Resgate, RESISTÊNCIA, resiliência…

resistência

Da aurora que esperamos é hora de acordar a Humanidade, a educação vem do berço até chegar no céu com diamantes. A iluminada metáfora, além de um toque de humor, traz um assunto que a falta de conhecimento faz persistir em discussões aleatórias de assuntos que não vão a lugar nenhum. Por exemplo, a feijoada que é um manjar dos deuses e como os “próprios” se autocriou, não foi inventada, portanto é divina e autêntica tanto quanto as orações das religiões de matriz africana. Vejam bem, a feijoada é feita de couro de porco, pé de porco, rabo de porco, gorduras (torresmo de toucinho), cartilagens das orelhas e tudo mais que era descartado do banquete da nobreza dos engenhos. Não entendo qual a necessidade de querer clarear a negritude do Brasil e viver eternamente da síndrome da Escrava Isaura. A negritude é resistência. Essa mensagem nobre diz que o nosso dom de convivência pacífica é mais que o estudo, é a verdadeira prática da generosidade. Manteiga e graxa de sapatos são pastosas, mas só a primeira se permite ao clareamento. A segunda tem que clarear tanto que ela se tornará incolor.

Vi no Jornal Hoje(JH) que o IBGE divulgou números de uma estatística sobre a situação do país, nesse momento de transição de governos. Não me surpreendeu em nada os dados da condição dos negros do Brasil. Continuamos sendo a maioria pobre, maioria de desempregados, maioria de assalariados e baixa renda, maioria de pouca escolaridade e os que mais morrem exterminados, ainda que pese o fato de sermos considerados “minorias”. Porém, nessa relação numérica somos as “maiorias” em todas as classificações.  Verdadeiro despropósito na demonstração monetária das coisas que movimentam a economia do maior país da América do Sul, tão rico em “produção e produtos” dos quais muitos outros países invejam. Não entendem tanto desperdício de oportunidades para a população que aparece, também, como a “maior” em quantidade de pretos, pardos, mulatos e mestiços, todos enquadrados no quesito negro.

Quando se é intenso assim seria inevitável brilhar. Mas acontece exatamente o contrário. Quando desvalorizam nossa espécie, essência e etnia e subestimam-nos nos status, estilos e estórias. A excelência preta vai ter que se superar, as pessoas e as prioridades mudam a cada dia. Qual é a cor do poder? 

Dados das realidades e as coisas das memórias provocam temas sensíveis e até de linguajar forte, com um desconforto selvagem que geram atos da mais inspiradora violência. Não somos natureza morta, a Consciência Negra nos cobra: –  Não vamos fazer nada? Mesmo que não se tenha nada a fazer de imediato, parados é que não vamos sair do lugar comum. O preconceito é muito forte e chegar longe é onde está a questão, o tempo está passando, temos que ambicioná-lo a conspirar a nosso favor.

Há metas, mas existem metáforas e metamorfoses também, teremos que exercitar a paciência com um padrão de interferência, com energia e essência, na história humana, para conseguirmos paz celestial e fugirmos do obituário cósmico. O tempo não tem pressa porque ele carrega a eternidade. O tempo demora quando só se espera, celebrar raízes é a única e verdadeira lição de orgulho.

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A sociedade brasileira é muito violenta e foi concentrada na divisão social e racial, disse Karnal. As pessoas não nascem racistas. Num país de regiões diversificadas, teremos que ter uma gestão de autoestima positiva. A nossa potência é muito maior que “pessoas de boa aparência” “código 4” e atualmente o tal do “inglês fluente”… Teremos que agir com mais inteligência e menos violência, para nós desviarmos das ciladas e dos tropeços na vida. Pois como falou o professor Hélio Santos ao terminar sua ilustre argumentação: “Longe de sermos o problema, somos a solução”.(Foto:  Clube 28 de Setembro)

LUIZ ALBERTO CARLOS

Natural de Jundiaí, é poeta e escritor. Contribui literariamente aos jornais e revistas locais. Possui livros publicados e é participante habitual das antologias poéticas da cidade.

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