Enquanto o garotinho passava os dias na Casa Transitória Nossa Senhora Aparecida, no Anhangabaú, Maiza lembra que ia para o Fórum. “Conheci um senhor cujo o neto também tinha sido retirado pela Justiça, o seu Manoel. Foi quando começou o movimento das Mães da Praça. A gente se reunia todas as segundas-feiras em frente ao Fórum pedindo que a justiça fosse feita e pedindo também ajuda da imprensa. Ficávamos lá debaixo de sol e de chuva. Todos os dias aparecia uma mulher falando que o filho tinha sido tirado dela sob a acusação de maus tratos e desnutrição. Lembro que éramos em 55 pessoas”, relembra.
As Mães da Praça do Fórum chamaram a atenção da imprensa e foram destaque em programas de televisão. Também foram para Brasília conversar com o então ministro da Justiça, Renan Calheiros, e participaram da CPI do Judiciário, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Mas não eram unanimidade em Jundiaí. De acordo com Maiza, muitas pessoas passavam pelas mulheres e desejavam sorte. “Outros diziam que era melhor para as crianças terem sido retirados das famílias”.
O drama da cuidadora de idosos só acabou no dia 29 de janeiro de 1999. Segundo ela, nesta época várias mudanças ocorreram na Vara da Infância e da Juventude de Jundiaí. O juiz Luiz Beethoven Giffoni Ferreira fora promovido a desembargador e tinha sido transferido para São Paulo. No lugar dele assumiu o juiz Jefferson Barbin Torelli. “Naquele dia recebi um telefonema e falaram que eu poderia ir buscar o Thales na creche da Parmalat”, explica. Na época, a indústria mantinha uma creche cujo nome correto era Aldeia M & M Tanzi e também recebia crianças apreendidas pela Justiça.
Thales só ficou sabendo de sua história na adolescência. “Para mim não fez a menor diferença. Sempre a tive como minha mãe”. O lutador de MMA foi para Manaus já que lá, segundo ele, há mais oportunidades. Ele afirma que nunca parou para pensar como teria sido sua vida caso tivesse sido adotado por um casal estrangeiro. “Fiquei com ela não por sorte e sim por Deus”, conclui ele.
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