A inteligência artificial (IA) deixou de ser uma promessa futurista para se tornar uma força motriz no mundo dos negócios. Empresas de todos os portes estão investindo pesado em soluções de IA para otimizar processos, aprimorar a tomada de decisões e criar oportunidades de mercado. No entanto, em meio a tanto entusiasmo, surge uma questão crucial: como medir o verdadeiro Retorno sobre o Investimento (ROI) da IA? A resposta, como revela uma análise aprofundada do setor, é muito mais complexa do que uma simples equação de custos versus lucros.
A avaliação do ROI da IA em projetos de software empresariais deve ser multidimensional, transcendendo as métricas tradicionais de desenvolvimento. É preciso considerar o impacto arquitetônico, a conformidade e mitigação de riscos, a habilitação de processos de negócio e os benefícios em nível de portfólio. Isso significa que, além de analisar a eficiência do código, devemos nos perguntar: a implementação da IA está fortalecendo nossa infraestrutura de TI? Estamos gerenciando os riscos regulatórios e de segurança? Nossos processos de negócio estão mais ágeis e eficazes? E como esse investimento se alinha com nossa estratégia de negócios de longo prazo?
Um dos maiores desafios na implementação da IA em grandes corporações é a integração com sistemas legados. Muitas empresas operam com tecnologias desenvolvidas há décadas, e fazer com que a IA converse com esses sistemas exige tempo, recursos e um planejamento cuidadoso. Além disso, a governança de dados se torna ainda mais crítica. É fundamental estabelecer políticas claras de privacidade, controle de acesso e trilhas de auditoria para garantir o uso ético e seguro dos dados.
Para maximizar o ROI da IA, as empresas precisam adotar uma abordagem estratégica e proativa. Isso começa com uma governança estruturada, que defina processos claros para a aprovação de investimentos, monitoramento de desempenho e gerenciamento de fornecedores. A mitigação de riscos também é essencial, o que inclui o desenvolvimento de estratégias com múltiplos fornecedores para evitar a dependência excessiva de uma única tecnologia e o investimento em treinamento para capacitar as equipes a lidar com as novas ferramentas.
O pensamento em nível de portfólio é outro fator-chave para o sucesso. Em vez de tratar cada projeto de IA como um silo isolado, as empresas devem buscar sinergias, compartilhando recursos e aprendizados entre as diferentes iniciativas. Essa visão holística permite que a organização construa um ecossistema de IA coeso e alinhado com seus objetivos estratégicos mais amplos.
Olhando para o futuro, as tendências indicam que os investimentos em IA gerarão retornos compostos ao longo do tempo. À medida que as empresas acumulam conhecimento, otimizam processos e desenvolvem novas capacidades, elas criam um ciclo virtuoso de inovação que pode gerar uma vantagem competitiva duradoura. Para embarcar nessa jornada de sucesso, a recomendação é adotar uma abordagem em fases: começar com projetos-piloto, envolver as partes interessadas desde o início e estabelecer uma infraestrutura de medição robusta para avaliar o progresso e ajustar a rota sempre que necessário.
Em suma, o ROI da IA não é um número estático, mas sim uma medida dinâmica do valor que a tecnologia agrega ao negócio em suas múltiplas dimensões. As empresas que compreenderem essa complexidade e adotarem uma abordagem estratégica e bem governada estarão mais bem posicionadas para colher os frutos da revolução da inteligência artificial e se destacarem em um mercado cada vez mais competitivo.
É preciso que sejam postos fontes com dados e números confiáveis e diretrizes diretas e práticas para CEO, CFO e CIO de empresas. Com certeza é necessário mostrar raciocínio também. Aqui está uma versão revisada e aprofundada do artigo, incorporando dados de fontes confiáveis e diretrizes práticas para a liderança executiva, conforme solicitado.
Do Hype ao ROI Comprovado – A inteligência artificial (IA) não é mais uma questão de “se”, mas de “quando e como”. Com 78% das organizações globais já utilizando alguma forma de IA em 2024, um salto significativo dos 55% no ano anterior, segundo o “AI Index Report 2025” da Universidade de Stanford, a corrida pela implementação está a todo vapor. A mesma pesquisa revela que 59% das empresas relatam aumento de receita e 42% registram redução de custos graças à IA. No Brasil, a “28ª CEO Survey” da PwC corrobora essa tendência, com 34% dos executivos já identificando crescimento de receita impulsionado pela IA generativa.
Contudo, o brilho dos números esconde uma realidade complexa. Um estudo da IBM apontou que o ROI médio para iniciativas de IA em toda a empresa pode ser de apenas 5,9%, um valor modesto que evidencia a lacuna entre investimento e retorno tangível. O sucesso, portanto, não reside em adotar a tecnologia por si só, mas em dominá-la estrategicamente. Para a liderança sênior, o desafio é transformar o potencial da IA em valor concreto e sustentável.
A avaliação do ROI da IA exige uma visão que transcenda as planilhas financeiras tradicionais. Deve-se analisar o impacto em quatro pilares: fortalecimento da arquitetura tecnológica, mitigação de riscos e conformidade regulatória, otimização de processos de negócio e criação de valor a longo prazo no portfólio da empresa. A ausência de uma medição padronizada para riscos e vieses em modelos de IA, um ponto destacado por Stanford, reforça a necessidade de uma governança interna rigorosa.
A jornada, no entanto, é repleta de obstáculos. A integração com sistemas legados, a governança sobre dados cada vez mais volumosos e a escassez de talentos qualificados — apontada como maior ameaça por 30% dos CEOs brasileiros na pesquisa da PwC — são barreiras reais. Superá-las exige um plano de ação claro e um alinhamento preciso entre a liderança executiva.
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O Caminho para o ROI da IA – Para navegar neste cenário, CEOs, CFOs e CIOs devem ter papéis definidos e interdependentes. Aqui estão algumas diretrizes diretas que proponho para cada um:
Para o CEO
- Defina a Visão, Não Apenas o Projeto: A IA deve ser um pilar da estratégia de negócio, não uma série de projetos isolados. Pergunte: “Como a IA nos ajudará a reinventar nosso modelo de negócio?”. Lembre-se, 45% dos CEOs brasileiros, segundo a PwC, acreditam que suas empresas não sobreviverão uma década sem reinvenção.
- Patrocine a Cultura de Dados: Fomente uma cultura organizacional que veja os dados como o ativo mais valioso da empresa. A melhor tecnologia de IA é inútil sem dados de alta qualidade. Promova a colaboração entre departamentos para quebrar silos de informação.
- Comunique o “Porquê”: Lidere a gestão da mudança. A automação pode gerar receio. Deixe claro para toda a organização como a IA será usada para aumentar as capacidades humanas, não para substituí-las. O Fórum Econômico Mundial prevê um saldo líquido positivo de 12 milhões de empregos criados pela IA até 2025.
Para o CFO
- Exija um Business Case Holístico: Não aprove investimentos baseados apenas em projeções de eficiência. O cálculo do ROI deve incluir o Custo Total de Propriedade (TCO), que engloba infraestrutura, treinamento, governança e custos de integração.
- Monitore Métricas de Valor, Não Apenas de Custo: Além da redução de custos operacionais (Opex), meça o impacto da IA em métricas de crescimento: aumento do Lifetime Value (LTV) do cliente, redução do Churn (taxa de cancelamento) e aceleração do time-to-market de novos produtos.
- Adote Modelos de Financiamento Flexíveis: A IA evolui rapidamente. Em vez de grandes investimentos iniciais (Capex), considere modelos de financiamento mais ágeis, como orçamentos por fases ou parcerias estratégicas, que permitam pivotar conforme a tecnologia e o mercado mudam.
Para o CIO/CTO
- Construa uma Base Sólida e Escalável: Priorize a modernização da infraestrutura de dados e a arquitetura de TI. Garanta que a plataforma tecnológica seja flexível o suficiente para integrar novas ferramentas de IA e escalar soluções piloto para toda a empresa.
- Lidere a Governança e a Segurança: Estabeleça frameworks robustos para a governança de dados, segurança cibernética e uso ético da IA. A conformidade com regulações como a LGPD é a linha de base, não o objetivo final.
- Invista em Talentos e Parcerias: Mapeie as lacunas de habilidades internas e crie um plano para capacitar sua equipe. Ao mesmo tempo, desenvolva um ecossistema de parceiros tecnológicos para acelerar a inovação e mitigar o risco de depender de um único fornecedor.
O verdadeiro ROI da inteligência artificial não será encontrado em relatórios trimestrais, mas na criação de uma organização mais inteligente, ágil e resiliente. Para os líderes que conseguirem orquestrar essa sinfonia entre estratégia, finanças e tecnologia, a recompensa será a liderança indiscutível na próxima década.

ARTUR MARQUES JR
É cientista de dados e especialista em IA aplicada, com sólida atuação em educação digital e inovação. Coordena a pós-graduação digital na Cruzeiro do Sul Educacional e é PhD em Ensino de Matemática, Mestre em Física Computacional e Astrofísica. Atua como palestrante, mentor, cofundador do Grape Valley, é VP Fiscal do Hosp. GRENDACC e já foi VP da DAMA Brasil.
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