O professor Juliano Ricardo Marques(foto abaixo) acaba de lançar o livro ‘Jundiaí na Macrometrópole de São Paulo – A Importância de Jundiaí no Maior Aglomerado Urbano do Hemisfério Sul’. Para ele, a Região Metropolitana de Jundiaí criada no final do ano passado será boa para Várzea, Campo Limpo Paulista, Jarinu, Itupeva, Louveira e Cabreúva. Jundiaí, por outro lado, será beneficiada com a divisão de responsabilidades dos problemas, de acordo com ele. Leia a entrevista com o professor:
Qual a sua formação acadêmica? Onde trabalha?
Sou bacharel e licenciado em Geografia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP); especialista no Ensino de Geografia pela COGEAE/PUC-SP; mestre em Ciências pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP) e doutorando em Geografia pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita(Unesp – Campus de Rio Claro). Trabalho como professor de Geografia da Rede Estadual de Ensino e do Centro Paula Souza e Professor Universitário do Centro Universitário Unifaccamp.
O senhor é de Jundiaí? Onde estudou? Deu aulas em escolas locais?
Sim, sou de Jundiaí. Atualmente moro na região da Vila Maringá. Estudei sempre em escolas públicas: completei o 1º Grau, hoje ensino fundamental, na EE Profa. Cecilia Rolemberg Porto Guelli e o 2º Grau, hoje ensino médio, na EE “Dr. Antenor Soares Gandra”. Atuo como professor há 20 anos e já ministrei aula em Jundiaí na Rede Sesi, nos Centros Educacionais 189 (antigo Sesi da Vigorelli), 355 (ainda no prédio do antigo Sesi da Vila Rio Branco) e 409 (Sesão). Atualmente, sou professor na rede pública estadual na EE Profa. Maria de Almeida Schledorn, no Jardim das Tulipas. No Centro Paula Souza sou professor de Ensino Médio e Técnico da ETEC de Campo Limpo Paulista (Etecamp), na Etec Vasco Antônio Venchiarutti (ETECVAV) e na Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar, de Franco da Rocha. Também dou aulas para o ensino superior.
Antes de ser Região Metropolitana, Jundiaí foi sede de Aglomerado Urbano. Os críticos sempre disseram que o Aglomerado não trouxe benefícios para Jundiaí e região. Agora, com a Região Metropolitana, seguem a mesma linha. Na sua opinião, o Aglomerado foi benéfico? Se sim, como? A RMJ será ainda melhor? Vai realmente trazer benefícios?
Desde a criação das primeiras regiões metropolitanas no Brasil, em 1974, as instituições de planejamento urbano-regional, sejam elas Regiões Metropolitanas, Aglomeração Urbanas e Microrregiões, sofrem duras críticas de que pouco ou quase nada traz de benefícios para todos os municípios, ou ainda que só o município sede da região é que se beneficia com a institucionalização destas unidades de planejamento. O Aglomerado Urbano de Jundiaí (AUJ) serviu como um passo importante para a institucionalização da Região Metropolitana de Jundiaí (RMJ). A diferença entre o Aglomerado Urbano e a Região Metropolitana é que o primeiro prevê somente a criação de um Conselho Deliberativo, formado por representantes dos municípios integrantes e do governo estadual. Já a Região Metropolitana, além do Conselho Deliberativo, prevê a formação de um fundo de desenvolvimento, para auxiliar o financiamento das políticas públicas que permitam o desenvolvimento da região metropolitana, o que significa uma maior autonomia na governança dos problemas comuns entre os municípios que fazem parte da região, se comparado ao Aglomerado Urbano. Diante desta diferença pode-se esperar maiores benefícios para os municípios da região, se comparado quando eram Aglomerado Urbano.
Pode exemplificar como outras regiões transformadas em ‘metropolitanas’ foram beneficiadas?
Na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) há a integração entre os sistemas de transporte de ônibus municipal com os intermunicipais controlados pela EMTU e de trens controlados pela CPTM e pelo Metrô. Com a institucionalização da RMJ pode-se também desenvolver um sistema de integração entre o sistema municipal de transporte coletivo de Jundiaí com as linhas de ônibus intermunicipais ede transporte de trem da CPTM.
No início dos anos 2000, um político local explicava que Jundiaí não podia ser sede de uma região metropolitana por causa da proximidade entre São Paulo e Campinas e que junto com as cidades vizinhas ‘não tinham população suficiente’. Estes argumentos são corretos? Se sim, o que mudou para Jundiaí tornar-se sede de uma região metropolitana? Foi uma decisão meramente política?
Levando-se em consideração que este argumento é de duas décadas atrás, estava correto para época. Pelo Censo Demográfico de 2000 do IBGE, os sete municípios da RMJ juntos tinham uma população de 580 habitantes. Hoje, segundo o IBGE, a população estimada em 2021, dos municípios da RMJ é de 825 mil, portanto os sete municípios apresentaram, em 20 anos, um crescimento populacional de 245 mil habitantes. Este crescimento populacional é comparável a população de uma cidade média como Indaiatuba, além do fato de que a população da RMJ estar se aproximando de 1 milhão de habitantes. Outros dados e fatos permitem hoje classificar Jundiaí como sede da RMJ: 1º)Na classificação do PIB por município do Brasil de 2017, Jundiaí está classificado como a 17ª economia do Brasil, a 10ª economia na região sudeste e a 7º economia do Estado de São Paulo, na frente de outras cidades que já eram institucionalizadas como sedes de região metropolitana, antes mesmo de Jundiaí, como São José dos Campos, Sorocaba e Santos; 2º)Os municípios da RMJ apresentam uma alta taxa de urbanização, o que faz com que a população destes municípios seja predominantemente urbana e apresente uma População Economicamente Ativa (PEA) que vivem de atividades econômicas predominantemente urbana. 3º)O fato da área urbana de Jundiaí apresentar-se praticamente conurbado com as áreas urbanas de Cabreúva, Itupeva, Louveira, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista e Jarinu. 4º) Este processo de conurbação e o alto desenvolvimento econômico de Jundiaí faz com queos outros seis municípios apresentem um alto grau de integração com Jundiaí, o que permitiu ao IBGE, em 2016, classificá-los como o “Arranjo Populacional ou Concentração Urbana de Jundiaí”. Em outras palavras, isso não significa dizer que não há relações destes municípios com Campinas ou de São Paulo, mas sim que a relação entre eles é de uma magnitude tal, que justificou a classificação do IBGE há seis anos.
Por falar em parlamentares, a eficiência e força de uma região metropolitana estão diretamente ligadas à quantidade de deputados estaduais que consegue eleger?
Não. A institucionalização de uma região metropolitana deve ser uma iniciativa do poder Executivo Estadual e não do Legislativo Estadual, muito embora precise da aprovação da Assembleia Legislativa. Portanto, a região metropolitana é uma instituição política administrativa, que conta com um conselho deliberativo formado por representantes dos governos municipais e do governo estadual, para que juntos façam a gestão dos problemas comuns apresentados entre os municípios da região metropolitana. Entretanto, o poder legislativo tem reivindicado maior participação nas decisões tomadas pelas regiões metropolitanas, tanto que se têm formado os Parlamentos Regionais Metropolitanos, mas compostos por vereadores representantes das Câmaras Municipais dos municípios das regiões metropolitanas.
A apresentação do seu livro afirma que “Jundiaí consolidou-se como um polo de desenvolvimento industrial diversificado e recentemente como polo de comércio e serviços, mais especificamente o setor de logística, que possibilitou ao município investimentos na área de infraestrutura urbana (saúde, educação, comércio e transporte)”. O que a região metropolitana trará a mais para uma cidade que já índices tão altos de desenvolvimento, educação premiada, economia forte, hospital que atende as cidades vizinhas?
Os altos índice índices socioeconômicos apresentados por Jundiaí deve-se pelo fato da cidade ser um polo regional de desenvolvimento industrial e de serviços, o que resultou em investimentos em infraestrutura urbana. Estes investimentos possibilitaram tornar Jundiaí um polo de influência para as cidades ao seu entorno, com capacidade de atrair os moradores dos municípios vizinhos, que passam a utilizar os serviços nas áreas de educação, saúde, lazer, comércio, o que provocou o surgimento de problemas comuns típicos de região metropolitana de um país subdesenvolvido, ao qual o município com maior desenvolvimento econômico fica sobrecarregado para atender tanto a demanda de serviços de seus próprios moradores, como também, a demanda dos municípios vizinhos. A institucionalização de uma região metropolitana significa, para Jundiaí, a divisão de responsabilidades dos problemas comuns entre os sete municípios, desafogando muitos serviços que apresentam uma dinâmica regional, como por exemplo, os serviços de saúde.
Não seria correto imaginar que a região metropolitana poderá ser mais significativa para cidades menos desenvolvidas como Várzea?
A partir do princípio de que a institucionalização da Região Metropolitana significa a gestão dos problemas regionais comuns entre os municípios que compõe a região metropolitana, isso tem como resultado um desenvolvimento mais equilibrado entre os municípios da RMJ.
Na contramão da pergunta anterior, qual a importância de Jundiaí para a região metropolitana de São Paulo e também para a de Campinas?
Na realidade, a RMJ localiza-se geograficamente no centro do principal eixo rodoviário da macrometrópole paulista, que são as rodovias Anhanguera e Bandeirantes. A macrometrópole é a expansão da área urbana da Metrópole Paulista, ao longo dos eixos rodoviários a partir de São Paulo, o que levou a formação da maior aglomeração urbana do hemisfério sul, que apresenta uma dinâmica de megalópole. A criação de Regiões Metropolitana ao entorno da Região Metropolitana de São Paulo como as Regiões Metropolitanas da Baixada Santista, Campinas, Sorocaba, Vale do Paraíba e Litoral Norte e mais recentemente as Regiões Metropolitanas de Piracicaba e Jundiaí, significa uma gestão descentralizada dos problemas comuns entre os municípios que fazem parte desta grande área urbana.
Por que decidiu escrever este livro?
Este livro é fundamentado na minha dissertação de mestrado com o título “Jundiaí, um Impasse Regional – O Papel do Município de Jundiaí entre Duas Regiões Metropolitanas: Campinas e São Paulo”, defendida em 2008, no Departamento de Geografia, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP). Decidi desenvolver esta pesquisa quando ainda estava na graduação, no final da década de 1990 e início dos anos 2000, quando havia um debate na cidade, se Jundiaí formava uma região independente de Campinas e São Paulo. Considerei que a Geografia poderia contribuir para este debate, delimitando qual seria a sua área de influência e o resultado foi o mapeamento da rede urbana de Jundiaí, ao qual além de liderar e influenciar os nove municípios de sua própria região de governo (Jundiaí, Várzea Paulista, Campo Limpo Paulista, Jarinu, Itatiba, Morungaba, Louveira, Itupeva e Cabreúva), Jundiaí influência, em menor intensidade, os municípios de Vinhedo e Indaiatuba pertencentes a Região Metropolitana de Campinas, além dos municípios de Francisco Morato, Franco da Rocha, Caieiras e Cajamar pertencentes da Região Metropolitana de São Paulo, que agora foi publicada como livro.
Foi escrito para especialistas, professores ou para o público em geral?
Como livro acadêmico, ele é direcionado a diversas áreas como Geografia, História, Economia, Arquitetura e Urbanismo, Engenharias entre outras ciências que estudam as dinâmicas urbanas e regionais, mas também pode ser lido pelo público em geral, especialmente aqueles que gostam de estudar e conhecer um pouco mais sobre Jundiaí e região.
Onde pode ser comprado?
O livro físico pode ser adquirido pelo site da editora Dialética, na versão e-book pelo site e na loja virtual do Google Play.
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