A Secretaria Estadual de Cultura divulgou que a polêmica performance Rajada, do artista plástico Andrey Ziggnatto, não faz parte do processo do ProAc (ofício ao lado), órgão de incentivo à cultura que premiou a exposição realizada na Pinacoteca. Rajada vem causando discussão entre os defensores do patrimônio e artistas já que se tratou de “apedrejamento” a uma das janelas do prédio histórico e tombado. O gestor de Cultura de Jundiaí, Marcelo Peroni, saiu em defesa do artista. A Prefeitura pode ser multada já que é responsável pelo prédio. Ao JA, Andrey disse que não está arrependido de nada. Ele afi

Durante reunião do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado, o Condephaat, no dia 19 de março, a vice-presidência do órgão comunicou o ‘apedrejamento’ da Pinacoteca Diógenes Duarte Paes durante a abertura de uma exposição artística. Na ocasião, a Unidade de Proteção ao Patrimônio Histórico (UPPH) registrou um boletim de ocorrência e a Guarda Municipal esteve na Pinacoteca.

Rajada fez parte da exposição De Todas, Uma Mesma Terra, do artista Andrey Zignnatto. Divulgou-se na época que o caso seria encaminhado à Procuradoria Geral do Estado(PGE) a pedido do próprio Condephaat. Porém, foi para o Ministério PúblicoSegundo a Prefeitura, Zignnatto assinou um termo no qual se comprometeu a reparar os danos. Ao Jundiaí Agora – JA – o artista confirmou o conserto e questionou o conselho estadual que, segundo ele, “deveria estar mais preocupado com os problemas estruturais que há anos prejudicam o imóvel”. Desde então, os órgãos estaduais continuaram investigando a exposição e concluíram, após análise do edital do ProAc não fazia parte do projeto original.

A ouvidora da Secretaria de Cultura, Margaret Steagall, também disse que a Rajada não consta do descritivo do projeto aprovado “não havendo nenhuma menção a esta ação ou qualquer outra de caráter depredatório”. Ela lembrou que Andrey Zignnatto foi vencedor do edital ProAc 2017 e que a Secretaria e o Condephaat estão tomando as medidas cabíveis num processo interno. “Os demais trâmites necessários para embasamento e acompanhamento do caso está sendo feito pelo Ministério Público”, concluiu.

 

O autor da Rajada – Andrey (ao lado) disse ao Jundiaí Agora que já enviou um e-mail para a Secretaria Estadual de Cultura fazendo esclarecimentos. “De resto vou deixar com meus advogados porque sou artista e não tenho tempo para ficar travado com estas buRRocracias. Tenho certeza das minhas intenções como artista com este trabalho, e ele trouxe à tona tudo o que pretendia com ele! Todo esse ‘eco’ continua sendo parte do trabalho”, explicou.

Nas redes sociais, Andrey publicou o seguinte texto: Como fazer a cobra comer o próprio rabo! Você recebe um prêmio de um órgão da Secretaria de Estado da Cultura de SP e é processado pelo mesmo projeto por outro órgão da mesma Secretaria de Estado da Cultura de SP(abaixo)! A buRRocracia brasileira não tem limites!!! Cabe aos artistas acomodarem suas criações dentro dos padrões estabelecidos pelas instituições, num é?! Vou continuar produzindo meu trabalho e se não gostam, pois que se lasquem!!!
Ele esclareceu que “Rajada foi financiada com meu dinheiro e não com o dinheiro do ProAc. Estes entraves institucionais sobre a produção artística foi o assunto que quis debater com a criação deste trabalho: até que ponto o artista tem liberdade de criação frente às forças institucionais!? A exposição é propriedade intelectual minha e não do Estado. Quem define o que fazer ou não – ou a mais do que foi acordado com o Estado – sou eu. Tudo o que me comprometi em realizar através do projeto apresentado ao ProAcfoi realizado e muito mais”.
O gestor de Cultura – Marcelo Peroni afirmou que “um assunto simples gerou tanta discussão porque algumas pessoas gostam de polemizar”. A arte, de acordo com ele, tem o papel de gerar reflexão. “E, neste sentido, a exposição do Andrey cumpriu o papel dela”, afirmou.
O artista, de acordo com Peroni, além de ser reconhecido nacionalmente, “foi autorizado e apresentou um projeto com responsabilidade. Ele se comprometeu e fez os consertos. Apresentou a nota fiscal. O trabalho do Andrey foi o que levou maior público para a Pinacoteca. Ele fez várias ações educativas com professores e estudantes”. O gestor concluiu: “os mais conservadores tem certa dificuldade de aceitar…”