Há uma revolução silenciosa acontecendo enquanto você lê este texto. Não vem das fábricas, nem das bolsas de valores. Vem dos algoritmos e da capacidade inédita de a Inteligência Artificial aprender, criar e decidir em escala global. O que antes parecia ficção científica agora movimenta trilhões de dólares e já está transformando profundamente a economia e o mercado de trabalho.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), cerca de 60% dos empregos nas economias avançadas e 40% no mundo serão impactados pela IA nos próximos anos. A palavra impacto, aqui, tem duplo sentido: pode significar aumento de produtividade ou substituição de pessoas. Nos Estados Unidos e na Europa, setores inteiros já estão sendo reconfigurados, da advocacia à publicidade, da programação à medicina diagnóstica.
Mas o fenômeno não é apenas de destruição. É também de criação. A consultoria PwC detectou que empresas intensivas em IA apresentam crescimento de produtividade cinco vezes superior às demais. Esse ganho não vem só de cortar custos, mas de redesenhar processos e produtos. É o equivalente moderno à introdução da eletricidade nas indústrias do século XIX: quem aprendeu a usá-la prosperou. Quem ignorou, desapareceu.
O impacto financeiro desta revolução é monumental. A International Data Corporation (IDC) estima que a IA adicionará US$ 19,9 trilhões à economia global até 2030. Esse montante equivale a somar o PIB atual da China e da União Europeia. É o novo ouro negro, mas, diferentemente do petróleo, a IA depende de cérebros e não de poços. Países e empresas que investirem em capacitação e infraestrutura digital colherão esses frutos; os outros ficarão para trás, isso inclui nós brasileiros.
Nosso país, neste cenário, corre um risco duplo. De um lado, a exposição direta da mão de obra é menor, apenas uma fração dos empregos depende de tarefas automatizáveis. De outro, a falta de investimento em educação tecnológica e requalificação pode fazer o país assistir à revolução de fora, como mero consumidor de soluções importadas, somos lentos e desfocados se comparados a quem queremos competir. O resultado, se continuarmos assim, será uma economia menos competitiva e um mercado de trabalho ainda mais desigual e restritivo.
O alerta da Organização das Nações Unidas (UNCTAD) é claro: a IA pode ampliar a desigualdade global, concentrando benefícios nas nações que dominam a tecnologia. É um jogo de vencedores e perdedores e as regras estão sendo escritas agora. A transição exige políticas públicas que incentivem a inovação sem negligenciar a proteção social. Treinar trabalhadores para conviver com a IA não é luxo; é questão de sobrevivência econômica. Em nosso caso vemos dezenas de iniciativas e pouca ação com resultado concreto contabilizável e que gere renda e recapacite a fora de trabalho efetivamente.
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Ao contrário do que muitos temem, a IA não vai acabar com o trabalho humano. Já escrevi isso anteriormente: ela mudará o que significa trabalhar. Tarefas repetitivas são automatizadas e continuarão a ser aceleradamente, mas criatividade, empatia e pensamento crítico continuarão sendo diferencial humano. A economia do futuro exigirá menos operários de rotina e mais estrategistas, designers, cuidadores e cientistas de dados. Temos competência como nação para isso virar realidade?
A revolução invisível já começou e ignorá-la é o erro mais caro que governos, empresas e cidadãos podem cometer. Assim como a eletricidade, a internet e o motor a combustão, a IA redefine não apenas indústrias, mas a própria lógica de valor. O desafio, agora, é garantir que esse poder não fique restrito a poucos e que a inteligência artificial sirva à humanidade, em última instância ao nosso país e não o contrário.(Foto: Pikist)

ARTUR MARQUES JR
É cientista de dados e especialista em IA aplicada, com sólida atuação em educação digital e inovação. Coordena a pós-graduação digital na Cruzeiro do Sul Educacional e é PhD em Ensino de Matemática, Mestre em Física Computacional e Astrofísica. Atua como palestrante, mentor, cofundador do Grape Valley, é VP Fiscal do Hosp. GRENDACC e já foi VP da DAMA Brasil.
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