A Rússia quer consolidar sua hegemonia. Para isso, junta os países que se dispõem a enfrentar a hegemonia dos Estados Unidos, a sede do capitalismo mundial. A reunião organizada pelo Kremlin é minuciosa, com todos os detalhes diplomáticos disponíveis para que a imprensa ocidental não faça uma cobertura com pouco jornalismo e muita crítica sobre essa ação de Moscou. Os aliados devem ajudar ao máximo a divulgação do encontro, por meio de sua máquina de propaganda(a todo vapor!) e buscar arestas na liderança americana, atribuindo a ela as dificuldades econômicas e financeiras que os convidados enfrentam no dia a dia. É um encontro político, com uma agenda previamente preparada pela Rússia, e os convidados poderão, no máximo, fazer algumas pequenas mudanças. Correções jamais.
Os dirigentes dos países convidados para a cúpula rezam pela cartilha de Moscou. Buscam soluções para seus problemas internos e veem na Rússia um gigante, com grandes reservas de minerais, entre eles petróleo, fertilizantes e carvão. As negociações podem ser feitas em rublos e não mais em dólar. A moeda americana é escassa nesses países, onde impera o câmbio negro, o tráfico financeiro e as flutuações que emergem de Nova York. Qualquer declaração que o mercado entenda que seja uma ameaça aos seus lucros, faz o dólar despencar ou sumir do mercado com o preço lá em cima. Há falta de dólar no cofre dos países aglutinados na Rússia, por isso um mercado que aceita as moedas locais pode facilitar o fluxo comercial, ainda que ele seja muito frágil em função da crise vivida pela Europa nos últimos dez anos. Não há escapatória: é concordar com as imposições do Kremlin, ou arcar com as represálias, que podem ser, inclusive, militares.
OUTROS ARTIGOS DE HERÓDOTO BARBEIRO
Os países ocidentais acusam os participantes da cúpula na Rússia de ditaduras. A democracia liberal está nos seus estertores, dizem os arautos do fim do capitalismo, como está no livro assinado por Vladimir Lênin, o líder da revolução comunista. A reunião tem como foco impedir a progressão do Plano Marshall da Europa Ocidental, destruída pela guerra, para os países que ficaram atrás da Cortina de Ferro, como os chamava Churchill. O ditador russo, Josef Stalin, está no auge do seu poder absolutista e é o centro do culto da personalidade. Em 1949, lidera a fundação do Comecon – Conselho de Assistência Econômica Mútua. É um absolutista que faz contínuos expurgos no Partido Comunista da União Soviética de acusados de conspirar contra a revolução proletária vitoriosa em 1917. O pacto dá mais projeção a Stalin, e seus crimes – com mortes de milhares de pessoas – são abafados pelos partidos comunistas ocidentais. Estes avaliam que isso é necessário para acabar com o sistema burguês e permitir que os povos universalmente possam viver o socialismo, etapa inicial para a implantação do comunismo e da ditadura do proletariado. Se o Comecon vai ou não atender às necessidades da Europa Oriental, destruída pela guerra provocada pelos nazistas, só o tempo vai dizer. Previsões há muitas. E conflitantes.
HERÓDOTO BARBEIRO
Heródoto Barbeiro é professor, âncora do Jornal Nova Brasil, colunista do R7, apresentou o Roda Viva na TV Cultura, Jornal da CBN e Podcast NEH. Tem livros nas áreas de Jornalismo, História. Midia Training e Budismo. Grande prêmio Ayrton Senna, Líbero Badaró, Unesco, APCA, Comunique-se. Mestre em História pela USP e inscrito na OAB. Canal no Youtube Por Dentro da Máquina, www.herodoto.com.br
VEJA TAMBÉM
PUBLICIDADE LEGAL É NO JUNDIAÍ AGORA
ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES