O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Jundiaí enfrenta um desafio sério que pode comprometer a eficiência dos atendimentos: o aumento expressivo do número de trotes. Em janeiro, a unidade registrou 183 chamadas falsas, uma média de seis por dia. Já em fevereiro, o número subiu para 295, um crescimento de pouco mais de 61% e que pode atrasar o socorro a quem realmente precisa.
De acordo com o coordenador médico do serviço, Marcelo Okamura, as ligações indevidas prejudicam a distribuição estratégica das ambulâncias e podem comprometer o socorro imediato a vítimas de acidentes, infartos e outras emergências graves. “Cada chamada falsa ocupa a linha, desvia recursos essenciais e pode atrasar o atendimento de quem realmente precisa, colocando vidas em risco”, alerta.
Apesar do grande número de chamadas indevidas, a equipe do SAMU é altamente capacitada para identificar trotes e minimizar seus impactos, evitando que esses episódios prejudiquem atendimentos reais. “A identificação é frequentemente feita pelo tom de voz, embora algumas características possam indicar se tratar de crianças, especialmente em período escolar. No caso de adultos, as contradições no relato são um indicativo importante. Nesse contexto, a regulação médica desempenha um papel essencial, avaliando a veracidade da urgência e, quando confirmada, determinando sua gravidade para garantir um atendimento ágil e adequado”.
Apesar das ações adotadas para driblar o trote, alguns casos são difíceis de detectar. “Percebemos que existem desafios no atendimento desde o primeiro contato com a regulação, o que também impacta essa triagem. Dessa forma, conseguimos reduzir um pouco o número de trotes, mas ainda assim não temos um dado exato. O número estimado já é alto e nos faz refletir sobre a importância de conscientizar a população sobre os impactos desse tipo de ação”, reforça Okamura.
Além de comprometer o tempo e os recursos da equipe, os trotes geram desperdício de dinheiro público, já que cada deslocamento desnecessário envolve combustível, manutenção das ambulâncias e mobilização de profissionais que poderiam estar atendendo ocorrências reais. Para evitar essas situações, o SAMU reforça a importância do uso consciente do serviço. Além disso, pais e responsáveis devem orientar crianças e adolescentes sobre a seriedade das ligações para números de emergência. A participação da comunidade no combate aos trotes é essencial para garantir que o atendimento continue sendo rápido e eficiente para quem realmente precisa. “Nosso compromisso é salvar vidas. Cada minuto faz diferença e os trotes colocam essa missão em risco”, finaliza o médico coordenador.
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