RONI, o homem das injeções…

roni

Roni é uma pessoa incrível, de sorriso fácil, jeitão capiau que esconde a sapiência peculiar de quem cura desde garganta inflamada até coração partido, passando pelas dores da saudade, quando cita com importância particular. Histórias com os nossos queridos que já se foram, enquanto nos aplica uma injeção… a nos dizer, assim, que todas as dores, físicas ou emocionais, têm cura.

Mamãe era enfermeira, mas eximia-se do compromisso de aplicar injeções nos netos quando necessário, deixando para ele a cruel missão, transformando-o no vilão da primeira infância dos meus filhos.

Criados em época de pouco “mimimi”, quando a importância do convívio era muito maior do que os “blablablás” psicológicos  modernos, que limitam os pais, avós, tios e afins nos assuntos atinentes à educação, em casa, às  vezes era na base da advertência…(me julguem cientes de que tornaram-se adultos muito saudáveis, física e mentalmente).

Assim sendo, as injeções do Roni tinham poder de cura para falta de educação em geral e principalmente à mesa… “ah… não quer lavar as mãos antes de almoçar ou escovar os dentes depois?… o Roni tem uma injeção boa pra isso”.

Roni era nome de personagem de filme de terror.

Numa manhã, levando-os para a creche, com o rádio do carro sintonizado numa estação local, o locutor anunciou o falecimento, por acidente de trânsito, de um tal Roni Naoseidequê…

Pelo retrovisor, avistei três pares de olhinhos arregalados numa combinação de espanto e alegria.

Naquela mesma tarde, quando mamãe nos recebeu para o almoço, ainda no portão, antes mesmo de abraçá-la, um dos pequenos a encarou e, com as mãozinhas na cintura, todo seguro de si, disse:

– Vovó, sabe quem morreu? O Roni!

OUTROS TEXTOS DE ROSITA VERAS

MENINO E MENINAS

AS FRENÉTICAS, EU E O VENDEDOR DE COCO

AMIGOS

CARTEIRO JOAQUIM

E esse “Roni” foi silábica e enfaticamente proferido… afinal, para ele, era o comunicado oficial do trágico fim de seu vilão!

Como numa coreografia ensaiada, as meninas, uma de cada lado balançavam as cabecinhas afirmativamente.

A cena rendeu e rende muitos risos ainda hoje, quando Roni continua nosso cuidador mais que especial, amigo de todas as horas e o “vilão” ficou nas lembranças engraçadas de tempos muito bons!(Foto: Freepik)

ROSITA VERAS

É escritora, ghostwriter e articulistaRositaveras.blogspot.com

VEJA TAMBÉM

PUBLICIDADE LEGAL É NO JUNDIAÍ AGORA

ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES