ao ensino de História, como para as áreas de jornalismo, mídia training e budismo. Apresentou o Roda Viva da TV Cultura e o Jornal da CBN. Mestre em História pela USP e inscrito na OAB. Acompanhe-o por seu canal no YouTube “Por dentro da Máquina”
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