A droga do SÉCULO 21

século 21

O psicólogo espanhol Marc Masip afirma que o celular é a heroína do século 21. Em seus estudos ele informa que se você ficar ansioso ao imaginar um mundo sem Facebook, Instagram ou WhatsApp, é suficiente para perceber o grau de dependência de novas tecnologias. Pensemos no ocorrido em 4 de outubro, quando milhões de pessoas ficaram frustradas quando as três plataformas acima ficaram fora do ar por seis horas…

Foi um tipo de frustração que foi comparado com a síndrome de abstinência, vivenciada por quem abandona as drogas, o álcool ou o cigarro. Pode parecer uma comparação exagerada, mas o psicólogo espanhol Marc Masip a defende com unhas e dentes. “O celular é a heroína do século 21”, diz ele sem rodeios. Sua prática profissional consiste em oferecer tratamento em clínicas de desintoxicação para viciados em tecnologia.

Sua interpretação sobre o caso garante que a reabilitação para o celular pode se tornar ainda mais difícil do que a das drogas, “porque todo mundo já sabe que estas fazem mal, enquanto as novas tecnologias todos nós usamos sem saber o tamanho do dano que podem causar”, visto ter sido uma loucura ficar sem as redes de comunicação, no dia quatro de outubro, passado e, aí, a sociedade deu conta da importância que damos a elas. As pessoas enlouqueceram quando na realidade nada estava acontecendo, cada setor básico da sociedade (família, escola, indústria, aeroportos, bancos e demais) ficou perdido e inoperante.

De uma forma bem teórica, os vícios são todos vícios, não existe o pior ou ou menos devastador, o mais fácil de tratar e o mais complexo: não há muita diferença entre o vício em drogas e o vício em telefone celular. Existem, sim, diferenças: as drogas não podem ser bem usadas, enquanto o celular pode, o que gera uma leve vantagem. A impossibilidade do uso do WhatsApp ou do Facebook é suficiente para que nos sintamos  mal-estar, análogo à  síndrome de abstinência.

Pesquisas apontam para danos na saúde mental, por conta do abuso do telefone celular, mas os aprofundamentos estão demorando a se concretizar. Estudos apontam para cuidados clínicas de desintoxicação, porque este vício do século 21 pode levar a problemas de saúde mental graves e até físicos. Há fortes indicativos de desastrosos resultados no desempenho acadêmico dos jovens, muitos e dos mais variados acidentes de trânsito que podem levar ao pior, sem contar com as crises de ansiedade, estresse, frustração, transtornos alimentares desencadeados nos usuários das redes sociais, via aparelho celular.

Não podemos, no entanto, negar que o uso adequado do celular facilita e favorece sobremaneira a sociedade atual, em qualquer de seus setores e, em especial, aumenta o nível de conectividade da população mundial, mantendo grande número de pessoas numa relação direta, ainda que remota, com um número cada vez maior de adeptos e numa rede de contatos sempre mais volumosa; isso nos possibilita pensar que o mundo tecnológico estimula para que o futuro continue sendo muito mais tecnológico.

Ficamos assustados quando ouvimos que em países asiáticos já se celebra casamento de humanos com robôs ou que algumas civilizações já encaram com tranquilidade a relação entre humanos e sistemas operacionais. Porém, não nos assustamos ao verificarmos que os abraços se extinguirão e que a virtualidade será a tônica das gerações por vir (inclusive esta que está em crescimento e desenvolvimento).

Vale, sim reforçar que o real sempre vai superar o virtual: todas as invenções e invencionices são incapazes de dar o beijo que desejamos, o abraço que precisamos e o carinho que necessitamos. Talvez, ainda que de modo difuso, o resto de humanidade e humanismo que mantemos natos, mesmo que em estágio dormente, não conseguirão entender está dualidade que insistimos em conhecer pouco, em dar pouco sentido, em tatear sem aprofundar, por medo do desconhecido.

Enquanto existirem pessoas que se preocupem com nosso estilo de vida, com nossas estranhezas e esquisitices, haverá possibilidades de melhora da Humanidade. Já é um grande ganho. Em minha perspectiva, enquanto pesquisador dos Estados emocionais e Tecnologias, venho constatando que é inegável o avanço da tecnologia, que vem nos pressionando com velocidade e força total, mas também acredito que os humanos farão o mesmo, com igual intensidade e vigor. Acredito que executaremos a dança da vida, recuando um pequeno passo atrás, na tecnologia, para que consigamos dar outros à frente na humanidade.

Óbvio que podemos diagnosticar nosso grau de dependência à tecnologia, nem sempre é fácil. Basta que percebamos quantas vezes pegamos o celular e entramos para verificar notificações, curtidas, mensagens e iniciar o contato remoto. Como navegamos buscamos o que consumir (mesmo sem necessidade) e copiar-colar alguma postagem que nos faça sentido; ou ainda, contar nossos passos para bater nosso próprio recorde e postar para o cibermundo saber que temos um contador de passos e somos fitness. Estes são indícios de dependência ou vício.

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Nossa síndrome de abstinência se estabelecerá quando tentarmos nos privar de algum destes comportamentos e a ansiedade começa seu caminho crescente, deixando-nos irrequietos e desagradáveis. Transtornamo-nos e transformamo-nos, de modo a sentirmos a fissura natural do dependente de drogas. Estes exemplos básicos apontam para um processo auto-avaliador simples, eficiente e objetivo.

A tecnologia não é a vilã do século 21. Ela é tecnologia, criação do homem inteligente e moderno. Porém, seu uso, quando mal empregador, é desajustador de comportamentos e merece ser observado com zelo, visto que nossa saúde mental se ressente deste cuidado. Ser saudável passa por este cuidado muitas vezes negligenciado e zelar pelas emoções é gratificante e fortalecedor.(Foto: freedownload.ir)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport

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