Início Especiais Adotados a força Duas semanas em Jundiaí e o ‘SE’ na cabeça o tempo todo

Duas semanas em Jundiaí e o ‘SE’ na cabeça o tempo todo

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25 de novembro de 2017

Lucas Olímpio Pereira voltou de surpresa. Passou as últimas duas semanas na casa da família biológica, em Jundiaí. E o ‘se’ não saiu da cabeça o tempo todo. Ele foi adotado por um casal italiano no início dos anos 90. “E se isto tudo nunca tivesse acontecido”, perguntou-se várias vezes nestes últimos 15 dias.

O depoimento de Lucas é emocionante: ” A palavra que mais abala a alma de um rapaz que foi adotado é o ‘se’. E se nunca tivesse acontecido? E se eu tivesse ficado no Brasil? Se eu tivesse vivido com os meus pais biológicos? E se? E se? E se… Na foto abaixo, os meus irmãos… Juntos! Eu ainda nem tinha nascido, mas não se tem fotos de todos nós irmãos juntos. E então eu coloquei o polegar aí, no espaço vazio da foto, como a dizer “vamos lá que eu também estava com vocês. Vamos fazer que nunca fui embora, vamos fazer que por um momento no tempo fomos uma família normal. Por mais amor que tenho pela minha família na Itália uma coisa devo confessar: sempre tive saudades dos meus irmãos. Sempre…”

O jovem já tinha estado no Brasil (veja links abaixo). “Desta vez me senti mais consciente, menos curioso e muito mais independente”, disse ele. Lucas passeou por Jundiaí e também visitou São Paulo.

Lucas fez uma grande surpresa para a família de Jundiaí. Partiu de Londres, na Inglaterra, rumo ao Brasil em segredo. “Escondi as emoções no avião para depois a ruptura na comoção quando são Paulo apareceu debaixo das nuvens. Em São Paulo peguei o ônibus para aquela que é minha casa, em Jundiaí. Fiz tudo sem errar nada. Foi lindo. Este sentimento de independência num lugar que me pertence biologicamente mas que não conheço. Ainda mais bonito?”, pergunta-se.

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Em Jundiaí, o rapaz confessa que saltou no pescoço dos tios e primos. “Eles ouviram a minha voz e o meu sotaque pedindo para abrir a porta. E ao abrirem, lá estava eu, com meu sorriso e minha mala”, relembra. Lucas foi até a casa de outros parentes, esteve no Jardim Botânico de Jundiaí, na Serra do Japi e também visitou por São Paulo. “O que mais gostei é o amor e o carinho de todo mundo. Todos querem estar comigo. Tem também a questão de estar em um país difícil sim, porém maravilhoso esteticamente”.

Lucas e a família biológica que mora em Jundiaí: novo reencontro cheio de surpresa com tios e primos.

Quando o dia de partir foi se aproximando, uma certa nostalgia tomou conta dele. “Os últimos três dias. Começo mentalmente a fazer a mala, a dar-me um relato da viagem mas por mais que eu goste de falar do Brasil, amo falar com os outros, falar do Brasil comigo mesmo o faço muito pouco. O resto das considerações a fazer vou deixá-lo para quando este segundo volume do meu regresso ao Brasil se tornar uma lembrança bem gravada para que eu vou colocar como assinatura a palavra obrigado”, conclui. Lucas voltou para a Europa ontem(24).

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