A votação do requerimento 61/2025, de autoria de Quézia de Lucca, demonstrou que a vereadora está isolada na Câmara Municipal de Jundiaí. Na sessão da última terça-feira(5), ela pretendia obter informações da Prefeitura sobre critérios de medição, eficiência de triagem e destinação de resíduos no Geresol(Gerenciamento de Resíduos Sólidos). Foi criticada pelos colegas por insistir num tema que já foi explicado pela Prefeitura, por explorar o assunto nas redes sociais e desrespeitar a atual administração. A argumentação deles atingiu em cheio a gestão de Luiz Fernando Machado(PL), com quem a vereadora fará dobradinha para as eleições de 2026. Ele é pré-candidato a deputado federal. Ela tentará a Assembleia Legislativa de São Paulo. Essa não foi a primeira vez que Quézia apresentou requerimento sobre este assunto. Em julho, ela tentou ter acesso às informações do contrato do Geresol. Os dois requerimentos foram rejeitados. A parlamentar não teve apoio dos colegas de bancada. Dois vereadores do PL, partido de Quézia, foram contrários ao pedido dela durante os discursos. Os outros três não defenderam a colega e votaram contra também. O requerimento só teve os votos da própria Quézia e do vereador Henrique Parra Parra Filho(PSOL).
Quézia nunca foi uma unanimidade entre os demais vereadores, apesar dos 8.020 votos conseguidos nas eleições do ano passado, quando ficou em primeiro lugar na disputa por uma cadeira da Câmara. Ela teria sido – mesmo que indiretamente – um dos motivos para o ex-presidente da Câmara, Antônio Carlos Albino, ter deixado o PL. Albino teria ficado irritado com a falta de recursos para as eleições do ano passado. Ao contrário, a campanha de Quézia não teria sofrido com a falta de dinheiro, segundo pessoas ligadas ao ex-vereador, que indicam o presidente do partido, o ex-petista Adilson Rosa, como o responsável pelos repasses. O ponto alto da demonstração de antipatia pela parlamentar aconteceu no dia 1º de janeiro deste ano, durante a sessão que escolheu o novo presidente da Câmara Municipal. Quézia concorria ao cargo e acabou sendo derrotada por Edicarlos Vieira(União Brasil), candidato do prefeito Gustavo Martinelli. A parlamentar tinha como certo os seis votos da bancada do PL. Contudo, Madson Henrique, João Victor e Tiago da El Elion votaram em Edicarlos. Quézia os chamou de ‘traidores’. Adilson Rosa foi às redes sociais e prometeu medidas severas contra os parlamentares que não seguiram acordo firmado com o partido. Oficialmente, os três vereadores sequer foram repreendidos.
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Saraivada de críticas – “Trago novamente a mesma denúncia sobre a mal utilização de dinheiro público. Cobro explicações formais, técnicas e documentais da Prefeitura sobre a execução do contrato emergencial firmado com a empresa Converd para a operação no Geresol. Já foram pagos quase R$ 2 milhões em apenas três medições e as evidências que reunimos neste processo indicam que o serviço contratado não foi feito. O equipamento de triagem não estava em operação no início de junho de 2025. Este é um contrato de execução duvidosa, com condições incompatíveis com a realidade encontrada no local”, afirmou ela na tribuna.
Em seguida, o vereador Madson Henrique(PL), pediu a palavra. “Acho importante que tudo seja devidamente esclarecido. Votei favoravelmente ao outro requerimento da vereadora sobre o Geresol. Agora, apresentei um pedido de informações sobre este tema para que tenhamos parâmetros. O seu requerimento pede dados do começo deste ano até o final do mês. Eu peço dados de 2017 até o final do mês para que a gente possa fazer a comparação”, disse ele.
Quézia, dirigindo-se a Madson, respondeu. “O senhor pediu informações de 1 de janeiro de 2017 a 31 de julho. Só que a empresa Converd começou as atividades no Geresol no dia 3 de julho. É fiscalização retroativa? Isso pode, presidente?”, perguntou ela ao vereador Edicarlos Vieira(União Brasil), presidente da Casa. E continuou: “eu não sabia que podia”. O vereador(Madson) estava no governo anterior. Ele poderia ter feito esta fiscalização. É uma regra nova da Câmara?”, perguntou novamente. Neste momento, Madson disse que votaria contrariamente ao requerimento da colega de bancada.
Na sequência, o vereador Paulo Sérgio Martins(PSDB), afirmou que o tema Geresol já tinha sido conversado entre os parlamentares e a Prefeitura. “A gente percebe que este pedido está sendo usado para cortes(publicações nas redes sociais), já que você está em campanha para deputada. Quando apoiava a administração passada, você nunca fez um requerimento. Agora que é oposição vem com cortezinho para colocar na mídia. Sabe, isto enche o saco. Os problemas atuais do Geresol foram causados pela empresa contratada pela administração anterior. Salvo engano, ela recebia R$ 21 milhões. Já a empresa contratada pela atual gestão recebe R$ 11 milhões”, comentou.
Depois, Martins e Quézia foram para as redes sociais. Não é possível dizer quem fez a primeira postagem de ataque. O vereador publicou vídeo sobre o discurso direcionado à colega e perguntou aos seguidores o que acharam da fala que tinha feito. Ela divulgou outro vídeo informando que “na última sessão da Câmara, tentaram me desqualificar — não por discordarem das minhas ideias, mas por eu ser mulher e fazer oposição de verdade. É triste ver figuras como o delegado Paulo Sérgio Martins se prestando ao papel de proteger o prefeito e atacar quem fiscaliza. Isso enfraquece a democracia e ameaça a voz das mulheres na política. Mas eu não me calo. Não me curvo. Fui eleita para representar o povo, e é isso que vou continuar fazendo. A todas as mulheres que já foram silenciadas: minha voz é por vocês também”. Martins republicou outro vídeo, feito no primeiro semestre, quando ele e Quézia tiveram uma discussão acalorada. O título da publicação: “Postura: vereadora parte para cima de vereador para agredir e tem de ser contida”.
De volta ao plenário, após a votação na qual foi derrotada, Quézia afirmou que “hoje temos um governo amador para gerenciar Jundiaí. Quem sofre é a população na saúde, merenda, educação. Os senhores sabem o que eu estou falando”, comentou. Foi o suficiente para a vereadora receber uma saraivada de críticas.
Edicarlos, respondendo a Quézia, disse que a atual administração foi eleita democraticamente. “Se acham que o governo é amador, esperem quatro anos e votem em outros candidatos a prefeito. A vitória precisa ser no voto, nas urnas. É importante respeitar a gestão. Sou do mesmo partido do prefeito Gustavo Martinelli. A população está nos acompanhando”, comentou.
João Victor(PL) lembrou que na legislatura passada não era vereador. “Naquele período não vi o empenho da vereadora Quézia como está acontecendo agora, acompanhando as ações da atual administração. Quero cumprimentá-la. Ela deve continuar assim. Mas lamento já que não foi assim na legislatura anterior”, ironizou.
Madson disse que trabalhou ao lado de Luiz Fernando Machado e José Antônio Parimoschi(ambos do PL). “Esta é a cidade que escolhi viver. Trabalharei com Gustavo Martinelli”, enfatizou. Romildo Antônio(PSDB) pediu respeito. “O prefeito foi vereador três vezes. Ele foi presidente desta Casa e ganhou a eleição do ano passado para a Prefeitura. No mínimo devemos ter respeito pela eleição”, disse.
Juninho Adilson, líder do prefeito na Câmara, afirmou que a população estava cansada de ser enganada pelo marketing, referindo-se à gestãoLuizFernando. “Não é de agora que o Hospital São Vicente deixou de ter leitos, que falta água em bairros como Ivoturucaia. O prefeito fala sempre: o político que pensa na eleição, que pensa no amanhã, é fadado ao fracasso. E preciso pensar 20, 30 anos à frente e estruturar a cidade. Se formos comparar o primeiro ano do mandato do Luiz Fernando com o do Gustavo, o atual prefeito dá de 10 a zero. O prefeito anterior, no primeiro ano, nem o mato cortava. O ex-prefeito Pedro Bigardi deixou a Prefeitura com dívida de R$ 145 milhões. A dívida deixada pela gestão Luiz Fernando é de R$ 600 milhões. Fazendo a progressão, a dívida será de R$ 1 bilhão até 2028”, informou. Em 2017, a informação divulgada foi de que a administração Bigardi deixou dívida de R$ 70 milhões.
O vereador José Dias(Republicanos) disse que Gustavo Martinelli é uma pessoa simples e a primeira-dama, Ellen Camila, cuida das pessoas vulneráveis. “Por que não vou respeitar um governo assim? Um governo que me dá atenção especial”, enfatizou. Carla Basílio(PSD) lembrou que apoiou à candidatura de José Antônio Parimoschi na eleição passada. “Neste meu primeiro mandato tenho acompanhado o prefeito e o vice. Eles estão fazendo um excelente trabalho. Não tenho dúvida que a atual gestão fará a diferença”, concluiu.
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