Não é novidade atribuir sabedoria à natureza. No entanto, de tanto que sabemos, a gente um pouco “dá por garantido” que algumas coisas aconteçam por que têm que acontecer, como as águas que correm das montanhas para os rios, o mar. No entanto, observar os ciclos da natureza, no mundo que nos cerca, é gratificante: nos faz sentirmo-nos parte pequenina dessa “roda” da vida, nos encantando pela harmonia e respeito ao tempo de cada coisa. Uma coisa por vez, na vez de cada um, mantendo-se todos integrados.
Vamos girar um pouco sobre esse tema. Nesse clima mais frio, pleno inverno, noites e madrugadas geladas, ansiamos para que o dia venha com céu aberto e sol, para nos esquentar. Muitas plantas sabem disso: são as chamadas decíduas, ou caducifólias, ou “caducas”, e nessa época perdem totalmente suas folhas, restando apenas ramos e tronco. Aí começa a magia: sem a cobertura das folhas os raios solares chegam em maior quantidade, já que pela inclinação da Terra nessa época, até mesmo eles vêm em menor intensidade.
Árvores decíduas são típicas do outono-inverno, repassando quase totalmente os raios solares para o solo, melhorando a sensação térmica. Elas são por exemplo o ipê(foto principal), do gênero Tabebuia, o mulungu (ao lado), do gênero Erythrina. Porém de “caduca” não têm nada, não: não se esquecem de trazer presentes deslumbrantes, as suas flores.
É a hora dos ipês se vestirem de rosa, amarelo, e como uma noiva, de branco, aquecendo qualquer coração; sob o céu azul, a beleza das flores vermelhas e rosas, em espículas, das Erythrinas é de encher os olhos!
Friagem, sereno, mudança de temperaturas de ambientes fechados para a rua deixam nosso corpo vulnerável às constipações, resfriados, tosse se aquele mal-estar. A natureza, prestimosa, também cuida de nossa saúde: agora é a safra dos cítricos, da laranja bahia, seleta, lima; mexericas variadas e santos limões, limas, todos verdadeiros bálsamos para fortalecer nosso corpo. Safra significa preço bom, qualidade e quantidade, ou seja, para todos.
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Saúde é coisa séria, e nossa natureza corre todas as bases: ela corre também para seu prato, reforçando saladas e refogados com doses extras de vitaminas e minerais. O tempo mais frio é propício para hortaliças como a couve manteiga, a couve crespa, ou “kale”, o brócolis, todos com folhas verde-escuras cheias de vitaminas K, que é anti-inflamatória, além de funcionarem como eficientes desintoxicantes do nosso organismo, tudo o que precisamos para obtermos maior resistência para dia a dia de baixas temperaturas, com ventos cortantes e repentinos.
Sábia natureza: segue sempre à frente, senhora generosa que não se cansa nem se deixa intimidar pelas intempéries ou tempo ruim, encontrando formas de espalhar suas dádivas na justa medida do tempo, de cada coisa.
ELIANA CORRÊA AGUIRRE DE MATTOS
Engenheira agrônoma e advogada, com mestrado e doutorado na área de análise ambiental e dinâmica territorial (IG – UNICAMP). Atuou na coordenação de curso superior de Gestão Ambiental, consultoria e certificação em Sistemas de Gestão da qualidade, ambiental e em normas de produção orgânica agrícola.
Foto principal: https://bit.ly/2NLluPl
