É pouquíssimo importante, ou nada importante, discutir se Lula “ganhou” de Moro ou não em seu interrogatório. Primeiro, não se trata de um jogo e sim de um processo, em que ambos estão em posições muito diferentes. Segundo, um réu jamais “ganha” um interrogatório, porque a caneta continua sendo do juiz, a quem sempre caberá a última palavra e o verbo utilizado: absolver ou condenar. Pessoalmente, enquanto fui juiz criminal por longos dez anos, nunca me preocupei se o réu tinha sido muito ou pouco educado comigo; quem tive que condenar, condenei, fosse o réu polido ou grosso, um cavalheiro ou um rústico.
Muito mais importante, e grave, é ver que as provas contra Lula se avolumam em quantidade e qualidade. Não são passagens pontuais, citações ocasionais, mas sim a afirmação com todas as letras de que Lula – aquele que nem sabe da própria existência – é o chefe dos chefes de toda bandalheira que arruinou o país ou, como disse antes, nosso Al Capone tupiniquim.
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Renato Duque e João Santana não eram peças secundárias no esquema criminoso. Eram peças fundamentais, Duque na Petrobrás, João e Mônica Santana na arrecadação de fundos e desvio subsequente de milhões à época das campanhas de Lula e Dilma. Esta tinha com Mônica Santana um e-mail secreto, no estilo que terroristas usavam antes do advento da criptografia nas redes sociais, para combinarem todo tipo de ilegalidade sem maiores riscos, o que Mônica documentou quando foi avisada de sua prisão iminente pela própria Dilma – ou seja, não se trata só de delação oral, mas também DOCUMENTAL, aparentemente irretorquível.
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Duque também esclarece com todas as letras que nada era feito sem que Lula soubesse. Se a teoria do domínio do fato (isto é, quem está à frente de tudo presume-se saiba de tudo) já serviu para condenar o Oficial José Dirceu, o que se dirá do Comandante Lula e, agora, o poste eleito Dilma , que obstruiu a Justiça flagrantemente ao privilegiar informações à sua suposta marqueteira, mas na verdade membro da quadrilha que se dedicou com afinco à corrupção generalizada .
Há muito se diz e repete-se que é preciso passar o Brasil a limpo. Talvez esta seja a última oportunidade, limpando o país do mar de lama que atinge indiscriminadamente toda a classe política. As provas são robustas e os fatos estarrecedores. (foto acima: Ricardo Stuckert/Fotos Públicas)
CLÁUDIO ANTONIO SOARES LEVADA
Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo. Mestre/USP e Doutor/PUCSP em Direito Civil. Professor e Coordenador do Núcleo de Prática Jurídica do Unianchieta. Professor da Pós-Graduação da PUCSP em Direito Civil. Diretor Jurídico da Associação Paulista dos Magistrados.