A chegada da pandemia da Covid-19 ao Brasil não trouxe só atenção de cada um de nós a esse vírus. Despertou geral a atenção para os cuidados que vínhamos tendo com nosso corpo no cotidiano; forma de alimentação, exercícios físicos, peso, colesterol… e as tais comorbidades, palavra que continua sendo tão usada desde então. Muitos não sabiam que já possuíam uma ou outra moléstia, que agia silenciosamente. E agora, indo para três anos de incertezas diante da persistência da Covid com suas mutações, variantes, e as vacinações contínuas, como estamos lidando com nossa saúde física e mental? Como ela está?
A saúde física depende e muito da saúde mental, e, sem dúvida, esta foi a mais abalada. Preocupações, incertezas, notícias de amigos e parentes doentes, mudança na rotina no trabalho, nos encontros sociais e principalmente no ambiente doméstico de cada um. Parentes com sequelas da Covid ou cuidando de uma doença descoberta justamente com o advento da Covid. Passamos a dividir mais as tarefas, reaprendemos a organizar o dia a dia e, sobretudo, cuidar mais da higiene. Toda adaptação exige trabalho e desafio mental. Mudar hábitos, principalmente maus hábitos, como o comodismo e negligenciar divisão de tarefas, requer a busca do equilíbrio mental, emocional. É aqui que constatamos o desafio, muitas pessoas não conseguem encontrar e manter esse equilíbrio. E o resultado disso continuamos lendo no noticiário diário, o aumento dos conflitos familiares e acidentes de trânsito. Mesmo após o fim do isolamento social de 2020, temos os reflexos, as consequências de empregos perdidos, negócios fechados e o lidar com a saúde física e mental das pessoas com as quais convivemos. Temos que lidar com nossos problemas. E com os problemas à nossa volta. De repente, acordamos para a realidade do quanto essa teia social nos segura. Sentíamos-nos à vontade, “desgarrados”. Até o momento que, ao precisarmos de um atendimento médico, um hospital, que pouco precisamos recorrer antes da pandemia, nos deparamos com leitos lotados ou falta de profissionais; afinal, muitos perderam a vida durante este período pandêmico. Se antes já reclamávamos da espera, o que dizer hoje?
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Esta reflexão vem mostrar o quanto é importante pensarmos coletivamente. O quanto enganoso é o pensar egoísta, só em si e os outros “que se virem”. As redes sociais na internet estimulam muito as chamadas “selfies”, o desejo de expor que estamos bem, com roupas novas, boa aparência física. Nisso ignoramos que para estarmos realmente bem, sem maquiagens, é preciso que o ambiente todo onde vivemos também esteja saudável. Se assim não for, estaremos usando boa parte do tempo para adornar, criar aparência. Insistiremos sempre, presos, à maquiagem dos problemas e não na solução deles. Isso resulta nos momentos de “descarrego”. As pessoas buscam momentos e locais para descarregar a insatisfação, aborrecimentos, o estresse. Aí ocorrem os conflitos em família e no trânsito. Acompanhando diariamente o noticiário, vemos que a situação psicológica da população, quase três anos depois da chegada da Covid, continua em ebulição. Faz-se necessária toda a atenção conosco, nosso equilíbrio psíquico, emocional para transmitirmos isto às pessoas de nosso convívio e com aqueles lá fora, com quem cruzamos pelas calçadas, na condução de veículos.(Ilustração: Wagner Sandrim)
GEORGE ANDRÉ SAVY
Técnico em Administração e Meio Ambiente, escritor, articulista e palestrante. Desenvolve atividades literárias e exposições sobre transporte coletivo, área que pesquisa desde o final da década de 70.
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